Reconhecido pela durabilidade, transparência e resistência, polímero PETG vem ganhando espaço na impressão 3D.
PETG é a sigla de polietileno tereftalato de etileno glicol, um termoplástico derivado do famoso PET (polietileno tereftalato).
O que diferencia um polímero do outro é a adição de glicol (o “G” da sigla), normalmente ciclohexanodimetanol, durante o processo de polimerização
Como o PETG é produzido?
“A adição do segundo glicol interrompe a estrutura regular do PET, evitando a formação de regiões cristalinas. Como resultado, o PETG normalmente tem uma cristalinidade de 0% ou de nível baixíssimo, ou seja, amorfo”, explica Baltus Cornelius, professor de Engenharia de Materiais da FEI (Fundação Educacional Inaciana).
“O PET, dependendo das condições de processamento, pode ser tanto amorfo como semicristalino com grau de cristalinidade até 40%”.
Essa baixa cristalinidade confere ao PETG suas principais características: transparência, flexibilidade, resistência ao impacto e facilidade de transformação. Porém, apresenta menor resistência química e térmica em relação ao PET.
Como é transformado?
Segundo Baltus, o PETG pode ser transformado utilizando-se os processos mais comuns da indústria – injeção, extrusão e termoformagem – dependendo da sua aplicação.
Veja as diferenças:
Injeção: fabricação de peças complexas e detalhadas, como embalagens e componentes industriais. O polímero é aquecido entre 220°C a 270°C até plastificar (derreter) e injetado em um molde mais frio (de 10°C a 30°C) sob alta pressão, solidificando-se na forma desejada.
Extrusão: para formas contínuas, como chapas ou perfis. O PETG é aquecido até plastificar e forçado através de uma matriz que possui o formato da seção transversal da peça. Após a extrusão, a peça é resfriada ao ar ou em água.
Termoformagem: normalmente usado na fabricação de blisters, bandejas e outras embalagens. As chapas de PETG obtidas por extrusão são aquecidas entre 110°C a 170°C até amolecer e esticadas sobre ou dentro de um molde quente (150°C a 180°C). Então, é aplicado vácuo ou pressão para garantir que tome a forma do molde e resfriado com ar ou água, solidificando na forma final.
Características
Entre as principais características do PETG, estão:
- Excelente resistência química e ao impacto;
- Durabilidade;
- Transparência;
- Facilidade de transformação;
- Leveza, maleabilidade e flexibilidade;
- Atóxico, pode ser usado em contato direto com produtos alimentares e médicos;
- Possibilita a coloração e decoração com filmes de vinil adesivos;
- Pode ser esterilizado;
- Suporta altas pressões, pode ser dobrado a frio e não propaga chamas.
Aplicações do PETG
Tais características tornam a relação custo-benefício bastante atraente, o que tem levado o PETG a substituir o acrílico e o policarbonato em diversas aplicações, particularmente no segmento de comunicação visual.
A gama de aplicações aumenta em razão da facilidade de manuseio do PETG, que pode ser parafusado, cortado e dobrado sem lascar ou rachar.
Conheça as aplicações mais comuns:
Segurança: viseiras de capacetes, óculos de proteção e outros EPIs.
Embalagens: produtos médicos, farmacêuticos e alimentos.
Indústria: proteção de máquinas, moldagem e protótipos.
Comunicação visual: luminosos (backlight e frontlight), displays e estandes para ponto de venda, cúpula para proteção de maquetes, manequins.
PETG na impressão 3D
Uma aplicação relativamente recente do PETG e que vem crescendo na preferência dos usuários é na impressão 3D, em substituição ao PLA (ácido polilático) e ABS (acrilonitrila, butadieno e estireno).
“O PETG consegue combinar as vantagens de PLA e ABS, porém com adesão entre camadas superior aos dois. Ele é mais flexível e mais resistente ao impacto que o PLA e mais fácil de imprimir que o ABS, necessitando de uma temperatura de mesa de impressão menor que a do ABS”, diz o professor Baltus.
Porém, ele acrescenta, a escolha do material depende da aplicação específica, custo, disponibilidade e das características desejadas no produto final.
“O PLA ainda é muito utilizado devido à sua facilidade de uso e biodegradabilidade e ABS continua a ser preferido em aplicações que requerem maior resistência térmica e mecânica”.
Na impressão 3D, o PETG é transformado por extrusão e apresentando na forma de filamento. Mas diferentemente das chapas, em que o plástico fundido é extrudado através de uma matriz plana (fenda) para formar uma folha contínua, no filamento ele sai da matriz através de um furo.
Reciclagem
O PETG pode ser reciclado de maneira semelhante ao PET para ser reutilizado em novas aplicações. Porém, como esse polímero ainda não é tão largamente utilizado quanto o PET ou outros plásticos mais comuns (PE, PP e outros), seu volume disponível para reciclagem é relativamente baixo, o que pode desincentivar recicladores a investir em processos específicos para esse material.
“A reciclagem é mais eficiente e economicamente viável quando há grandes volumes de material homogêneo. Como o PETG é um material de nicho, o custo para coletar, separar e reciclar pode ser elevado, tornando o processo menos atrativo do ponto de vista comercial”, constata Baltus.
Ele destaca que, por terem propriedades diferentes, o PETG e o PET, se misturados, acabam degradando a qualidade do material reciclado.
“Isso pode limitar as aplicações do PET reciclado ou exigir processos adicionais para remover ou neutralizar os efeitos do PETG”.
A série de conteúdo Raio X dos Materiais do portal Mundo do Plástico traz informações e curiosidades sobre vários polímeros.