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Desafios e oportunidades para o mercado de reciclagem em 2024

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Desafios e oportunidades para o mercado de reciclagem em 2024.png
Infraestrutura, carga tributária, aumento do consumo consciente e das práticas ESG estão entre os pontos de atenção

Urgência climática, consumo consciente, expansão das práticas ESG pela indústria... Todos estes são fatores que vêm impulsionando a indústria de reciclagem de resíduos sólidos e a economia circular.

A atividade ainda enfrenta desafios, mas oferece também oportunidades. Com a chegada de 2024, pedimos para a coordenadora de Desenvolvimento de Produtos e Projetos da eureciclo, Daiana Silles, traçar um cenário do que está por vir. Acompanhe.

Infraestrutura da cadeia de reciclagem

“Vemos um cenário bastante positivo e com possibilidade de fortalecimento e estruturação das cadeias de reciclagem por todo o país, com diversos atores - empresas, sociedade e poder público - trabalhando de forma integrada para aumentar os índices em todos os estados e municípios. Temos um potencial enorme, se considerarmos a baixa taxa atual de 3% a 5%”, projeta Daiana.

Segundo ela, a tendência é haver uma progressiva conscientização sobre a pauta da sustentabilidade, com o intuito de melhorar proativamente nos próximos anos, principalmente com o aumento de políticas governamentais (desoneração e Reforma Tributária), inovações tecnológicas e investimentos maciços no setor, bem como a implementação de soluções de logística reversa pelas empresas.

“Neste contexto, a eureciclo é um agente importante e vem investindo gradativamente na melhoria da infraestrutura da cadeia de reciclagem nos estados brasileiros, além do uso de tecnologia de ponta para o rastreio dos resíduos da cadeia de reciclagem, proporcionando absoluta transparência e segurança jurídica no processo.”

A empresa mantém o selo eureciclo, que indica que as marcas que o estampam em seus rótulos valorizam e investem no trabalho da reciclagem, por meio da compensação de pelo menos 22% da massa total de embalagens vendidas no país.

Carga tributária

Daiana cita a aprovação, em 2023, das medidas do Comitê-Executivo da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) que alteraram a tributação para importação do plástico, de 11,2% para 18%.

“Embora a medida seja positiva, é insuficiente para suprir os gargalos atuais, posto que o mercado externo ainda não pesa sensivelmente um volume que possa impactar o mercado interno.”

Em contrapartida, diz, um dos estímulos possíveis para alavancar os índices de reciclagem e de aplicação da logística reversa passa pela desoneração do mercado doméstico, que também teria o efeito de estimular e incrementar a renda dos profissionais da reciclagem no país. 

“O plástico virgem tem uma tributação menor que a incidente sobre a matéria-prima reciclada. Aqui reside a oportunidade de uma tributação diferenciada aos recicláveis, que teria um efeito dominó positivo sobre toda a cadeia produtiva, chegando ao catador individual.”

 

Consumo consciente

Os hábitos de consumo impulsionam sobremaneira a economia circular. A preferência por produtos duráveis e reutilizáveis acarreta em impactos diretos. Por exemplo:

  • Contribui para a redução do desperdício e para o prolongamento do ciclo de vida dos produtos;
  • Minimiza o impacto gerado sobre os recursos naturais;
  • Incentiva os fabricantes a adotarem práticas mais sustentáveis em toda a cadeia produtiva.

“A exigência crescente por produtos sustentáveis por parte dos consumidores não apenas reflete uma conscientização ambiental mais profunda, mas também funciona como um incentivo econômico para as empresas.”

ESG

Na avaliação de Daiana, a implementação de conceitos ESG nas indústrias avança a cada ano e apresenta melhorias significativas quando comparado a uma década atrás.

“No que a agenda tange à área ambiental, a utilização de matérias-primas recicladas, adoção de embalagens monomateriais e incorporação de práticas de design para desmontagem caracterizam uma tendência que pode gerar impacto positivo contínuo na cadeia de reciclagem como um todo, a partir da conscientização da necessidade de aplicação de logística reversa e do cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos.”

A adoção de matérias-primas oriundas de processos recicláveis por parte da indústria reduz a dependência de recursos naturais e contribui para a diminuição do acúmulo de resíduos na natureza, aterros sanitários e lixões, em concordância com os princípios da economia circular.

Já a integração de princípios de design para a recuperação do produto facilita a restauração de componentes e materiais, otimizando os fluxos de reciclagem.

Tecnologia

À medida em que a indústria de reciclagem se expande, a tecnologia (equipamentos, processos) avança na mesma proporção. Disto decorrem melhorias de eficiência operacional e, consequentemente, redução de custos associados.

Neste sentido, a disponibilidade de financiamento e investimentos desempenha um papel crucial, e pode representar uma oportunidade.

“Recicladores, frequentemente operando em um contexto marginalizado, podem se beneficiar substancialmente de subsídios governamentais, incentivos fiscais e mecanismos de financiamento que tornem acessível a aquisição e implementação dessas tecnologias.”

Tais recursos não se limitam apenas à aquisição de equipamentos, mas também à formação e capacitação de profissionais envolvidos nos processos de reciclagem.

“Por esse motivo, a eureciclo trabalha, além da conscientização ambiental, pela profissionalização e remuneração adequada de todos profissionais da cadeia de reciclagem para operar com os equipamentos e tecnologias adequadas para a reciclagem correta desses materiais.”

Legislação

A aprovação pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado do Projeto de Lei 2524/2022 no final de 2023, que visa a proibir a fabricação, importação, distribuição, uso e comercialização de produtos plásticos de uso único no país, causou preocupação na indústria do plástico e gerou um manifesto assinado por diferentes entidades do setor.

Daiana atenta que a proibição de produtos plásticos de uso único pode impactar inclusive a indústria de reciclagem ao promover redução na quantidade de materiais plásticos disponíveis. A implementação, segundo ela, exigiria uma adaptação significativa da infraestrutura existente, especialmente no que diz respeito à coleta seletiva e ao processamento de resíduos.

Em que pesem os desafios econômicos que os setores relacionados podem enfrentar caso o projeto se converta em lei, inclusive em empregos e cadeia de suprimentos, Daiana pondera que, por outro lado, a proposta poderia estimular a inovação e o desenvolvimento de alternativas mais sustentáveis, incentivando investimentos em produtos e embalagens ecologicamente corretos.

“Isso poderia impulsionar novas oportunidades no mercado de reciclagem de materiais reduzindo o impacto ao meio ambiente, além de gerar novos empregos por meio dos catadores”, conclui. 

A sustentabilidade faz parte do seu planejamento para 2024? Conte para nós quais medidas deverão ser adotadas pela sua empresa.

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