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Cooperativas de reciclagem são o pilar social da Sustentabilidade

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Através da reciclagem de plásticos, instituições oferecem acesso a emprego e renda para famílias em situação de extrema vulnerabilidade

Tema cada vez mais recorrente na indústria do plástico, a sustentabilidade é definida a partir de três pilares: ambiental, econômico e social. Este último é exercido pelas cooperativas que, a depender de sua estrutura, realizam diferentes etapas da reciclagem: coleta, pesagem, triagem, prensa e venda dos resíduos. Hoje, elas representam 90% de todo o resíduo reciclado no País.

“A mão-de-obra que movimenta a reciclagem, geralmente, vem de um quadro de vulnerabilidade extrema, na qual a única porta de acesso ao emprego e geração de renda é através da cooperativa”, afirma Fernanda Amaro, colaboradora do setor de operações e projetos da Trashin e responsável pelo atendimento e relacionamento com diversas cooperativas de reciclagem no Brasil.

“Estes agentes sociais invisibilizados na dinâmica do nosso dia a dia”, continua Amaro, “têm ali a oportunidade de sustento digno para as famílias nas cooperativas”. Como exemplo, ela cita que a Trashin alcançou, neste ano, mais de R$ 900 mil em famílias impactadas pela atividade de logística reversa.

“É o nosso pilar social, o S de ESG”, diz, referindo-se ao conjunto de políticas e melhores práticas que organizações vêm implementando com foco na governança ambiental, social e corporativa.

Reciclagem de plástico

Na indústria do plástico, a reciclagem – e, por extensão, o trabalho realizado pelas cooperativas – têm papel fundamental. Cada tonelada de plástico reciclado reduz, em média, 1,1 tonelada de resíduos depositados nos aterros e gera emprego para 3,16 pessoas.

Assim como todos os grandes grupos de materiais (papel, vidro, metal), o plástico tem suas especificidades e traz tanto oportunidades quanto desafios para as cooperativas, de acordo com Fernanda Valentini, que atua no setor de parcerias e inovação da Trashin.

Engenheira de Plásticos pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/RS) e com amplo conhecimento da área de biomateriais e economia circular, Valentini cita alguns fatores que colaboram ou dificultam a reciclagem do plástico no ambiente das cooperativas:

Monomaterial: “Quando esses resíduos vêm compostos de apenas um material e sem contaminantes externos, como, por exemplo, um balde 100% de PEAD, uma garrafa 100% PET, uma embalagem rígida 100% de PP, a tendência de venda desses materiais para a reciclagem é normalmente garantida e apresenta um valor de venda bem atrativo”

Multimaterial: “Já quando o resíduo vem com mais de um material na sua composição, dificulta radicalmente a separação. Por exemplo, embalagens flexíveis para alimentos feitas com micro camadas de diversos plásticos. Esses resíduos perdem seu poder de venda, seja por reduzir as chances de reciclabilidade seja devido à falta de informação técnica”.

Coloração: “O PET colorido, por exemplo, encontra grandes dificuldades em seu processo de reciclagem. Por este fator, a indústria busca homogeneizar a produção de garrafas PET transparentes”.

Design: “O design do produto, desde sua origem/criação, é extremamente determinante para que esse material possa voltar como insumo para novas cadeias produtivas, estabelecendo uma economia circular de fato”.

“Fato é”, conclui, “que o plástico pode ser visto como uma grande oportunidade pela grande quantidade de possíveis aplicações em produtos finais e por possuir uma cadeia de transformadores mais espalhada pelo País”.

Por que reciclar?

Sem contar os benefícios ambientais, o papel social da reciclagem por si só deve servir de estímulo para que cada vez mais indústrias adotem este processo em seu planejamento estratégico. Para Fernanda Valentini, o fato de que apenas 4% dos resíduos recicláveis são de fato reciclados no Brasil aponta um cenário bastante promissor para as empresas.

Para quem pretende começar agora, porém, é preciso ter em mente que existem desafios a serem superados. Entre eles estão os investimentos em infraestrutura de transformação e controle de qualidade, capacitação de pessoal e boa fonte de captação de resíduos em volume e qualidade constantes.

Outro desafio citado por Valentini é a legislação atual, que, por um lado, ainda é branda na obrigatoriedade da logística reversa e, por outro, pesa a mão na tributação destes materiais. “Isso faz com que o acesso ao resíduo fique escasso e o custo da matéria-prima reciclada fique muito alto, muitas vezes enfraquecendo o poder de venda do material reciclado frente ao material virgem”.

A boa notícia é que a recente regulamentação do Certificado de Crédito de Reciclagem (decreto federal 11.044/22, de abril) tende a aumentar os índices de reciclagem no Brasil por meio da profissionalização do mercado, crédito para destinação correta e comprovada de resíduos e renda extra para os agentes de reciclagem, entre outros pontos. Além disso, a medida prevê a injeção de investimentos privados de R$ 14 bilhões por ano para o setor de reciclagem.

Fernanda Amaro destaca que para que cada vez mais resíduos recicláveis cheguem às cooperativas, é preciso também ações coletivas e de fomento à cultura do descarte correto, como o estímulo das empresas para que seus colaboradores repliquem em suas casas o exemplo das boas práticas de descarte. “Isso representa, a partir das micro atitudes, a macro estrutura ambiental nas medidas socioculturais”.


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