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Impressão 3D impulsiona uso de polímeros em órteses e próteses

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Impressão 3D impulsiona uso de polímeros em órteses e próteses.png
Tecnologia permite a produção de peças customizadas à anatomia de cada paciente; plásticos já são amplamente utilizados na fabricação de peças protéticas

Entre as muitas indústrias em que o plástico se faz presente, a de produtos médicos é uma das que mais vêm ganhando atenção nos últimos anos, graças aos sucessivos avanços tecnológicos em materiais e processos.

Amplamente utilizados em bolsas de soro, seringas de injeção, catéteres, suturas e muitos outros, os polímeros avançaram sobre outra área: a de próteses e órteses.

Diferenciando órteses e próteses

Como em qualquer setor, o tipo de plástico utilizado depende de especificidades da aplicação.

Portanto, primeiro é preciso distinguir os dois termos que são assunto deste artigo:

Órteses são suportes ao corpo humano, para reparação de um ferimento por meio da imobilização; próteses, por outro lado, são extensões do corpo humano em substituição a um membro, que pode ter sido perdido em razão de algum acidente, agenesia [má formação ainda no útero que leva ao não desenvolvimento] de membros ou decorrente de outros problemas de saúde, como a amputação por diabetes, por exemplo”, define Emanuel Campos, consultor de mercado de manufatura aditiva para a ENTEC/Ravago. 

Segundo ele, o crescimento mundial do uso de órteses e próteses feitas com polímeros deve-se principalmente à manufatura aditiva, mais especificamente a impressão 3D, que permite a produção de peças customizadas à anatomia de cada paciente e situação.

A gama cada vez maior de biopolímeros e polímeros atóxicos, aprovados para usos medicinais e largamente disponíveis, é outro fator deste crescimento.

Benefícios dos polímeros

Na comparação com outros materiais, Campos enumera os seguintes benefícios dos plásticos na fabricação de próteses por meio de manufatura aditiva:

  • Muito mais leves e confortáveis;
  • Capazes de uma adaptação única à cada paciente, ao contrário das produções seriadas;
  • Mais fáceis de higienizar;
  • Permitem a produção de poros específicos para respiração da pele;
  • Mais moldáveis, resistentes e leves, mesmo nos processos de produção tradicionais.

“As órteses produzidas em polímeros através da manufatura aditiva compartilham dos mesmos benefícios de leveza, higiene, facilidade da respiração cutânea e produção sob medida. De certa forma, vão além das próteses, visto que por demandarem menor resistência mecânica, são ainda aplicáveis à membros inferiores”, completa.

Polímeros mais utilizados em órteses e próteses

Os polímeros escolhidos para a fabricação de órteses e próteses variam de acordo com a necessidade.

O material mais utilizado é o biopolímero PLA (Ácido Polilático), visto que a produção das mãos robôs está largamente disponível para voluntários do mundo inteiro e podem ser produzidas até mesmo nas mais simples impressoras 3D.

De acordo com Campos, só a Associação Daramão já atendeu mais de 3.000 famílias no Brasil.  

Em situações que demandam resistências mecânicas maiores, como membros inferiores ou exoesqueletos, os polímeros não podem ser transformados por meio da manufatura aditiva, e sim por processos tradicionais ou centros de impressão 3D industriais.

“Nestes casos, os materiais mais comumente utilizados são Policarbonato (PC) ou blendas como PC-ABS e até mesmo PEEK, dada a imensa resistência mecânica destes polímeros, aliada à facilidade de higienização e manutenção das peças”, diz.

Campos destaca que o uso de polímeros reciclados para produção de próteses e órteses ainda é pouco comum.

Entre os motivos estão o preço mais alto que os materiais virgens, a resistência mecânica inferior, inconsistência de cores e outros fatores práticos e estéticos que limitam suas aplicações.

Assim, o uso de material reciclado fica praticamente restrito a órteses AFO, (indicadas para estabilização funcional da articulação do tornozelo), cuja função é simplesmente de imobilização.

Desconhecimento

Para Campos, a utilização de polímeros em órteses e próteses só não é maior por causa do desconhecimento.

“O que mais falta hoje ao mercado não está nem em materiais nem em ferramentas, mas no conhecimento da existência destas ferramentas. Próteses e órteses feitas em polímeros, principalmente por manufatura aditiva, ainda chegam às faculdades como algo inovador e carregado de ceticismo a respeito das reais aplicações e capacidades das peças.”

Citando a Dra. Maria Elizete Kunkel, professora da USP, pesquisadora da FAPESP e professora convidada na universidade alemã de Bocholt, Campos reforça que a maior deficiência hoje no mercado é o recurso humano.

“Próteses e órteses em polímeros ainda são abordados como projetos de feira de ciências na maioria das faculdades, que ainda formam profissionais em metodologias tradicionais. Processos poliméricos ainda são vistos com descrença, ceticismo ou como inviáveis.”

Outro caminho é implementar o uso dos materiais e processos poliméricos no Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que a normalização provocaria uma “adoção forçada” no meio médico.

Neste sentido, Kunkel e sua equipe já foram aprovados para um edital do CNPq com o SUS para criação de órteses pós-AVC.  

Colaboraram para este conteúdo: Douglas Simão, da empresa de Itens de Tecnologia Assistiva DS3D e a Doutora Maria Elizete Kunkel, do projeto Mão3D.

Para saber mais sobre como os polímeros vêm revolucionando a medicina, baixe o e-book exclusivo Plásticos na Área Médica.

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