Embora genérico, o termo sucata plástica é bastante utilizado na economia circular para designar resíduos provenientes de embalagens, eletrodomésticos, móveis, utensílios domésticos e outros que podem ganhar nova vida.
Em outras palavras, é a matéria-prima da reciclagem.
“No fundo, estamos falando de resíduos, ou resíduos sólidos, de forma mais precisa, ou seja, materiais que ainda possuem valor agregado e podem ganhar destino mais nobre que um aterro”, define Edson Grandisoli, embaixador e coordenador pedagógico do Movimento Circular e coidealizador do Movimento Escolas pelo Clima.
Essa sucata plástica é gerada por todos os consumidores de produtos feitos de plástico, desde o uso doméstico até indústrias, comércios, hospitais, escolas, hotéis e muitos outros – uma vez que o plástico está cada vez mais presente na vida das pessoas e das empresas.
Reciclagem da sucata plástica
Praticamente todos os plásticos podem ser reciclados, com destaque para o PET, que no Brasil detém o maior índice de reciclagem entre todos os polímeros.
Antes de retornar para a cadeia, a sucata plástica passa pelas diferentes etapas da reciclagem:
- Coleta
- Triagem
- Moagem
- Lavagem
- Secagem
- Extrusão
Quase todas essas etapas se dão nas empresas e depósitos de reciclagem, com exceção da coleta, que na maioria das vezes é realizada por cooperativas de catadores, empresas privadas especializadas e, em algumas cidades, por programas municipais de coleta seletiva.
“A estrutura da cooperativa, bem como de outras empresas que lidam com resíduos, determina sua capacidade de operar com volumes maiores ou menores de resíduos”, explica Grandisoli. “Se uma empresa se dedica somente aos resíduos plásticos, certamente conseguirá destinar uma quantidade maior desse material para reciclagem, por exemplo”.
Mercado crescente
Para Grandisoli, que é também mestre em Ecologia, doutor em Educação e Sustentabilidade e pós-doutor pelo Programa Cidades Globais da IEA-USP, a atividade desses agentes movimenta um mercado ativo e crescente de compra e venda de sucata plástica.
Esse mercado é impulsionado pelo aumento da demanda por materiais reciclados pelas indústrias e pelo aumento da destinação correta por parte dos consumidores, o que torna a reciclagem de plásticos uma atividade econômica cada vez mais importante do ponto de vista socioambiental.
Indústrias que buscam melhorar seus índices de sustentabilidade estão entre os principais clientes das empresas privadas especializadas na coleta de sucata plástica.
Na avaliação de Grandisoli, contratar esse serviço pode ser altamente vantajoso e, em muitos casos, altamente necessário e recomendável.
“Essa prática contribui de várias maneiras para que a indústria atinja metas ambientais e sociais e ainda pode gerar benefícios econômicos.”
Ele alerta, porém, que antes de buscar caminhos de destinação correta dos resíduos, é preciso que as indústrias busquem estratégias para diminuir a geração de resíduos plásticos.
Programas municipais de reciclagem
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê que as prefeituras são responsáveis por implementar e gerenciar a coleta, tratamento e destinação adequada dos resíduos sólidos em suas respectivas áreas, incluindo a criação de infraestruturas para reciclagem.
Porém, de acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET (ABIPET), Auri Marçon, em entrevista para o Mundo do Plástico, os índices de reciclagem poderiam ser ainda maiores mais municípios brasileiros seguissem o que determina PNRS.
Em razão disso, lembra Grandisoli, a atuação das empresas de compra e venda de sucata plástica e de outros recicláveis acaba por suprir, em parte, o papel da coleta seletiva que deveria ser desempenhada pelo poder público.
“Essa atuação complementa ou até substitui a coleta pública em várias regiões, especialmente onde a infraestrutura de coleta seletiva é limitada ou inexistente”, completa.
A plataforma do Movimento Circular disponibiliza uma série de materiais gratuitos e notícias produzidas diariamente para quem quer saber mais sobre economia circular.