Em um cenário favorável, de forte demanda e alta produção, muitas indústrias acabam deixando de lado um dos princípios básicos da administração: o planejamento estratégico. Afinal, está tudo funcionando, certo? Errado.

Os ventos mudam e a concorrência fica mais acirrada. Por isso, o planejamento deve ser uma constante da gestão, de modo a permear a cultura da empresa e deixá-la pronta e competitiva para enfrentar períodos adversos.

Como começar o planejamento?

Antes de tudo, a empresa precisa entender como ela e seus produtos se posicionam no mercado e aonde quer chegar. Um dos métodos mais comuns para avaliar o segmento em que atua é chamado de “as 5 forças de Porter”, desenvolvido pelo economista Michael E. Porter no final da década de 1970.

Em resumo, estes são os 5 pontos a analisar:

Rivalidade entre concorrentes atuais: a forma de atuação das empresas que produzem e/ou vendem os mesmos produtos que a sua;

Ameaça da entrada de novos concorrentes: as condições de mercado que facilitam, ou não, o surgimento de novos players;

Poder de barganha dos compradores: capacidade de atender melhor os clientes disputados pelos concorrentes;

Poder de barganha dos fornecedores: poder de negociação com empresas que atendem os concorrentes;

Ameaça de substitutos: existência de produtos diferentes do seu, mas que suprem as mesmas necessidades dos clientes.

Metas para indústrias

Feito isso, é hora de estabelecer onde se quer chegar. “O primeiro passo é a liderança ter coerência na definição das diretrizes da empresa. Cada um dos objetivos propostos deve ter alinhamento com a Visão da empresa. Esta coerência faz com que os colaboradores entendam e se engajem para atingir o resultado esperado dentro dos projetos derivados destas diretrizes”, explica Aparecido Roberley Borghi, professor no curso de Engenharia de Produção do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).

A gestão por objetivos vem sendo utilizada por empresas de diferentes portes e áreas de atuação. Com isso, uma das metodologias que vem se popularizando é a SMART.

SMART, palavra em inglês que significa “inteligente”, é um acrônimo formado pelas iniciais de cada um dos conceitos que a compõem: Specific (especifico), Measurable (mensurável), Attainable (alcançável), Realistic (realistas), Relevant (relevantes) e Time Bound (temporal).

Em outras palavras, esta metodologia preconiza o estabelecimento de objetivos específicos, mensuráveis, atingíveis, realísticos e com um prazo determinado para atingi-los.

De acordo com Borghi, a construção de metas por meio do SMART requer um pequeno esforço da equipe, mas é perfeitamente possível de ser feita, iniciando pela preparação teórica e por exemplos de sua aplicação.

“Ou seja, selecionar o time que fará a identificação das metas e oferecer-lhe artigos científicos e livros. O líder deve separar este material, disponibilizar ao time, reunir-se periodicamente para alinhar o entendimento e, quando sentirem-se preparados, partir para a construção das metas principiais para a organização.”

Como alternativa à SMART, o professor cita a metodologia OKR (Objectives and Key Results, ou Objetivos e Resultados-Chave, em tradução livre), que vem se tornando conhecida graças à utilização por gigantes de tecnologia como Google, Facebook e Amazon.

Ele esclarece que o conceito tem como base a definição e comunicação de objetivos de forma colaborativa, o que mantém o foco na construção de contribuições mensuráveis e que auxiliam a empresa a progredir.

Resultados

Cabe dizer que tão importante quanto a definição das metas é a mensuração dos resultados de forma clara e disponível para toda a equipe. “Estudos mostram que quando os colaboradores são mensurados por meio de indicadores, eles tendem a ser mais eficazes na busca dos resultados”, diz Borghi.

Existem softwares que auxiliam nesta tarefa, mas seu custo pode ser alto para o orçamento de uma pequena empresa. No entanto, Borghi garante que há maneiras de se construir estes controles com recursos mais acessíveis como planilhas de Excel ou Power BI, ferramenta de Business Inteligence da Microsoft.

Para ilustrar, ele conta que formandos de Engenharia, Administração e Design do IMT apresentaram recentemente Trabalhos de Conclusão de Curso que utilizam estas ferramentas acessíveis para criar planos de ação com praticidade e oferecer dashboards (painéis que resumem métricas e indicadores por meio de informações visuais) para acompanhar os resultados.

Independentemente da metodologia e das ferramentas de suporte utilizadas para definição e acompanhamento das metas, as lideranças devem evitar um erro comum do planejamento estratégico: a multiplicidade de objetivos. Isto pode tirar o foco da equipe e diminuir as chances de alcançar o que de fato é crucial para a empresa.

Citando Peter Drucker, o “papa da administração moderna”, a quem é atribuída a criação da SMART, Borghi lembra uma frase lendária, mas atual até os dias de hoje: “Não há nada mais inútil do que fazer bem feito algo que não precisava ser feito”.

Como sua indústria faz para definir metas? E quais têm sido os resultados?

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