A indústria do plástico está em constante transformação, seja para se tornar mais sustentável, seja para ser mais tecnológica. Neste cenário, a digitalização se destaca.

A digitalização na indústria do plástico faz referência ao uso de tecnologias digitais que melhorem a eficiência, produtividade, segurança, qualidade e gestão das operações industriais. 

Por meio dessa transformação digital, as indústrias do segmento têm acesso a dados mais precisos e podem gerenciar melhor os seus recursos, resultando na automatização de processos e tarefas, redução dos custos de mão de obra e aumento dos lucros. 

Convidamos Luiz Gustavo Kass Mwosa, sócio fundador da Datawake Digital, para falar sobre este tema, com suas vantagens e desafios.

Digitalização na indústria do plástico: o que significa?

Nos últimos anos, a indústria do plástico está acompanhando a tendência de outros segmentos industriais e começa a entrar definitivamente na era 4.0. 

Para alcançar isso, seguir algumas etapas torna-se uma necessidade. E a primeira dessas etapas é a digitalização. 

Dentro da Indústria 4.0, Luiz Gustavo Mwosa salienta que a digitalização nada mais é que substituir processos manuais por processos digitais geradores de dados.

“A digitalização Industrial é a melhor forma para o gestor poder enxergar a operação através de dados”, complementa.

Para isso, o fundador da Datawake explica que há o uso de diferentes tecnologias que vão ajudar a indústria a gerir cada etapa da sua produção, além de ajudar nos cálculos e no planejamento dos próximos passos da empresa.

“A partir daí a digitalização permite implantar inteligência artificial para exponencializar resultados ajudando as máquinas (novas ou antigas) e as pessoas de maneira geral (operadores, técnicos, engenheiros e administradores)”, complementa.

Vantagens da digitalização na indústria de plásticos

Quando implantada na indústria do plástico ou em qualquer outro segmento, a digitalização garantirá a conquista de uma série de vantagens.

Para explicar essa importância, Luiz Gustavo Mwosa faz uma simples analogia. “Até a terceira revolução industrial é como se nós vivêssemos numa escuridão, e de repente adquirimos a capacidade de enxergar”. 

O especialista ressalta ainda que somos só nós, humanos, que passamos a enxergar com praticamente uma capacidade limitada, o sistema também passa a enxergar tudo o que acontece dentro da planta industrial.

Com a digitalização, o sistema processa os dados e devolve as soluções para cada caso “personalizado”. 

“É incrível, um sonho da engenharia. Ao invés de nós humanos termos que ficar procurando oportunidades, com a digitalização na indústria, um sistema passa a ser um radar constante de identificação de oportunidade e de adaptação autônoma”, diz Mwosa, entusiasmado. 

Disso, o uso da digitalização se desdobra em várias possibilidades, desde não apenas evitar a peça não conforme, mas maximizando o resultado de uma peça conforme. 

Outro exemplo, o sistema digital pode alimentar times Kaizen de maneira cirúrgica, restabelecendo e exponencializando ainda mais os resultados de um trabalho como esse.

Confira a seguir alguns benefícios que a indústria do plástico pode conquistar ao promover a digitalização de seus processos:

Reduz o custo na produção – A digitalização na indústria do plástico proporciona economia na produção, melhorando o aproveitamento das diversas matérias-primas e agilizando os processos.

Aumenta a produtividade – A Inteligência Artificial tem a capacidade de otimizar as etapas do processo produtivo, encontrar maneiras mais ágeis e reproduzir as etapas em menos tempo.

Reduz falhas no processo – Como já citado por Mwosa, a IA impedirá que aconteçam falhas na produção de peças plásticas.

Identifica problemas com mais agilidade – Na indústria do plástico, a identificação tardia de algum problema pode gerar um custo bem alto. Com a digitalização, a detecção dos problemas acontece de maneira muito mais ágil e menos custosa.

Analisa dados com mais eficiência – Analisar dados do sistema de produção ou de qualquer outro setor da indústria é muito mais eficiente quando os sistemas estão digitalizados.

Etapas de implantação da digitalização no ambiente industrial

Para se aproveitar de todos os benefícios da digitalização, o gestor da indústria deve, necessariamente, “arrumar a casa” para promover a transformação digital da sua empresa.

Para implementar a digitalização na sua indústria, Luiz Gustavo Mwosa indica que há basicamente 3 passos que devem ser seguidos:

Etapa 1 – Iniciar o processo pela pré-digitalização

Nessa etapa inicial, o fundador da Datawake explica que é preciso organizar o chão de fábrica através das técnicas de Lean, 5S, etc. “Para o sucesso da implementação, é exigido que tudo esteja minimamente em ordem”, salienta.

É seguida, há a preparação do “mindset” e da cultura da digitalização. “Na indústria, este é um processo que nunca acaba”, diz.

Por fim, é bastante importante ter um objetivo e saber onde a indústria quer estar daqui determinado período. “É preciso saber ‘para que’ o processo será digitalizado. Não faz sentido digitalizar por digitalizar”, recomenda Mwosa.

Etapa 2 – Preparar o corpo

Nessa segunda etapa, Mwosa faz um paralelo à fisiologia humana.

Sistema Esquelético da digitalização: tem a função de preparar a infraestrutura. Exemplo: redes, servidores, wi-fi, nuvem, etc.

Dar às máquinas a capacidade de “sentir”, ou seja, sensorizar a operação.

Criar memória: é preciso criar um Banco de Dados único, estruturado e organizado.

Criar o corpo: Integrar os sistemas existentes ao novo sistema digital.

Etapa 3 – Aplicar módulos de Inteligência Artificial

Essa etapa tem como objetivos orientar as pessoas e as máquinas com informação para ação, ou na maioria das vezes, agindo de forma autônoma.

Alguns desafios merecem total atenção

Assim como ocorre com uma máquina nova, sistema alterado ou de um novo colaborador, a digitalização na indústria do plástico tem alguns desafios importantes.

Para Luiz Gustavo Mwosa, o primeiro e o mais perigoso desafio é o mindset.  Segundo ele, a quarta revolução industrial é “abstrata”, depende do seu entendimento. 

Da primeira à terceira revolução, qualquer pessoa que entrava em uma fábrica poderia ter uma boa ideia de como a operação funciona.

Ela facilmente iria identificar quais processos essa fábrica utiliza, por exemplo, injeção, calandragem, extrusão, prensagem, etc. Mas não poderia enxergar os algoritmos que essa operação utiliza, já que eles são “invisíveis”.

Para o especialista, é aí que mora o perigo. “Uma pessoa ou empresa poderá se contentar com uma solução modesta, que não deixa de ser digital”, salienta. 

Por exemplo, monitorar as máquinas em tempo real ou controlar o que chamamos de OEE (Overall Equipment Effectiveness ou Eficiência Global do Equipamento). Isso já existia na terceira revolução, não é novidade. 

Ficou mais fácil, mais bonito, mas não é a revolução”, complementa.

Para superar este desafio, Mwosa diz ser importante trabalhar a cultura e ficar atento ao “não sei que não sei”.

“O que você enxergou hoje pode estar desatualizado amanhã. Então, sempre deve-se questionar se o que está sendo realizado continua fazendo sentido ou se deve ser atualizado ou modificado”, sugere.

Outro desafio é que estamos ainda no início da revolução, então nem sempre os ganhos sobre um desenvolvimento são claros porque, se é realmente novo, pode nunca ter sido feito ou testado. “Esse é um desafio para muitas empresas, especialmente aquelas mais conservadoras”, finaliza Mwosa.

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