Durante a fabricação de qualquer produto, todo cuidado para evitar a contaminação de materiais é pouco! Neste contexto, os cuidados na indústria de plásticos devem ser constantes, evitando a contaminação de polímeros.

Na indústria de plásticos, a contaminação de materiais nunca será bem-vinda, pois pode alterar diferentes propriedades (térmicas, mecânicas, reológicas, etc) de matérias-primas e produtos acabados.

Por essa razão, é fundamental adotar ensaios para identificar a contaminação de materiais, além de procedimentos preventivos para que este problema seja evitado na indústria de plásticos.

Contaminação de materiais plásticos e polímeros: O que é?

Dentro da indústria, a contaminação na área de materiais poliméricos é um fenômeno indesejado, uma vez que pode causar, dependendo do contaminante, a perda ou alteração das propriedades desempenhadas pelo material, prejudicando sua aplicação.

Neste contexto, a Prof.ª Dr.ª Edilene de Cássia Dutra Nunes, da FATEC Mauá e da Escola SENAI Celso Charuri, nos apresenta uma definição bastante clara sobre o que é essa contaminação.

“A contaminação de materiais plásticos engloba a mistura de um polímero em outro, a adição de substâncias em quantidades ou de tipos inadequados, como por exemplo, materiais inorgânicos (sílica, carbonatos) ou mesmo orgânicos (plastificantes poliméricos de baixa massa molar, desmoldantes, entre vários outros) que foram adicionados de forma indesejada na fabricação do plástico”.

Consequências da contaminação de materiais na indústria de plásticos

A contaminação de materiais causa alterações na estrutura e, consequentemente, nas propriedades dos polímeros que não são adequados à aplicação ou ao desempenho desejado.

Assim, quando há contaminação em uma indústria de plásticos, as consequências mais recorrentes podem ser:

  • Impurezas que geram prejuízos e danos em toda a produção;
  • Diminuição considerável da qualidade dos produtos;
  • Redução da vida útil dos equipamentos, como forno ou rosca;
  • Custos são elevados, devido ao desperdício de matéria-prima.

Além disso, a contaminação de materiais trará outras consequências indesejáveis do ponto de vista técnico:

“Com a contaminação teremos diminuição/aumento nas propriedades mecânicas (resistência à tração, ao impacto, à flexão), térmicas (resistência ao HDT, Vicat) e reológicas (alteração na viscosidade e no índice de fluidez)”, explica Nunes.

Há também a questão relacionada à saúde do consumidor. Alguns contaminantes podem apresentar características tóxicas e inviabilizar sua aplicação, caso seja constatada a sua presença em alguns materiais.

Este é o caso das embalagens alimentícias, que podem intoxicar os alimentos na presença de alguns tipos de contaminantes tóxicos.

Técnicas adotadas para identificar a contaminação de polímeros

Como vimos, a contaminação de polímeros na indústria do plástico é um fenômeno indesejado que deve ser evitado durante o processo de fabricação. Logo, a identificação das ocorrências de contaminação é fator crucial para buscar uma forma de impedir que ela ocorra novamente.

Para Edilene de Cássia, a adoção do controle de qualidade, quando realizada de forma permanente, é fundamental. “O controle de qualidade torna-se importante ao ponto de auxiliar na identificação de possíveis contaminações”.

Quanto à avaliação de possíveis misturas, a adoção de técnicas e ensaios de identificação dos materiais também adquire importância. São eles:

  • DSC (Calorimetria Diferencial Exploratória) – consiste em submeter a amostra a uma varredura na temperatura, em uma faixa pré-definida e, através das variações de entalpia, pode-se determinar algumas transições térmicas, que ocorrem em faixas de temperaturas específicas para cada polímero puro.
  • FTIR (Espectroscopia no Infravermelho) – representada por uma análise química que pode ser utilizada para a identificação de contaminantes nas amostras em estudo.
  • MFI (Índice de fluidez) – o índice de fluidez pode fornecer informações indiretas sobre a massa molecular do polímero, que é inversamente proporcional à viscosidade da massa polimérica.

“De forma isolada ou combinada estes ensaios fornecem dados para a avaliação do polímeros e identificação dos contaminantes que podem se fazer presentes”, complementa a professora.

Boas práticas para evitar a contaminação de materiais

Mais importante do que identificar a contaminação de materiais é promover boas práticas que evitem que polímeros sejam contaminados dentro do ambiente industrial.

O primeiro passo é detectar o motivo da contaminação de materiais. “Se foi algo acidental ou proposital, deve-se adotar ações corretivas para resolver o problema”, recomenda Edilene.

A solução deste problema depende de treinamento, informação aos responsáveis ou qualquer outra ação necessária para sanar o problema.

Em uma segunda etapa, a instalação de equipamentos, a manutenção preditiva e periódica e o retrofit de máquinas ou acessórios são ações que podem sanar ou mitigar a contaminação.

Dessa forma, priorizar medidas que elevem a capacidade de controle de qualidade na fabricação de materiais plásticos adquire grande importância, reduzindo defeitos, desperdícios e evitando a contaminação de materiais.