O uso de artefatos plásticos na agricultura está presente em praticamente todas as etapas do cultivo, desde o plantio (cobertura, proteção, irrigação) até a colheita, armazenagem e distribuição. Os ganhos de produtividade oferecidos pela plasticultura são muitos e bastante conhecidos, mas sua ainda baixa utilização no Brasil abre um campo fértil a ser explorado pela indústria de transformação.

Segundo dados da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), a agricultura responde por apenas 3% do consumo anual de transformados plásticos – participação que vem se mantendo estável nos últimos anos.

Este dado evidencia o grande potencial para os transformadores, fato comprovado pelo Cobapla (Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura), que promove a disseminação do uso do plástico no campo. Relatório da entidade aponta que houve crescimento médio do consumo de plásticos para cultivo protegido acima do PIB nacional no período entre 2005 e 2013.

Plástico Mulching

Entre os plásticos utilizados pelos agricultores destaca-se o filme mulching, que faz a cobertura do solo e apresenta muitas vantagens para otimizar o desempenho de diversas culturas:

  • Protege contra intempéries e auxilia no controle da erosão, da umidade e da temperatura do solo;
  • Diminui a incidência de ervas daninhas e contribui com a redução de uso dos defensivos agrícolas;
  • Diminui a perda de água e melhora o aproveitamento de fertilizantes;
  • Evita o contato da cultura com o solo, diminuindo a contaminação por fungos e bactérias;
  • Confere maior uniformidade e desenvolvimento das plantas.

Uma das principais características do filme mulching é sua alta resistência às intempéries e a garantia de uso por um período considerável. Esta regra, aliás, vale para todos os transformados plásticos utilizados na agricultura, tanto que a Abiplast classifica esta categoria como de ciclo médio de vida (de 3 a 5 anos).

Existem três tipos de filme mulching, cuja aplicação varia de acordo com as condições climáticas da região e da cultura cultivada.

Preto e Branco: Ideal para controle da temperatura. A parte branca voltada para cima reflete a luz solar, produz baixo aquecimento do solo e evita queimação das folhas. A luz refletida colabora inclusive no processo de fotossíntese.

Preto e Prata: Tem as mesmas características de absorção mais amena dos raios solares e de preservação da temperatura do solo, com a vantagem que a alta reflexão da luz tem ação repulsiva a insetos voadores.

Preto: De alta resistência, durabilidade e elasticidade, é indicado para regiões mais frias, pois sua cor proporciona maior absorção de calor e aumenta a temperatura do solo.

Oportunidades para a indústria

A discrepância entre a grande quantidade de áreas cultiváveis no Brasil e a baixa incidência da plasticultura representa uma janela de oportunidades para a indústria do plástico atuar ativamente neste segmento.

Em termos de áreas de cultivos protegidos, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial com 30 mil hectares, atrás da Espanha (69 mil hectares) e México (40 mil hectares), países com extensão territorial muito menor que a nossa. Ao mesmo tempo, enquanto por aqui o consumo de plástico pela agricultura gira em torno de 3%, no Japão e em alguns países da Europa é, em média, de 10%.

Para Hugo Vidal Reis, engenheiro agrônomo e membro da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, falta uma maior divulgação das vantagens do uso do mulching. “Por outro lado, precisaria haver também uma campanha de incentivo para recolhimento do plástico já utilizado, pois este tem sido um problema ambiental dentro das propriedades.”

O dilema ambiental

À parte os inegáveis benefícios do filme mulching para a agricultura, a questão da sustentabilidade deve ser levada em conta. Devido à necessidade de resistência, flexibilidade e durabilidade, o polietileno (PE) é o polímero mais utilizado na sua fabricação. Já existe uma alternativa mais amigável ao meio-ambiente, o bio-polietileno, um bioplástico produzido a partir de matérias-primas oriundas de fontes renováveis.

Porém, o bio-polietileno não é biodegradável e não elimina os riscos de uma eventual contaminação do solo. Neste sentido, a biodegradação é o maior desafio a ser superado pela plasticultura. Este processo demanda alto grau de controle, já que as condições climáticas a que é o mulching é submetido, somadas à presença de água, calor e micro-organismos, podem acelerar o processo de degradação do filme antes do fim do ciclo da cultura, reduzindo seu desempenho e comprometendo o resultado.

“Esses plásticos precisariam ter um percentual melhor de degradação dentro do tempo estipulado para uso. Alguns produtores acabam queimando aquela ‘montanha’ de plástico usado e criando outro problema, que é a fumaça da combustão desse material”, alerta Vidal Reis.

Sua indústria está atenta às oportunidades oferecidas pela plasticultura? Como este segmento tem sido explorado no seu mix de produtos?

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