Começar uma linha de reciclagem de plástico no Brasil é não só necessário, como uma excelente oportunidade de negócio. Mesmo diante de grandes desafios, como a coleta de resíduos, que é um gargalo para o avanço da reciclagem, há boas possibilidades. Para que o negócio seja bem estruturado, é preciso pensar nas máquinas essenciais da linha de reciclagem de plástico.
Veja no post um pouco mais sobre elas!
A necessidade de uma linha de reciclagem de plástico
Já há alguns anos, a linha de reciclagem de plástico ganhou grande protagonismo. Não só o plástico, mas a reciclagem de maneira geral, que é considerada um importante setor da economia global. Pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgadas em 2012 apontavam que o PET era o segundo material mais reciclado no Brasil, ficando atrás apenas das latas de alumínio. Dados da Plastivida da mesma época apontaram que o faturamento total com reciclagem em nosso País foi de R$ 2.394 bilhões, 22,9% a mais em relação a 2010.
Em recente estudo encomendado pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (o PICPlast), realizado pela MaxiQuim, de 2019, os dados apontaram para o avanço da reciclagem pós-consumo no mercado brasileiro. O volume total de resíduos plásticos pós-consumo reciclados de forma mecânica foi de 757 mil toneladas em 2018, um aumento de 37% na quantidade de plástico reciclado se comparado com 2016.
Esse cruzamento de dados positivos aponta para a oportunidade de criar uma empresa com linha de reciclagem de plástico, que tem em sua estrutura principal uma linha de produção com necessidades específicas dessa indústria.
Máquinas essenciais para começar uma linha de reciclagem de plástico
As máquinas necessárias para colocar em funcionamento uma linha de reciclagem de plástico dependem muito do tipo de plástico a ser reciclado. No entanto, o conjunto básico deve contar com moinho, lavadora, tanque separador, secadora, aglutinador, extrusora e granulador, conforme elenca Fernando Tenório, analista da Unidade de Indústria do SEBRAE/AL.
Numa perspectiva de evolução de processos, equipamentos complementares podem ser acrescentados. “Esteiras com imãs, por exemplo, para retirar materiais metálicos do resíduo”, sugere.
Mas quanto custa começar uma linha de reciclagem de plástico? Diogo Reis, Analista Técnico do SEBRAE/MG, aponta que o investimento para começar uma linha de reciclagem de plástico “vai depender do dimensionamento da capacidade em Kg/hora. Os valores dos equipamentos variam em função da capacidade (variam desde de 60 kg/hora até mais 6000 kg/hora), nível de automação, consumo de energético. Como base estima-se investimento a partir de R$ 300.000,00, incluindo capital de giro”.
De forma resumida, o profissional explica que o plástico passa por 7 etapas, considerando as 7 máquinas essenciais para começar uma linha de reciclagem:
- Moído – O plástico assume o formato de flocos.
- Lavado – Retira-se as impurezas.
- Separado – Utiliza-se a densidade dos polímeros para diferenciá-los.
- Seco – para retirar a umidade.
- Aglutinado – Compacta-se para retirar ainda mais a umidade e facilitar a extrusão.
- Extrusado – Fundido e modelado em filamentos (espaguete).
- Granulado – Cortado em formato de grãos.
A seguir, Diogo explica a função das 7 máquinas essenciais para começar uma linha de reciclagem de plástico.
Moinho
Composta por lâminas fixas e rotativas, esta máquina corta e tritura o plástico e o transforma em flocos de aproximadamente 1 cm. Os moinhos podem ser de baixa, média e alta rotação dependendo do volume que se deseja processar, sendo mais comum o de baixa rotação. Mecanismos de resfriamento podem ser necessários em moinhos de alta rotação.
Lavadora
Equipamento em formato cilíndrico composto por um cesto com orifícios cuja função é injetar água no material moído e centrifugá-lo para que eventuais impurezas e sujidades (resíduos de poeira ou material orgânico) sejam retiradas e otimizem a fase seguinte.
Tanque separador
A função deste equipamento é separar os polímeros pela densidade, ou seja, cada tipo de plástico possui uma densidade específica medida em g/cm³ e vai flutuar ou decantar em função do líquido adicionado ao tanque, que pode ser água ou outra solução (como álcool ou sal). Em formato retangular este tanque possui palhetas que movimentam o material para a fase seguinte.
POLÍMEROS | DENSIDADE (g/cm³) |
---|---|
Poli(tereftalato de etileno) – PET | 1,29 – 1,40 |
Poli(etileno) de alta densidade – PEAD | 0,952 – 0,965 |
Poli(cloreto de vinila) – PVC (rígido) | 1,30 – 1,58 |
Poli(cloreto de vinila) – PVC (flexível) | 1,16 – 1,35 |
Poli(etileno) de baixa densidade – PEBD | 0,917 – 0,940 |
Polipropileno – PP | 0,900 – 0,910 |
Poliestireno – PS (sólido) | 1,04 – 1,05 |
Poliestireno – PS (espuma) | Menor que 1,00 |
Secadora
Equipamento em formato cilíndrico muito semelhante à lavadora, cuja função é retirar ao máximo a umidade adquirida na fase anterior. Isto só é possível devido às pás que espremem o material molhado. Alguns modelos também utilizam ventiladores e circulação de ar quente.
Aglutinador
Como o próprio nome diz, este equipamento compacta e pré-aquece o material, aglutinando-o para a fase seguinte. Isto ocorre devido à máquina dispor de lâminas giratórias em um eixo vertical central e lâminas fixas nas paredes que cisalham e aquecem o plástico pelo atrito. O resultado final são flocos com umidade e volume bastante reduzidos.
Extrusora
A função da extrusora é aquecer o material para que ocorra ao mesmo tempo a fusão e a modelagem do plástico. Isso se dá devido ao mecanismo de roscas sem fim com sulcos que transportam e também comprimem os polímeros contra o cilindro aquecido por resistência elétrica resultando em uma massa homogênea. Ao final do cilindro essa massa é forçada contra uma matriz com orifícios formando assim os filamentos (com aspecto semelhante ao espaguete), que são resfriados em líquido e enviados para a fase seguinte.
De forma mais simples, o material plástico livre de umidade é derretido e forçado à passagem por meio de um orifício na máquina. Então, é resfriado em um tanque com água e recomposto como um fio. “Como um macarrão de plástico”, compara Tenório.
Granulador
Na linguagem simples, transforma os fios de plástico da extrusora em grãos novamente (granulação de plástico). Como explica Diogo, por meio de controles muito sensíveis, este equipamento corta os filamentos plásticos visando obter uma granulometria uniforme. Os grãos serão utilizados como matéria-prima para novos produtos plásticos.
Além do maquinário para montar uma linha de reciclagem de plástico, a disposição dentro de um layout otimizado deve respeitar o processo produtivo. A primeira fase, por ter baixo nível de automação, necessita de um espaço maior que ofereça circulação aos colaboradores e facilite a separação manual dos materiais. Já na segunda fase, que é totalmente automatizada, o maquinário deve seguir a ordem de cada etapa do processo, facilitando a produção.