A consolidação de uma economia de baixo carbono vem exigindo dos países a promoção de um conjunto de transformações na maneira como produzem e consomem a energia, substituindo fontes fósseis por fontes renováveis.
Esse cenário é conhecido como transição energética.
Neste contexto, os países com altos índices de emissões de carbono se vêem cada vez mais pressionados a cumprir uma agenda de transição para evoluírem na ampliação de suas matrizes energéticas, em busca de reverter ou desacelerar os efeitos negativos das mudanças climáticas.
Tão importante quanto as discussões acerca desse tema são as ações práticas de transição energética.
Para conhecer mais sobre essa ações, conversamos com Marcos Izumida, Diretor Executivo do Centro de Energia Sustentável da Fundação CERTI.
Transição energética: geração de energia mais sustentável
O termo transição energética vem ganhando espaço na indústria mundial.
Ele é adotado para expressar a mudança no conceito de geração de energia com base fóssil (muito presente em alguns países desenvolvidos, que exige a queima de combustíveis como petróleo e carvão) para uma base de geração de energia em fontes renováveis, tais como geração solar e eólica.
Hoje, Marco Izumida destaca que a transição energética é crucial para que o planeta reverta o processo de aquecimento global.
“É necessário reduzirmos as emissões causadas pela geração de energia com base fóssil, como carvão, petróleo e gás natural, para evitarmos um colapso na natureza nos próximos anos.”
O diretor da CERTI destaca que caso estes objetivos não sejam alcançados, o mundo sofrerá sérios problemas climáticos.
“O aquecimento global tende a intensificar os períodos secos e/ou chuvosos em determinadas áreas, as quais não são desejados, pois afetam setores de produção agropecuária com secas degradantes e queimadas e afetam outras atividades econômicas importantes em cidades que registram enchentes e furacões.”
Estratégias práticas para a transição energética
Segundo Izumida, a promoção da transição energética exige também a conscientização das pessoas em optarem por um uso consciente de energia.
“Isso passa pela opção de escolha de fontes de geração renováveis, mas também pelos processos de eficiência energética”, garante.
Dentre algumas ações mais específicas que podem ser aplicadas, a eletrificação dos transportes se destaca. Ela oferece a opção de veículos elétricos que podem ser carregados com energia proveniente de fontes de geração renovável de eletricidade.
Ainda nesta linha de eletrificação, Izumida cita o uso de dispositivos elétricos para processamento de comidas. “Essa é uma medida que evita o consumo de gases fósseis, substituindo-o por energia elétrica proveniente de geração renovável”.
O diretor executivo da Fundação CERTI salienta que a estratégia tem que se basear de forma ampla.
“Existem processos que são mais complicados, caros e difíceis de serem substituídos. Mas existem outros que são fáceis e acessíveis, e é por estes que temos que iniciar e engajar as pessoas a optarem por uma alternativa menos agressiva ao meio ambiente.”
Além dos processos de substituição, melhorar a eficiência é também imprescindível.
“Investimentos em eficiência energética são importantes, pois melhoram o uso de determinada quantidade de energia, aumentando a capacidade daquela parcela de energia em determinado processo”, destaca Izumida.
Por fim, processos de digitalização também são, segundo o diretor da Fundação CERTI, importantes estratégias para a promoção da transição energética.
“Esses processos evitam o consumo de energia em determinadas atividades, a automatização de processos, o uso menos intensivo de determinados materiais, embalagens e transportes também evitam o consumo excessivo de energia”, destaca.
Descarbonização: sinônimo de transição energética
Para especialistas, a descarbonização é quase um sinônimo para transição energética. “Ambas andam juntas nos processos evolutivos de redução de emissões”, ressalta Izumida.
Quando falamos de transição energética, falamos exatamente de descarbonização, pois estamos substituindo uma fonte de energia fóssil por uma fonte renovável.
A descarbonização pode também ter uma amplitude muito grande, quando pensamos que podemos substituir o consumo de energia fóssil por hidrogênio verde em grandes siderúrgicas, processadoras de cimento e fábricas de fertilizantes, por exemplo.
“O hidrogênio verde produzido a partir de fontes renováveis poderá no futuro substituir e descarbonizar todas estas grandes indústrias, basta que tenhamos incentivos e busca incessantes para melhorias e escalabilidade nos processos de geração do hidrogênio verde”, opina Izumida.
Fontes renováveis: protagonistas da transição energética
Para colocar a transição energética em prática devemos, necessariamente, pensar nas energias renováveis.
“É através das fontes renováveis que conseguiremos reverter os processos de aquecimento global e consequentemente evitarmos um colapso na atividade climática do planeta”, salienta Marcos Izumida.
Neste contexto, o Brasil é um país muito privilegiado de recursos naturais para geração renovável.
Temos altos índices de irradiação solar para geração solar fotovoltaica, além de regiões com regularidade de ventos ao longo de todo o ano, o que proporciona a instalação de grandes parques de geração eólica.
Mas o diretor executivo da Fundação CERTI faz um alerta:
“Apesar de já termos uma parcela bastante grande de geração hidrelétrica na nossa matriz energética, é necessário que também tenhamos uma maior diversidade de fontes. Isso porque os períodos de chuvas nem sempre são constantes, e essa diversidade é o que nos traz segurança energética por vários anos seguidos.”
É importante citar que o Brasil tem muitas outras opções de geração de energia limpa, além da energia eólica e solar. “Temos a biomassa, o biogás e no futuro poderemos contar com o hidrogênio verde para armazenamento e regulação dos fluxos de energia no nosso sistema”, comemora o especialista.
A autoprodução de energia também é uma possibilidade
A autoprodução de energia é mais uma ação prática para a transição energética.
Essa é uma estratégia que proporciona a substituição de fontes de energia fóssil em grandes centrais elétricas para uma geração local e renovável, baseada principalmente na geração solar fotovoltaica de fácil instalação, manutenção e atualmente gera uma quantidade muito grande de empregos nas cidades.
Este mercado cresce a cada ano, gerando empregos e proporcionando o aquecimento da economia em geral.
“Com a massificação e popularização da autoprodução, os ganhos de escala gradativamente vão passar a atingir maiores fatias do mercado chegando a consumidores que anteriormente não tinham possibilidade de adquirir”, destaca.
E, no fim do processo, o grande ponto de convergência é a transição energética sendo viabilizada através do processo de autoprodução de energia, de baixo custo e renovável.
Aproveite para entender o que é a transição energética e como ela pode impactar a indústria do plástico.