Entre todas as resinas largamente utilizadas pela indústria, o PET figura como uma das mais populares, presente, majoritariamente, em garrafas de refrigerantes, água e sucos e embalagens de produtos de limpeza e cosméticos. 

Estudo coordenado pela ABIPET (Associação Brasileira da Indústria de PET) concluiu que as embalagens de PET são ambientalmente superiores às produzidas com outros materiais (alumínio, aço e vidro) em aspectos como mudanças climáticas, material particulado, consumo de água e outros. 

Se, por um lado, o PET representa 6,9% do total de resinas plásticas virgem consumidas no país (em 2023, segundo a ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico), por outro é o campeão da reciclagem, respondendo por 38,7% da produção de resinas plásticas pós-consumo (PCR). Ainda de acordo com a entidade, o índice de reciclagem do PET é de 53,6%. 

Quais as vantagens do PET reciclado? 

A reciclagem de plásticos em geral, e do PET em particular, oferece uma série de benefícios ao meio ambiente e ajuda a combater as mudanças climáticas: 

  • Evita a sobrecarga dos aterros sanitários e reduz os danos ambientais causados pelo acúmulo de resíduos e contaminação do solo e águas; 
  • Reduz a demanda por recursos naturais para produção de novos plásticos, como o petróleo, que é uma fonte não-renovável; 
  • Reduz a emissão de gases de efeito estufa (GEE): Segundo o estudo da Association of Plastic Recyclers (APR), a reciclagem do PET tem pegada de carbono até 67% menor que a produção do virgem. 

Vale ainda lembrar que o PET é a única resina plástica reciclada autorizada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para fabricação de embalagens que entrem em contato com alimentos. 

Quais os benefícios do PET reciclado além da sustentabilidade? 

“O PET reciclado traz um conjunto amplo de benefícios que vão muito além dos aspectos ambientais diretos”, afirma Irineu Bueno Barbosa Junior, CEO da Cirklo, uma das maiores recicladoras de PET do Brasil. 

“Do ponto de vista econômico, ele reduz a dependência do país em relação às matérias-primas fósseis, como petróleo e gás natural, que estão sujeitas à volatilidade dos preços internacionais.” 

Além disso, o setor de reciclagem movimenta uma ampla cadeia de valor que gera empregos, renda e arrecadação tributária, fortalecendo a economia local. 

No aspecto social, o PET reciclado valoriza o trabalho de milhares de catadores e cooperativas, que têm no recolhimento e comercialização do material uma fonte de renda fundamental.  

“Ao estruturar contratos e parcerias com esses atores, a indústria promove inclusão produtiva, melhora as condições de trabalho e ajuda a formalizar a atividade, ampliando a rede de proteção social”, completa Barbosa. 

Ele acrescenta, ainda, os benefícios do PET reciclado para os processos industrial e de marketing, uma vez que a resina PCR oferece a mesma qualidade, resistência e versatilidade da virgem, podendo ser moldada para atender especificidades de design e aspectos visuais, de acordo com as estratégias de cada marca.  

Por fim, há a questão da reputação, ao fazer com que as empresas que utilizam o PET reciclado não apenas reduzam seus impactos ambientais, como também fortaleçam sua imagem perante consumidores cada vez mais atentos às práticas sustentáveis, e investidores e reguladores que cobram clareza sobre o impacto ambiental das empresas. 

Três bilhões de garrafas por ano 

A Cirklo transforma mais de três bilhões de garrafas PET por ano em resina reciclada de grau alimentício certificada pela ANVISA e pelo FDA. Com um processo de expansão em andamento, tem expectativa de encerrar 2025 com uma capacidade instalada de 115 mil toneladas anuais. 

Essa matéria-prima chega por meio de uma rede de fornecimento cujos principais parceiros são as cooperativas de catadores, além de comerciantes que concentram grandes volumes de recicláveis e de programas de logística reversa de grandes marcas e redes de varejo, que recolhem embalagens em ecopontos e sistemas próprios de coleta. 

Embora essa rede consolidada garanta a operação em escala da Cirklo, Barbosa reconhece que setor como um todo enfrenta desafios na constância de volume e qualidade das embalagens pós-consumo.  

“Para assegurar uma resina padronizada e de alto grau de qualidade, é essencial que o material chegue limpo, separado e em volume suficiente, o que ainda não acontece de forma consistente no Brasil”, constata. 

Como melhorar o fornecimento de matéria-prima para reciclagem? 

Para ele, a principal limitação não está na capacidade da indústria de reciclagem, mas sim na baixa taxa de retorno das embalagens, muitas vezes destinadas a aterros sanitários ou descartadas de forma incorreta no meio ambiente.  

Para mudar esse cenário, o CEO da Cirklo sugere duas frentes estratégicas:  

  • Adoção de políticas públicas mais claras e consistentes, com marcos regulatórios que incentivem e obriguem o retorno das embalagens à cadeia, e 
  • Metas de logística reversa mais ambiciosas e efetivamente fiscalizadas, de forma a engajar toda a indústria – fabricantes, varejo e consumidores – no cumprimento de responsabilidades compartilhadas. 

“Somente com a combinação desses fatores poderemos garantir previsibilidade no abastecimento, reduzir a ociosidade da indústria de reciclagem e acelerar a transição para uma economia circular de fato.” 

Barbosa reforça que as cooperativas de catadores e catadoras são parte essencial da cadeia de suprimentos e desempenham um papel estratégico para o avanço da economia circular no Brasil.  

“Nós mantemos parcerias estruturadas com dezenas de cooperativas em diversas regiões do país. Isso não apenas fortalece a qualidade e a constância do PET disponível para reciclagem, mas também gera impacto social direto, ampliando a renda e promovendo inclusão produtiva para milhares de famílias.” 

Padrão técnico e segurança 

A empresa opera com um modelo integrado e independente, no qual controla todas as etapas do processo de reciclagem nas unidades industriais, desde a chegada da garrafa PET pós-consumo até sua transformação em resina reciclada de grau alimentício

O processo inclui triagem, lavagem, moagem, extrusão e pós-condensação. 

São três plantas industriais, em São Carlos (SP), Maceió (AL) e Conde (PB), equipadas com tecnologia de ponta e padronização que asseguram que o PET reciclado tenha sempre o mesmo padrão técnico e de segurança, independentemente da unidade em que foi produzido. 

Segundo Barbosa, esse modelo interno garante autonomia operacional, reduz a dependência de terceiros, aumenta a capacidade de escalar a produção de forma controlada e oferece ao mercado a previsibilidade que grandes indústrias precisam para planejar suas linhas de produção. 

Atualmente, a resina reciclada da Cirklo é destinada principalmente a transformadores de embalagens, que utilizam o material como insumo para a produção de novas garrafas e frascos. Entre elas, grandes marcas de bebidas, de cuidados pessoais e do lar, no Brasil e na América Latina. 

A empresa adota um modelo de rastreabilidade que dá às marcas a segurança de que estão utilizando uma matéria-prima com origem e benefícios ambientais mensuráveis, o que fortalece os compromissos climáticos dos clientes e a comunicação de valor com seus consumidores. 

“Por tudo isso, o PET reciclado não deve ser visto apenas como uma solução ambiental, mas como um ativo estratégico, capaz de unir competitividade, inovação, impacto positivo e responsabilidade climática”, conclui Barbosa. 

Aproveite e saiba mais sobre a plataforma Recircula Brasil.

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