A crescente necessidade por materiais que requerem qualidade, durabilidade, desempenho, baixo custo e, mais recentemente, sustentabilidade fez aumentar a busca pelo Engenheiro de Materiais na indústria de transformação do plástico. Afinal, ele é o profissional especializado em pesquisar e desenvolver novos materiais, bem como descobrir novas aplicações ou melhorar o desempenho dos já existentes.
No entanto, o número de jovens que procuram formação nesta área ainda é pequeno se comparado a outros ramos da engenharia. Na Fuvest 2021, por exemplo, a relação candidato/vaga do curso de Engenharia de Materiais e Manufatura da Escola de Engenharia de São Carlos foi de 4,1, enquanto que a de Engenharia Civil ficou em 15,5 e de Engenharia Aeronáutica, 21,8.
Para Guilherme Wolf Lebrão, doutor e professor de Engenharia dos Materiais do Curso de Engenharia Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), são três as principais habilidades que o estudante deve ter.
“Em primeiro lugar, uma afinidade com as ciências exatas, pois esta é a base de conhecimento dos engenheiros. Depois, competência em matemática, ou seja, saber usar os princípios matemáticos e se sentir à vontade para aprender novos conteúdos. E por último, ter cultura autodidata; afinal a formatura do engenheiro não é no dia da diplomação, mas ao longo de toda a sua vida.”
Pedro Luiz Lutz de Souza, Engenheiro de Materiais e Global Sales Analyst da Earth Renewable Technologies (ERT), destaca outros requisitos: curiosidade, capacidade de associação entre as propriedades dos materiais e seus processamentos, e solução de problemas. “O curso tem por objetivo responder questionamentos sobre como os materiais são feitos, modificados e refeitos. O estudante terá de entender os comportamentos dos materiais para mapear possíveis oportunidades de melhoria.”
Colocação profissional
Sem contar a indústria do plástico, o Engenheiro de Materiais encontra colocação em diferentes segmentos, do petroquímico e siderúrgico aos de energia, mineração, químico, bens de consumo e construção civil.
As áreas de atuação são bastante diversificadas, sendo algumas das mais comuns:
- Pesquisa e Desenvolvimento: É onde se dá o estudo para desenvolvimento dos novos materiais, melhora do desempenho e novos usos para os já existentes;
- Gestão: Gerenciamento de todo o processo produtivo, da escolha dos materiais aos processos de manufatura que garantam a qualidade do produto e a rentabilidade do processo;
- Controle de Qualidade: Definição dos padrões de qualidade, avaliação e garantia do produto final;
- Sustentabilidade: Voltado ao estudo de materiais recicláveis e biodegradáveis e otimização dos processos produtivos para reduzir o consumo de matéria-prima e o desperdício.
“Podemos atuar em diversos campos, desde pesquisadores de desenvolvimento de produtos a executivos de vendas. Hoje em dia, as melhores remunerações nacionais estão concentradas no mundo corporativo. Já no contexto internacional, é possível encontrar boas oportunidades na área de Pesquisa e Desenvolvimento”, diz Lutz de Souza.
Mercado de trabalho
Levantamento do portal Salario.com.br confirma que a demanda pelos Engenheiros de Materiais está em alta e registrou crescimento de 11% nas contratações formais entre julho de 2021 e junho de 2022.
Ainda segundo o estudo, a remuneração mensal fica na média de R$ 9.022, mas o valor depende do porte da empresa, região geográfica e estágio da carreira. No recorte por segmento, o de “Fabricação de Artefatos de Material Plástico para uso Industrial” (CNAE 2229-3/02), a média salarial passa para R$ 11.201.
Como ingressar na carreira de Engenharia de Materiais
Entre públicas e privadas, o Guia do Estudante lista 47 instituições de Ensino Superior que oferecem o curso de graduação em Engenharia de Materiais. O bacharelado dura 10 semestres (cinco anos) e tem boa parte da carga horária destinada ao trabalho em laboratório, onde o aluno se familiariza com as propriedades e aplicações práticas.
Em algumas instituições de ensino, após a formação básica – normalmente os três primeiros anos – o aluno pode optar por uma das três especializações: polímeros, metais e cerâmicas.
A grade curricular varia bastante, mas normalmente envolve estudo e técnicas de análise do comportamento mecânico e propriedades físicas dos materiais, tratamentos térmicos, sistemas de processamento, corrosão e degradação, e outras matérias como Desenho Técnico, Ciência da Computação, Geometria e Cálculo.
O professor Wolf Lebrão aponta como tendências da profissão setores como nanomateriais, materiais inteligentes, biomateriais, recicláveis, sustentáveis, aeroespaciais e outras. “São áreas que estão em crescimento e no início de seu desenvolvimento, e muito provavelmente vão ter uma demanda imensa para os profissionais que entram no mercado agora e nos próximos anos.”
Você está cursando Engenharia de Materiais? Conte como tem sido sua experiência e o que espera da profissão.