Logística reversa pode ser encarada como um diferencial competitivo para ganho de escala, fidelização de fornecedores e fechamento de ciclo para viabilidade de retorno e evitar reprocessos. A Lei Federal 12.305, de 2010, apresenta a Política Nacional dos Resíduos Sólidos que institui responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: fabricante, importador, distribuidor, comerciante, cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos.

A logística reversa na indústria de embalagens plásticas revela a complexidade do setor e o grau elevado de oportunidades para novos produtos, processos, relacionamentos e tantos outros pontos de inovação entre os elos dessa cadeia. Miguel Bahiense, presidente da Plastivida, enxerga que somente depois de promover a formalidade poderíamos propor à sociedade uma participação de forma mais arrojada.

Para ilustrar uma situação desse tipo, ele narra uma experiência pessoal. Em visita à Holanda na ocasião do aniversário da rainha, evento tradicional no país, uma grande festa concentrava barracas de cerveja. A primeira custava 3 Euros e, se você levasse o mesmo copo, a segunda sairia por 2 Euros. No final, se o copo fosse devolvido quando o consumidor decidisse parar de beber, mais 1 Euro era recuperado. É um cenário que envolve a sociedade e facilita a logística reversa daqueles copos, sem necessidade de catadores. O contraste com a realidade dos copos plásticos nas praias brasileiras, por exemplo, é grande, lembra Bahiense. Por outro lado, ele recapitula que nossa Política começou a ser discutida em 1992, para somente em 2010 ser sancionada e, em 2012, regulamentada.

Desde 2013, o Grupo Coalizão propôs um modelo de logística reversa para as cidades sede das Olimpíadas. A Plastivida integra esse grupo, que é multisetorial e multimaterial. “O objetivo da política nacional é ampliar a reciclagem no Brasil, mas é preciso diminuir os aterros não pela diminuição do consumo, mas pelo aumento da destinação à coleta seletiva”, completa Bahiense.

Para isso, é fundamental envolver os fabricantes de embalagens, os usuários de embalagens e o varejo. “Nossa proposta é educar o consumidor, para consumir e descartar adequadamente.” O presidente da Plastivida pondera que a logística reversa deve ser nacional e temos mais de 5 mil municípios no País, uma realidade estruturalmente muito diferente da Europa.

Já existe no Grupo Coalizão uma estrutura para aferir resultados, que tem mostrado a ampliação do número de cooperativas. O primeiro relatório do grupo nesse sentido deve ser emitido em breve. “Estamos comprometidos com a ampliação da quantidade de reciclados no País, mas só se houver uma ampliação das coletas seletivas das prefeituras. Se isso não acontecer, como vamos diminuir a quantidade de recicláveis em aterros sanitários?”, continua Bahiense.

Para a indústria fabricante de embalagens plásticas, Bahiense acha necessário que ela própria se veja como um ator envolvido nesse processo. Além das exigências da nova legislação, o incentivo para isso é garantir o próprio futuro do negócio. “O lixo é um problema muito grande para um só um elo da sociedade resolver”, diz. Dentro dessa ideia de mudança de paradigma, Bahiense resume: “Qualquer produto bem utilizado faz bem ao meio ambiente.”

A logística reversa das embalagens plásticas