A coleta de resíduos plásticos ainda é um gargalo para o avanço da reciclagem no Brasil, tanto que uma pesquisa realizada pela FIA (Fundação Instituto de Administração) para o Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico aponta que o índice de reciclagem no País está em torno de 26% do total do plástico consumido na produção nacional de embalagens. Em 2017, esse volume representou 550,4 mil toneladas. Diante disso, uma questão que envolve, em geral, a indústria do plástico é como incentivar a destinação correta dos materiais plásticos para a reciclagem?
“Entendemos que o principal motivo que impede a maior reciclabilidade dos materiais plásticos é a falta de educação das pessoas que ainda não separam o seu lixo, deixando de destiná-lo à reciclagem”, destaca Jaime Lorandi, presidente do Simplás (Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho).
Em função desse entendimento, há uma mobilização muito forte para levar o tema (descarte correto de resíduos sólidos) para dentro das escolas, já que é fundamental termos o fomento à cultura da reciclagem desde cedo na sociedade. “Existem outras medidas a serem tomadas ainda. Entretanto, para nós, do sindicato, neste momento, o mais importante é a educação, pois acreditamos que, assim, vamos acelerar a destinação correta e a implementação dos processos de reciclagem, de modo a evitar que um volume tão grande de material plástico pós-consumo vá parar no meio ambiente”, salienta Lorandi.
Mas como o aspecto educacional é uma medida com resultados ainda a longo prazo, outras ações com o intuito de conscientizar as pessoas sobre a importância de dar ao plástico o destino da reciclagem têm sido desenvolvidas em diversas cidades do país. “Temos a medida de punir o cidadão que destina os resíduos sólidos de forma errada, aplicando uma severa multa. Esse processo já existe em algumas cidades brasileiras e vem funcionando muito bem, pois apresenta resultados imediatos, mesmo que, no Brasil, a logística de separação não seja tão boa, com apenas 15% dos municípios realizando coleta seletiva”, comenta o presidente do Simplás.
Exemplo suíço
Entre as práticas de fomento à destinação correta do plástico para a reciclagem, Jaime Lorandi, presidente do Simplás, compartilha a experiência de um modelo aplicado na cidade de Genebra, na Suíça, onde os cidadãos têm a obrigação de separar os resíduos sólidos gerados: “a coleta começa em casa e se estende aos setores públicos e todos os locais em que se frequenta na cidade.”
O método aplicado na Suíça consiste numa separação bastante segmentada, no qual papéis e papelão são separados e amarrados com um cordão para evitar que se espalhem na rua; vidros são separados por cores e colocados em um contêiner específico para o tipo de material; garrafas pets de refrigerantes e sucos são amassadas para ocuparem menos espaço nos recipientes; plásticos derivados de produtos de limpeza são separados de garrafas pets de refrigerante, entre outras medidas.
Esse modelo já está arraigado na cultura da população do país, o que ainda não acontece no Brasil, conforme enfatiza o presidente do Simplás. “Nós, adultos, já temos o hábito de associar a palavra ‘lixo’a jogar fora, pois esse valor já está inserido em nossa educação. Por isso, o processo educacional se faz tão necessário, mesmo sem frutos imediatos, pois mudará a cultura da próxima geração, que poderá vir a ter uma consciência ambiental bem maior”, conclui.
A sua empresa está preocupada com a reciclagem do plástico? Tem adotado alguma política para incentivar o descarte correto do material? Compartilhe sua experiência no campo de comentários abaixo e até a próxima.