Surgidas de forma mais significativa a partir dos anos 1990 e 2000, as cleantechs e greentechs nasceram num contexto de crescente movimento global de conscientização ambiental e popularização e globalização das startups.

Inovadoras, tinham já naquela época, e têm até hoje, o objetivo promover a sustentabilidade, mitigar os impactos ambientais negativos e gerar valor econômico por meio de novas tecnologias.

“As terminologias cleantech (tecnologia limpa) e greentech (tecnologia verde), no contexto da inovação e sustentabilidade, estão associadas a tecnologias que visam a melhorar o mundo através da sustentabilidade ambiental, sendo muitas delas originadas e desenvolvidas por startups”, define Henrique de Oliveira Brito, proprietário da Bristein Consultoria, empresa que presta serviços de suporte técnico e comercial ao desenvolvimento de matérias-primas sustentáveis ​​e produtos de alto desempenho. 

Diferenças entre startups

Ele explica que, embora essas terminologias frequentemente têm sido usadas quase como sinônimos, há pequenas diferenças entre elas:

Cleantechs

Normalmente se referem a tecnologias inovadoras de grande escala e que exigem mudanças estruturais significativas na sociedade.

“Elas têm por objetivo principal mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas, diminuir as emissões de gases de efeito estufa e conservar recursos naturais por meio de inovações em eficiência energética, energia renovável e otimização de recursos.”

Como exemplos, Brito cita cleantechs de energia solar, energia eólica, sistemas avançados de armazenamento de energia, veículos elétricos, hidrogênio verde e tecnologias de captura de carbono.

Greentechs

Referem-se a tecnologias voltadas à promoção da sustentabilidade ambiental e à redução dos impactos ambientais negativos.

“Estão mais focadas em soluções para práticas diárias e operações empresariais, apoiando a transição para uma economia de baixo carbono.”

Os exemplos incluem soluções em agricultura sustentável, biotecnologia, construção sustentável, gestão de resíduos, soluções de ecodesign e economia circular, matérias-primas sustentáveis e otimização de processos industriais.

Vale lembrar que algumas greentechs utilizam tecnologias de cleantechs para a construção de suas soluções.

Quem contrata?

Segundo Brito, que é graduado em Química Industrial, com MBA em ESG e especialização em Gestão da Inovação, Gestão Empresarial e Engenharia da Qualidade, empresas de quase todos os setores da economia, públicas ou privadas e de diferentes portes, recorrem a cleantechs e greentechs.

Entre as razões que levam à contratação dos serviços estão a necessidade de atendimento a regulatórios e requisitos do mercado em que essas empresas atuam, as pautas ambientais da agenda ESG e sustentabilidade, a busca por maior competitividade e vantagem competitiva, e a obtenção de fontes de financiamento e incentivos fiscais.

O proprietário da Bristein Consultoria orienta que, na hora de contratar uma cleantech ou greentech, os gestores devem, em primeiro lugar, adotar os cuidados usuais para qualquer tipo de fornecedor: definição clara do escopo da contratação e suas entregas, orçamento detalhado, preços e prazos de entrega, assistência técnica, competência e reputação do fornecedor.

Adicionalmente, no caso das cleantechs e greentechs alguns aspectos devem ser avaliados de forma mais detalhada, tendo em vista a natureza inovadora e perfil de startup de muitos desses fornecedores.

“Como exemplo, cito o nível de maturidade tecnológica e eficácia da solução ofertada e a experiência, capacidade de execução, capacidade de entrega, saúde financeira, estrutura de suporte e situação legal do fornecedor”, acrescenta.

Aplicações

Conheça algumas aplicações das soluções oferecidas por cleantechs e greentechs:

Setor de energia: Geração de energias limpas e renováveis, tais como eólica, solar, a partir do biogás e outras;

Transporte e logística: Substituição de combustíveis fósseis por alternativas mais limpas, como etanol, biodiesel, biometano, veículos elétricos ou híbridos e hidrogênio verde;

Indústria de transformação: Descarbonização das operações por meio de energias limpas, utilização de matérias-primas sustentáveis, renováveis, biodegradáveis, mais seguras e da economia circular, otimização de processos industriais e outras;

Agricultura e agroindústria: Agricultura regenerativa, agricultura de precisão, biofertilizantes, sensoreamento, georreferenciamento;

Construção civil: Construção de moradias verdes e inteligentes, com utilização de materiais sustentáveis, reciclados e de baixo impacto ambiental, Internet das Coisas (IoT), energia solar, isolamento térmico, ventilação e iluminação naturais, reuso de água da chuva.

Startups e futuro sustentável

“As cleantechs e greentechs têm sido fundamentais e indispensáveis na construção de um mundo atual e de um futuro mais sustentável, mas ainda há muito desafios a vencer”, avalia Brito.

Entre esses desafios, ele elenca:

  • Dificuldades tecnológicas ou de deficiência de estrutura para a implementação de algumas tecnologias;
  • Baixa escalabilidade e competitividade de custos, quando comparadas com tecnologias tradicionais;
  • Necessidade de elevados níveis de investimentos para atender a demanda por soluções;
  • Resistência cultural e baixa percepção de valor de empresas e pessoas para novas tecnologias;
  • Necessidade de adaptações nos processos existentes para a adoção de algumas soluções; e
  • Burocracias e incertezas regulatórias.

Agora que você sabe a diferença entre cleantechs e greentechs, saiba como investir na sustentabilidade para evitar o greenwashing.