Um dos assuntos que mais têm se destacado ultimamente entre as empresas de praticamente todos os setores, incluindo a indústria do plástico, é a questão da sustentabilidade ambiental e da relação entre reciclagem e logística reversa.

Isso porque está cada vez mais forte a consciência de que os recursos do planeta são finitos e de que mudanças de gestão precisam ser efetuadas o quanto antes para garantir uma produção industrial mais sustentável nos próximos anos.

“Boa parte dos produtos desenvolvidos não é totalmente consumida, provocando uma significativa quantidade de resíduos”, ressalta Camila Santos, engenheira ambiental. É justamente neste cenário que a logística reversa ganha espaço no âmbito industrial.

A prática tem como objetivo principal o recolhimento e a reutilização de produtos e materiais que tiveram o seu ciclo produtivo encerrado, fazendo o processo inverso ao da logística tradicional, que tem como fundamento o fluxo da origem do produto para o seu ponto de consumo.

Dessa forma, a logística reversa constrói uma estreita relação com a reciclagem, ao facilitar o reaproveitamento dos materiais coletados e proporcionar o seu retorno aos diferentes centros produtivos em forma de matéria-prima.

Confira, a seguir, mais detalhes sobre esta importante relação.

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Qual a relação entre reciclagem e logística reversa?

A relação entre reciclagem e logística reversa é intrínseca e fundamental para a concretização da economia circular. A logística reversa é, na prática, o mecanismo que viabiliza a reciclagem, pois ela gerencia o fluxo de produtos e materiais descartados do ponto de consumo de volta ao início da cadeia produtiva, seja para reuso, remanufatura ou, crucialmente, para a reciclagem.

Sem um sistema eficiente de logística reversa, o material pós-consumo (como embalagens plásticas e refugos industriais) fica disperso, inviabilizando sua coleta e processamento em escala.

Esse processo não é apenas uma obrigação legal em muitos setores, mas uma estratégia essencial para a indústria do plástico. Ao garantir que os resíduos se tornem matéria-prima secundária, a logística reversa alimenta a reciclagem e, assim, minimiza a dependência de recursos virgens.

Isso resulta em uma redução significativa do impacto ambiental, pois diminui a quantidade de resíduos destinados a aterros, economiza energia e água, e atenua a extração de novas matérias-primas. Em resumo, a logística reversa é o motor operacional que move a matéria-prima usada para o processo de reciclagem, fechando o ciclo e fortalecendo o modelo de economia circular.

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Quais as vantagens da relação entre reciclagem e logística reversa?

Para Domingos Salvador, responsável pela cooperativa de reciclagem de Eldorado do Sul/RS, a relação entre a logística reversa e a reciclagem pode trazer diversos benefícios para o meio ambiente. “Os resíduos sólidos retornam para as empresas de origem, evitando, assim, a possível poluição ou contaminação de solos, rios, mares e florestas.

Além disso, o consumo de matéria-prima diminui e permite a economia circular nos processos produtivos das empresas, já que os resíduos entram novamente na cadeia produtiva”, explica.

Apesar disso, ainda não existe um sistema de responsabilidade compartilhada para que o destino dos resíduos sólidos seja adequado. Governos, empresas e consumidores precisam ser responsáveis pela coleta seletiva, a separação, o descarte e o destino dos resíduos sólidos (principalmente os recicláveis).

“Quando isso acontecer, de fato, as indústrias passarão a usar tecnologias mais limpas e até criarão embalagens e produtos que sejam mais facilmente reciclados para facilitar sua reutilização”, resume.

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Reciclagem e logística reversa de embalagens

Está em vigor, no entanto, desde novembro de 2015, o Acordo Setorial de Embalagens, no qual empresários do comércio e da indústria se responsabilizam em realizar projetos de logística reversa focados em dois pontos: o apoio a cooperativas de catadores de materiais recicláveis, como os oriundos do plástico, e a implementação de pontos de entrega voluntária de produtos pelos consumidores (PEVs).

A função de cada setor neste acordo ficou estabelecida da seguinte forma:

Agente Responsabilidades na Logística Reversa
Consumidores Devem devolver produtos pós-consumo que não são mais utilizados em pontos de coleta específicos, contribuindo para o retorno ao ciclo produtivo.
Comerciantes Responsáveis por disponibilizar locais adequados para a coleta dos produtos devolvidos, facilitando o processo de retorno e reciclagem.
Indústrias Devem organizar sistemas de logística para recolher, reciclar ou reutilizar os produtos devolvidos, muitas vezes em parceria com cooperativas de reciclagem.
Governo Cabe ao poder público promover campanhas de conscientização e educação ambiental, além de fiscalizar o cumprimento das etapas da logística reversa.

Para saber mais sobre a logística reversa de reciclagem, além de ficar por dentro de tudo o que acontece no setor de plásticos do Brasil e do mundo, continue acompanhando o Mundo do Plástico, o canal de conteúdo da feira Plástico Brasil.

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