Flexibilidade, leveza, transparência, impermeabilidade, baixo custo e, dependendo da aplicação, reciclabilidade. Estes são alguns dos atributos que fazem do plástico a matéria-prima preferida por indústrias dos mais diferentes segmentos. Um deles, em especial, é de produtos médico-hospitalares.
Entre eles estão aqueles de uso único para evitar contaminação:
- Seringas
- Cateteres
- Suturas
- Curativos
- Luvas
- Tubos e recipientes de coleta
E outros que apresentam longa vida útil:
- Próteses
- Implantes
- Equipamentos médicos
- Pisos
No meio de um extremo e outro, encontram-se os de durabilidade intermediária:
- Trajes
- Armazenadores
- Bandejas
- Lixeiras
Cuidados com o plástico médico
Como se vê, a importância dos plásticos na área da saúde é bastante extensa e variada. Embora não existam estatísticas nacionais sobre quanto o setor médico-hospitalar representa no consumo dos transformados plásticos, estima-se que 2% a 3% do volume total produzido seja destinado ao campo da medicina. Por outro lado, 50% dos itens utilizados por hospitais, clínicas e laboratórios são feitos de plástico.
Em razão de suas características e aplicações, o uso de produtos de plástico na área da saúde impõe cuidados no processo de transformação.
“Além de desempenho mecânico adequado, os requisitos para essas aplicações são extremamente rigorosos no que diz respeito à limpeza, toxicidade e inércia química”, assinala Alexandre Farhan, técnico em plásticos pelo Senai-SP e Diretor Executivo da Escola LF, em artigo publicado na revista Plástico Moderno.
“Neste momento é primordial a atuação da engenharia, com investimentos em inovações capazes de aumentar a vida útil do produto e reduzir drasticamente a quantidade de resíduos.”
O especialista aponta que um dos principais motivos de falhas em polímeros aplicados no segmento médico-hospitalar está na baixa resistência a solventes utilizados no processo de esterilização.
A ação destes solventes pode danificar a estrutura da resina e outros compostos, e provocar fissuras e trincas que não só colocam em risco profissionais e pacientes, como também podem causar acúmulo de contaminantes.
Outro desafio para a engenharia está no desenvolvimento de polímeros resistentes à operação das autoclaves, processo de esterilização mais convencional e que consiste “em um método seguro de ciclos pré-programados a temperaturas entre 120°C e 148°C e controle do tempo, em que o vapor d’água e a alta pressão na câmara eliminam matéria nociva”, explica Farhan.
Dentre os polímeros resistentes à autoclave, ele cita, entre outros, a polisulfona (PSU), a polifenilsulfona (PPSU), e poli(éter-éter-cetona), o PEEK.
Normas de biossegurança
Em razão dos rígidos aspectos de biossegurança envolvidos, tanto o uso como o descarte do plástico na área de saúde são regulamentados por diferentes órgãos.
O principal deles é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), autarquia que tem por finalidade promover a proteção da saúde da população por meio do controle sanitário da produção e consumo de produtos e serviços.
Conheça algumas destas regulamentações:
Resoluções RDC 3/2011, RDC 4/2011 e RDC 5/2011: Estabelecem os requisitos mínimos de identidade e de qualidade para as agulhas, seringas e itens de uso único feitos de material plástico e destinados à aspiração ou injeção de fluidos.
Resolução 216 9/2004: Orienta sobre o uso de embalagens plásticas em estabelecimentos alimentícios, inclusive o setor de nutrição dos hospitais.
Resolução 105 5/1999: Também trata da fabricação de embalagens plásticas que terão contato com alimentos.
Resolução 222 3/2018: Dedica-se ao gerenciamento dos resíduos médico-hospitalares armazenados em recipientes plásticos, como coletores e lixeiras.
Resolução 304 9/2019: Trata das boas práticas de distribuição, armazenagem e transporte de medicamentos, como seu posicionamento em paletes de material que permita a limpeza e não constitua fonte de contaminação.
E a reciclagem?
Embora prevaleçam os cuidados com o descarte seguro de produtos de plástico usados pela área médico-hospitalar, há uma grande quantidade deles que pode, sim, ser reciclada. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 85% dos resíduos hospitalares não apresentam risco de transmissão de doenças.
Antes de tudo, hospitais, clínicas, laboratórios e demais estabelecimentos de saúde devem elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde (PGRSS) com base na Resolução Anvisa RDC 222/18 e na Resolução Conama 358/2005, além da legislação específica de cada Unidade da Federação.
O objetivo do PGRSS é justamente possibilitar a identificação dos produtos descartados de acordo com seu grau de risco à saúde da população para que se possa criar uma gestão de resíduos que preveja não apenas o descarte seguro, mas também a reutilização, recuperação e reciclagem daqueles que podem ser reaproveitados.
Sua indústria trabalha com compostos e produtos de plástico para a área de saúde? Quais têm sido os principais desafios?