A escolha dos materiais para embalagens que entram em contato com alimentos deve ser realizada com muito cuidado pelas empresas. Dependendo das características, elas podem transferir substâncias que representam risco à saúde do consumidor.

Para evitar tais problemas, o PET-PCR se destaca.

O PET-PCR (reciclado pós-consumo) é um material de grau-alimentício aprovado pela Anvisa com compatibilidade similar ao PET virgem. Ele acondiciona o alimento sem alteração de cheiro, sabor ou composição do produto.

No entanto, o PET-PCR Grau Alimentício ainda enfrenta um momento de resistência cultural à sua arrancada no Brasil, principalmente pela falta de conhecimento técnico sobre esta resina recuperada.

O que é o PET-PCR?

O PET-PCR grau alimentício, ou PET pós-consumo reciclado de grau alimentício, é um material PET obtido após um processo de reciclagem e descontaminação do PET pós-consumo, PET de descarte industrial ou PET reciclado. 

O processo de reciclagem e descontaminação deste tipo de resina consiste em uma tecnologia de reciclagem física ou química com alta eficiência de descontaminação.

Por isso, a resina conta com autorizações especiais de uso para alimentos, validadas pela Anvisa (item 2.7 da RDC n. 20/2008). 

Assim, somente este material pode ser utilizado na elaboração de embalagens em contato direto com os alimentos, desde que previamente aprovado ou registrado pela Anvisa. 

Essa é uma resina obtida por extrusão de flakes obtidos a partir de PET pós-consumo, e PET de descarte industrial em processo em que não houve validação da descontaminação não é adequado para contato com alimentos.

Benefícios do PET-PCR

Além de ser a resina reciclada ideal para alimentos, muitos são os benefícios da adoção do PET-PCR nesta indústria. Entre estes benefícios, se destacam:

Pode ser reciclado várias vezes 

Uma das características do PET-PCR é que ele pode ser reciclado até 4 vezes sem perder suas propriedades. 

Ou seja, podem ser feitas, por exemplo, 4 embalagens diferentes a partir da mesma matéria-prima. Pensando em longo prazo e no impacto ambiental, esse é um impacto altamente positivo.

Pode substituir totalmente o PET virgem 

Essa resina reciclada consegue substituir totalmente as resinas virgens. Ou seja, não existe nenhuma restrição para o uso do PET-PCR ou necessidade de misturar resinas.

Menor Pegada de Carbono 

A Pegada de Carbono do PET-PCR é muito menor, principalmente por conta da extração da matéria-prima fóssil, que consome muita energia e não é uma fonte renovável. 

Por isso, o PCR é uma excelente opção para empresas alimentícias que se preocupam com o impacto ambiental gerado.

Redução do volume de resíduos nos aterros

Ao estimular a coleta seletiva e a reciclagem, o plástico reciclado pós-consumo é uma ferramenta que ajuda a minimizar a sobrecarga nos aterros sanitários, reduzindo o volume de resíduos sólidos.

E são esses benefícios que deixam o mercado de plástico reciclado pós-consumo em evidência, com novas empresas utilizando o PET-PCR em seus processos e produtos. Estima-se que até 2025, isso gere US$18,8 bilhões, ajudando a reduzir o impacto ambiental.

Pré-requisitos para registro da resina reciclada para uso em alimentos

A Resolução RDC n.20, de 26 de março de 2008 da Anvisa, é um regulamento técnico cujo objetivo é estabelecer os requisitos gerais e os critérios de avaliação, aprovação/autorização e registro de resina e de embalagens de PET pós-consumo reciclado descontaminado (grau alimentício).

Pelas definições da Anvisa são obrigatórios os registros de:

  • Tecnologia de reciclagem com alta eficiência de descontaminação
  • Resina de PET-PCR grau alimentício
  • Embalagem de PET-PCR grau alimentício ou artigo precursor de embalagem de PET-PCR grau alimentício

Os requisitos técnicos estão descritos abaixo.

Pré-requisitos para registro da Tecnologia de reciclagem com alta eficiência de descontaminação na Anvisa:

  1. Descrição detalhada da tecnologia envolvida;
  2. Os antecedentes internacionais de uso;
  3. Os resultados do procedimento normalizado de sua validação;
  4. As Cartas de não objeção ao uso de PET-PCR grau alimentício, ou as Aprovações ou Decisões referentes ao seu uso emitidas por órgãos internacionais.

 

Pré-requisitos para registro de Resina de PET-PCR grau alimentício:

  1. Utilizar matéria-prima (flakes ou resina) de PET proveniente de material de PET pós-consumo e/ou de descarte industrial, ambos de grau alimentício;
  2. Utilizar uma tecnologia de reciclagem física e/ou química aprovada/autorizada e registrada na Anvisa;
  3. Ter procedimentos escritos e registros de aplicação sobre Boas Práticas de Fabricação;
  4. Ter registros do destino e composição/caracterização do PET-PCR grau alimentício produto do processo;
  5. Ter montado um laboratório de análise que permita realizar os ensaios de caracterização dos contaminantes do PET pós-consumo e/ou de descarte industrial;
  6. Ter pessoal capacitado para a operação de todo o equipamento, controle do processo e para atuar no laboratório;
  7. Dispor de um Sistema de Garantia da Qualidade.

 

Pré-requisitos para registro de Embalagem de PET-PCR grau alimentício ou artigo precursor de embalagem de PET-PCR grau alimentício:

  1. Fluxograma detalhado do processo de obtenção do artigo precursor ou da embalagem que contém PET- PCR grau alimentício, incluindo: especificação do equipamento utilizado na fabricação do artigo precursor ou da embalagem e tipo de processo utilizado;
  2. Especificação da resina de PET-PCR grau alimentício e outras matérias-primas utilizadas;
  3. Declaração do tipo de embalagem a ser fabricada e condições de uso (multi ou monocamada, uso único ou retornável);
  4. Indicação dos alimentos a serem acondicionados nas embalagens produzidas com uso da resina de PET- PCR grau alimentício;
  5. Indicação do percentual de PET-PCR grau alimentício que poderá ser utilizado na elaboração dos artigos precursores, do percentual de pigmento (se aplicável) e do percentual de aditivo (se aplicável);
  6. Laudos com os resultados das análises de migração total, migração específica dos monômeros, ácido tereftálico, ácido isoftálico, monoetilenoglicol e dietilenoglicol, isoftalato de dimetila, acetaldeído e outros monômeros, conforme formulação do polímero;
  7. Laudo de migração específica de metais para embalagens pigmentadas, migração específica de substâncias decorrentes do uso de aditivos na elaboração do artigo precursor ou da embalagem, perfil de voláteis.

Dessa forma, quando estiver pensando em um novo projeto de embalagem para alimentos, pondere a possibilidade e desafie seu time a utilizar materiais PET-PCR.

O planeta agradece e os consumidores apoiam cada vez mais essa iniciativa!

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