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Conheça quem são e o que fazem os agentes da economia circular

Article-Conheça quem são e o que fazem os agentes da economia circular

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Catadores, recicladores e gestores formam uma complexa cadeia que colabora para o meio ambiente e a geração de renda

Essencial no processo de economia circular, a reciclagem consiste na transformação de materiais que já foram utilizados e descartados em novos materiais ou matérias-primas.

Além do benefício mais evidente – reduzir a poluição provocada pela disposição inadequada de resíduos na Natureza –, esta atividade contribui para a diminuição de extração de matérias-primas (muitas delas de fontes não renováveis), economiza água e energia dos processos produtivos e gera renda para uma complexa cadeia.

A reciclagem começa com o descarte correto dos resíduos sólidos pelos consumidores e empresas.

Este material é recolhido por catadores, informais ou ligados a cooperativas ou associações, onde é feita a triagem e posterior encaminhamento às recicladoras.

Após o processamento, o resíduo retorna à indústria de transformação como matéria-prima.

Economia Circular: conheça a cadeia

A cadeia de reciclagem é composta por diversos agentes, cada um desempenhando um papel fundamental no processo. Sérgio Finger, cofundador e CEO da Trashin, descreve o papel de cada um deles:

Catadores de materiais recicláveis

São geralmente trabalhadores informais que coletam resíduos recicláveis diretamente das ruas, aterros sanitários ou lixões. São essenciais para a coleta e segregação inicial dos materiais recicláveis.

Em muitos casos, os catadores são organizados em cooperativas, que proporcionam uma estrutura mais formalizada para a triagem e o processamento inicial dos resíduos coletados.

“As cooperativas desempenham um papel crucial na cadeia de reciclagem, pois elas não só ajudam na triagem, mas também contribuem para a geração de renda e a melhoria das condições de trabalho dos catadores”, diz Finger.

Segundo a Associação Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (ANCAT), 9 em cada 10 quilos de embalagens recicladas chegam à indústria de reciclagem por meio do trabalho dos catadores.

Recicladores

Empresas ou instalações que transformam os resíduos segregados em novos produtos ou materiais. Fundamentais na transformação de resíduos em recursos, ajudando a completar o ciclo de vida dos materiais recicláveis. 

Gestores de resíduos

Operam em um nível mais estratégico, coordenando as atividades de coleta, segregação e reciclagem. Garantem que os resíduos sejam coletados, segregados e reciclados de maneira eficiente e sustentável, muitas vezes utilizando tecnologias avançadas para otimizar esses processos.

Além disso, conectam as cooperativas de reciclagem aos agentes interessados nos materiais recicláveis.

Esses gestores, como é o caso da Trashin, atuam em diversos níveis, desde a coleta local até a gestão em larga escala, e desempenham um papel importante na garantia de que os resíduos sejam tratados de maneira profissional, precisa e ambientalmente responsável.

Atlas da Reciclagem

De acordo com o Atlas Brasileiro da Reciclagem elaborado pela ANCAT, foram identificadas 2.018 associações e cooperativas de catadores de materiais reciclados em funcionamento no Brasil.

Destas, 82% (1.464) estão legalmente formalizadas e respondem por mais de 65 mil postos de trabalho.

A Atlas traz também o perfil socioeconômico dos catadores:

  • 74% dos associados em cooperativas têm escolaridade até o ensino fundamental completo, 24% concluíram o ensino fundamental e 2%, o ensino superior;
  • 79% se declaram negros e pardos, e apenas 1% são indígenas.
  • As mulheres constituem 56% do total de catadores e são 61% das diretorias destas organizações;
  • 64% têm acima de 40 anos e 15%, acima de 60 anos;
  • A produtividade média por catador em 2022 foi de 0,95 toneladas/trabalhador/mês; no caso dos associados/cooperados, a média sobe para 2,2 toneladas em organizações que possuem os equipamentos básicos e para 1 tonelada nas que atuam sem os equipamentos básicos.
  • Ainda em 2022, a remuneração média dos catadores associados/cooperados foi de R$1.478,82 (22% acima do salário-mínimo vigente no Brasil à época).

“Os catadores, muitas vezes, encontram-se na base da pirâmide social. Eles geralmente trabalham em condições precárias e enfrentam vários desafios, como falta de reconhecimento formal e segurança no trabalho. As cooperativas, embora forneçam uma certa medida de estabilidade e organização, ainda lutam com desafios semelhantes”, comenta Finger.

Por outro lado, os recicladores e gestores de resíduos, que incluem empresas privadas e iniciativas públicas, operam em um nível mais estável e estruturado.

Riscos da atividade

Finger explica que os riscos associados à atividade de reciclagem variam de acordo com o papel desempenhado na cadeia.

“Via de regra, quando na informalidade, os catadores estão frequentemente expostos a condições de trabalho insalubres e perigosas, com pouca ou nenhuma proteção ou equipamento de segurança.”

Estes riscos incluem exposição a materiais perigosos, condições de trabalho insalubres e falta de acesso a direitos trabalhistas básicos (seguro de saúde, férias remuneradas, pensão).

“Nas cooperativas, embora haja mais organização e algumas medidas de segurança, os riscos de saúde e segurança ainda são existentes. Mas já é perceptível uma busca por melhorias nessas lacunas”, constata o CEO da Trashin.

Já para os recicladores e gestores, os desafios são de ordem operacional e de conformidade, para garantir que os processos de reciclagem estejam em conformidade com as normas ambientais e de segurança.

Cleantechs

A expansão e o desenvolvimento da cadeia de reciclagem impulsionaram a expansão de um novo perfil de gestores de resíduos, as cleantechs.

Trata-se de empresas que têm seu modelo de negócio orientado para produtos ou serviços com impacto ambiental positivo; o diferencial é o emprego da tecnologia – daí o nome clean technology, ou tecnologia limpa, em português.

Estudo feito em 2021 pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups) mostrou a relevância que a atividade vem conquistando.

Naquele ano, havia 102 cleantechs ativas no Brasil, sendo que 39% atuavam no segmento de ar e meio ambiente (26,5% em energia limpa e 19,6% em soluções de eficiência).

“Cleantechs como a Trashin são pioneiras na introdução de inovações tecnológicas e modelos de negócios sustentáveis que transformam a gestão de resíduos e a reciclagem. Estas empresas focam na criação de soluções eficientes e ambientalmente responsáveis que podem otimizar a coleta, segregação e processamento de resíduos”, descreve Finger.

Segundo ele, cleantechs também atuam na conscientização e educação do público e das empresas sobre práticas sustentáveis de gestão de resíduos, por meio de programas de capacitação e treinamento para profissionais envolvidos em todos os níveis da cadeia de reciclagem, desde catadores até gestores de resíduos.

Outra atuação importante é na colaboração com o poder público na formulação de políticas que incentivem a reciclagem e a gestão sustentável de resíduos, a criação de um ambiente regulatório mais favorável para a economia circular e o desenvolvimento de soluções de reciclagem em larga escala.

“O papel das cleantechs na cadeia de reciclagem é vital não apenas em termos de inovação tecnológica, mas também na transformação do setor de resíduos para um modelo mais sustentável, eficiente e inclusivo.”

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