Como você viu aqui no Mundo do Plástico, os depósitos de reciclagem ocupam um papel fundamental na economia circular.
Esses espaços atuam como pontos estratégicos de recebimento, separação e envio para as indústrias que irão transformar esses os materiais recicláveis em novos produtos.
Empreendedores interessados em investir em um depósito de reciclagem, seja pelo compromisso com a sustentabilidade, seja por vislumbrar um negócio em ascensão, devem estudar atentamente o mercado e tomar alguns cuidados com a gestão.
Entre eles, estão:
- Separação e categorização eficiente dos resíduos plásticos;
- Limpeza eficiente do material para evitar odores e proliferação de vetores;
- Área de armazenamento organizada, limpa e protegida de intempéries;
- Investimento em equipamentos de separação, moagem e lavagem;
- Logística e transporte eficientes, tanto para coleta quanto para entrega do material reciclado;
- Desenvolvimento da carteira de fornecedores (catadores, cooperativas) e clientes (compradores do material reciclado) para garantir um fluxo contínuo;
- Obter as certificações ambientais necessárias.
Advogado especializado em Direito Empresarial, mestre em Direito pela Harvard Law School, doutor em Direito Econômico pela USP e professor da China Foreign Affairs University, Emanuel Pessoa reforça que a automação e mecanização do processo traz grandes ganhos de produtividade, pois acelera o processo de triagem e reduz perdas.
A capacitação dos funcionários é outra medida de grande importância citada pelo especialista
“Embora pareça algo trivial, a organização do espaço físico ajuda na eficiência da operação, especialmente se vier acoplado com uma logística adequada, facilitando a entrada e saída de materiais, com redução do tempo de espera”, acrescenta.
Cuidado com os custos
Depósitos de reciclagem são empresas e, portanto, demandam atenção com a saúde financeira.
Emanuel Pessoa aponta que os custos mais elevados da operação envolvem infraestrutura, energia e logística.
Em relação à infraestrutura, ele relaciona a aquisição e manutenção de equipamentos e os eventuais custos de conformidade como algumas das principais preocupações de quem atua nesse setor.
“No caso da energia, os equipamentos de reciclagem demandam uma utilização intensiva, a qual, infelizmente, ainda é muito cara no Brasil, o que acaba achatando as margens.”
Já em relação à logística, o especialista avalia que se trata de um desafio do sistema produtivo brasileiro como um todo. “Seria necessário que a cadeia logística específica da reciclagem estivesse ajustada com a cadeia logística convencional, o que acaba gerando um desafio adicional”.
Além dos citados por Pessoa, podemos acrescentar outros custos diretos (aquisição do material reciclável, mão de obra dos colaboradores) e indiretos (aluguel do terreno, impostos e taxas, custos administrativos).
Desafios dos recicladores
Entre os maiores desafios para os gestores de um depósito de reciclagem, Pessoa indica, por um lado, assegurar o volume de material necessário para que o negócio tenha um fluxo de caixa adequado e, por outro, o fato de que nem todas as indústrias compram matéria-prima reciclada.
Para ele, muitas vezes esse problema de demanda está na falta de confiabilidade da oferta, o que torna arriscado depender de materiais recicláveis.
“Contudo, uma maior conscientização ambiental pode fomentar a demanda, o que ajudaria a aumentar investimentos para assegurar a oferta”, diz.
Os gestores devem dobrar a atenção em relação à contaminação dos materiais (mistura de diferentes tipos de plástico, resíduos orgânicos, substâncias químicas) que comprometem a qualidade do produto final. Isso decorre, na maioria das vezes, da separação incorreta dos materiais recicláveis por parte dos consumidores e empresas.
Outras fontes de receita
Vale lembrar que, além dos fatores já descritos, a questão da demanda está relacionada outros, como a instabilidade do mercado de plásticos virgens (commodities), que pode gerar incertezas e dificuldades financeiras para quem trabalha com plástico reciclado.
O descarte incorreto de resíduos sólidos, que misturados ao lixo orgânico vão parar nos aterros e lixões, também diminui a oferta de matéria-prima para os depósitos.
Para minimizar esse impacto financeiro, os gestores podem buscar fontes de renda alternativas.
“Várias operações poderiam se qualificar para a geração e comercialização de créditos de carbono”, orienta Pessoa. Ele alerta, porém, que para colocar em prática esse tipo de projeto é necessária a contratação de profissionais qualificados.
“De forma mais convencional, os depósitos podem se integrar a serviços de coleta seletiva e gestão de resíduos, o que permitiria uma maior receita e influxo de matérias-primas”, sugere.
Considerando tudo isso, a regra de ouro para garantir a saúde financeira de um depósito de reciclagem é a mesma que vale para todo tipo de negócio: “Aumentar a receita e reduzir as despesas”, resume Pessoa.
Se você pretende entrar no negócio da reciclagem, conte nos comentários com está se preparando.
E entenda também o que é a Economia Circular na indústria de plásticos.