A indústria do plástico vem fazendo sua parte para atender à crescente demanda da sociedade por sustentabilidade. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), em 2020 os plásticos reciclados representaram 11,5% das resinas consumidas no país, sendo que o PET responde por 41% desta parcela.
Por que investir em reciclagem?
“A gente fala que a sustentabilidade tem três pilares: o econômico, o social e o ambiental. Basta tirar um desses que a sustentabilidade não fica em pé”, ilustra Miguel Bahiense, presidente da Plastivida, Instituto Socioambiental de Plásticos.
“Então, sem dúvida”, continua, “a reciclagem precisa ser olhada também como um negócio lucrativo. A gente precisa que cada vez mais a indústria se envolva com essa temática do ponto de vista deste pilar da sustentabilidade, que é o econômico”.
Segundo levantamento da Abiplast, estão em atividade 1.119 empresas do setor de reciclagem de material plástico no Brasil, responsáveis pela geração de 13.180 empregos. São os maiores números da série histórica iniciada em 2010.
Para Vinicius Saraceni, empreendedor social, fundador da Atina Educação e CEO do Movimento Circular, o mundo está caminhando para a economia circular, e o plástico é um agente muito relevante nessa cadeia. “Estar posicionado tanto com o produto cuja embalagem tem um alto índice de reciclabilidade, quanto em ter um produto que utilize mais resina pós-consumo é imperativo para se posicionar estrategicamente à frente dos competidores neste cenário”, aponta.
Seja no processo industrial (reaproveitamento de aparas), seja no pós-consumo (coleta e reciclagem dos produtos colocados no mercado), a questão da imagem da empresa é o grande ponto positivo para as indústrias que investem em reciclagem, segundo Alexandre de Castro, presidente do Instituto Brasileiro do PVC.
“Ser vista e reconhecida como uma empresa que oferece produtos com conteúdo reciclado agrega valor. A consciência ambiental tem cada vez mais permeado o dia a dia da população de forma geral, e estar envolvido ativamente com esta questão tem um apelo que acaba chamando a atenção do consumidor final”, afirma Alexandre.
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Responsabilidade socioambiental
Para se ter uma ideia, cada tonelada de material reciclado produzido reduz em média 1,1 tonelada de resíduo plástico depositado em aterros e gera emprego para 3,16 catadores que recolhem esse volume de material no mês.
Considerando que em 2020 a produção física de resina pós-consumo foi de 884,4 mil toneladas, dá para calcular a dimensão do impacto positivo que a reciclagem de plástico traz para o meio ambiente e a sociedade.
“Não importa o formato que se dê, todo o material plástico ou não que eu separo e mando para uma cooperativa, seja ela com o apoio de governo ou de uma organização da própria sociedade, tem um lado social muito importante”, ressalta Miguel.
Ele acrescenta que o pilar ambiental é o “grande gol do processo”. “Tudo isso traz benefício ao meio ambiente, porque eu não vou ter mais mares e ruas poluídos nem praças sujas. Os benefícios ambientais são claros quando, em vez de destinar os resíduos para um aterro sanitário após sua vida útil, você dá uma nova vida a eles.”
Vinícius reforça que quando uma indústria compra resina pós-consumo, está apoiando a inclusão econômica e social de milhares de pessoas, e gerando renda para milhares de famílias.
“Conforme o produto, o plástico que você coloca na prateleira passa a ter valor econômico depois do consumo. Você está adicionando valor a este material, que passa a ser atrativo para as cooperativas de catadores e para todas as empresas que vão beneficiá-lo. Havendo um valor adicionado maior nas embalagens plásticas, a gente não vai mais vê-las escapando para a natureza quando o devido cuidado não é tomado no seu descarte.”
Como começar a investir em reciclagem?
Hoje, o maior volume de resina plástica pós-consumo está concentrado na indústria de transformação para produção de novos produtos (70% do total), e o restante é transformado por recicladoras verticalizadas, ou seja, que possuem em uma mesma empresa a reciclagem e a produção de novos produtos.
Esta distinção é importante para quem está pensando em aderir à reciclagem de plástico. Vinícius explica que uma indústria pode começar a fomentar a cadeia da reciclagem com sua própria linha, desenvolvendo produtos que tenham maior índice de reciclabilidade e que utilizem resina pós-consumo.
“Agora, caso você queira abrir um negócio vinculado à reciclagem, entenda que é um novo negócio. Ou seja, você vai comprar determinado plástico de uma cooperativa, por exemplo, e transformar esse plástico num novo material, numa nova resina pós-consumo. É uma decisão estratégica, e você não precisa tirar o foco do negócio do qual você já é expert.”
Consumo consciente
Miguel chama atenção que a questão do consumo consciente é tão importante quanto a da reciclagem, e que a indústria tem grande relevância no amadurecimento da discussão em torno do plástico de uso único.
“A gente precisa ter um entendimento para que todos os atores unam esforços no sentido de mostrar que o plástico é útil à sociedade, e que a sociedade cada vez mais consegue utilizar o plástico de forma adequada. A indústria, como catalisadora de todo o processo de circularidade, pode ser o espelho para que a gente perceba este movimento de promoção da reciclagem.”
Sua indústria já investe em reciclagem? Quais têm sido os benefícios mais visíveis?
Assista na Plástico Brasil Xperience: O papel da cadeia de plástico na economia circular.