O uso de plásticos pós-consumo (PCR) vem crescendo no Brasil, de acordo com pesquisa sobre reciclagem mecânica encomendada pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), iniciativa da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e da Braskem.
Segundo o estudo, o ano de 2022 registrou que 25,6% dos resíduos plásticos gerados foram reciclados no país. Este é o maior índice da série histórica iniciada em 2018, com a produção de PCR atingindo mais de 1 milhão e 100 mil toneladas.
PCR: diversificação de produtos
Muitos fatores influenciam este crescimento, mas a diversificação de produtos fabricados com PCR nos últimos anos é um dos motivos que ajudaram a indústria a alcançar o resultado registrado.
Um bom exemplo vem da Extrusa-Pack, uma das maiores fabricantes de embalagens plásticas do país. A empresa acaba de lançar o saco para lixo Easybag reciclado, fabricado com plástico pós-consumo.
“Temos mais linhas de sacos para lixo com PCR e projetos para incluirmos nas sacolas plásticas quando solicitado pelo cliente, pois tivemos a alteração na Norma 14937 permitindo a aplicação de material pós-consumo”, conta Gisele Barbin, gerente comercial da Extrusa-Pack.
A NBR 14937 especifica os requisitos e métodos de ensaio para fabricação de sacolas plásticas tipo camiseta, destinadas ao transporte de produtos comercializados no varejo.
Gisele lembra que, antes mesmo de a norma ser publicada, em maio de 2023, a Extrusa-Pack já havia reservado investimentos para a devida adequação. “Nessa revisão da norma, foi inserida a possibilidade de incorporação de material plástico reciclado, oriundo de pós-consumo doméstico e não doméstico, desde que não sejam utilizadas como embalagem primária, ou seja, que não entrem em contato direto com produtos como alimento”, explica.
Para se ter uma ideia da expansão, atualmente o PCR representa 10% da produção de sacos de lixo da Extrusa-Pack. A empresa planeja dobrar este volume ainda no decorrer deste ano.
Descarte correto
O setor que mais consome PCR no Brasil é o de higiene pessoal, cosméticos e limpeza (responsável por quase 14% do total), no qual estão enquadrados os sacos de lixo da Extrusa-Pack.
A empresa trabalha com um conceito fundamental para a reciclagem: o descarte correto dos resíduos plásticos pelo consumidor.
“O lixo que descartamos pode se transformar em novo produto. A Extrusa-Pack está desenvolvendo os sacos reciclados criados com a colaboração de quem recicla em casa. Os descartes seguem para cooperativas e empresas parceiras, o que contribui para a inclusão social, gerando empregos”, reforça Gisele.
Entre as parcerias, ela cita a ONG Cidade Verde, que tem projetos voltados à economia circular e logística reversa.
“Juntos, estamos transformando o descarte de plástico pós-consumo em uma oportunidade de cuidar do planeta, capturando Co2”, finaliza a gerente.
Tendências e o futuro do PCR
Dentre as muitas utilidades e aplicações que podem vir adotar o PCR como solução no futuro, Gisele enxerga o segmento de embalagens, principalmente as coloridas, como uma forte tendência.
“A temperatura de mais de 200 graus elimina as bactérias dos resíduos, e, além disso, poupa matéria-prima nova, traz economia circular e redução nos custos”. Para ela, o aumento na produção seria ainda mais significativo se houvesse desoneração de impostos nos produtos reciclados.
A previsão da profissional vem de encontro à recente decisão de grandes marketplaces nacionais que buscam apresentar soluções de sustentabilidade para os clientes.
Em 2022, pela primeira vez o e-commerce brasileiro utilizou envelopes de segurança feitos com PCR para entrega de mercadorias.
Considerando o crescimento contínuo do comércio eletrônico, principalmente durante e após a pandemia de Covid-19, a adoção de embalagens recicladas pelos marketplaces pode dar novo impulso à reciclagem e abrir novas oportunidades de uso.
Sua indústria fabrica produtos com plástico pós-consumo reciclado? Conte nos comentários quais são eles!
Aproveite e conheça as etapas da reciclagem mecânica!