A extrusão é o processo produtivo mais utilizado no país para a fabricação de transformados plásticos. De acordo com o Perfil 2022 da indústria do plástico elaborado pela Abiplast, ele responde por 60% do total da produção brasileira.
Em linha gerais, a extrusão consiste na fusão do material plástico, que é forçado de forma controlada através de um cilindro. Na saída, é comprimido por uma matriz e adquire a forma do produto desejado.
O tipo de transformado plástico fabricado é o que define o método de extrusão. Alguns exemplos são:
- Sopro (garrafas e frascos);
- Perfil (tubos, cabos revestidos, mangueiras);
- Monofilamento (linha de pesca, cerdas para escovas, fibras têxteis)
- Chapa (chapas e lâminas para embalagens termoformadas, acessórios para linha branca); e
- Filme (filmes e películas para embalagens flexíveis).
A extrusão por filme se dá por dois processos: plano também chamado de cast) e tubular (ou balão). Este último é mais utilizado na obtenção de filmes que serão soldados em sacos ou sacolas. Saiba mais sobre isso a seguir.
Matriz circular
Técnico em plásticos pelo SENAI Mario Amato, engenheiro químico pela E. E. Mauá e mestre em Engenharia Química com ênfase em Ciência e Tecnologia de Polímeros pela FEQ/Unicamp, Ricardo Cuzziol explica que, na extrusão de filmes balão, o plástico fundido passa por uma matriz que tem a forma circular, normalmente, voltado para cima.
O plástico, então, é puxado até o topo de uma torre, que sela a abertura e faz o puxamento. “Ar é insuflado dentro desse tubo, formando um balão – daí o nome de extrusão de filme balão ou filme tubular. A espessura do filme final é dada pela velocidade de puxada e também pela quantidade de ar insuflada”, completa o especialista.
No conteúdo do seu canal de YouTube que explica a diferença entre os dois processos, Cuzziol destaca como vantagens do filme tubular:
- Oferece melhor balanço de propriedades (longitudinal x diâmetro);
- Possibilita uma gama maior de dimensões (largura);
- Gera menos aparas;
- Pode ser utilizado na fabricação de filmes encolhíveis e de menor espessura;
- Dispensa a solda lateral na fabricação de sacolas plásticas.
Por outro lado, o equipamento ocupa um amplo espaço físico vertical, o que pode demandar adaptações na planta.
Conhecimento e qualificação
Assim como os demais processos de moldagem de plásticos, a extrusão de filmes balão e tubular exige conhecimento específico da máquina e seus ajustes, obtido por meio da prática ou de cursos orientados para este fim.
A falta de qualificação pode resultar em impactos negativos na qualidade e produtividade. “Muitos problemas são específicos da extrusão de filmes tubulares, e um operador bem treinado será mais capaz de solucioná-los”, afirma Cuzziol.
Há também questões fundamentais relacionadas à segurança, já que os equipamentos para transformação do plástico, em geral, possuem partes móveis e pontos que oferecem risco de esmagamento.
“Além disso, a exposição a temperaturas elevadas e ao material fundido pode causar queimaduras. Saber manusear o equipamento evita acidentes dessa natureza, bem como o uso correto de EPIs”, alerta o especialista.
Melhores práticas para a extrusão de filme tubular
Os controles para garantir a qualidade do filme extrudado também dependem da aplicação final. De maneira geral, segundo Cuzziol, envolvem o controle de espessuras, de largura ou diâmetro do balão. Essas configurações influenciam nas dimensões finais dos filmes e na coloração.
A transparência e ausência de pequenos pontos do material plástico que não fundiu adequadamente (géis) podem fazer parte do controle, de acordo com o produto. No caso dos filmes que serão impressos, são necessários controles específicos da qualidade superficial, como ensaios de resistência e alongamento.
“A extrusão em geral, e a de filmes tubulares em particular, chega a ser uma arte. Entender o efeito de cada ajuste no comportamento do produto extrudado é fundamental”, orienta Cuzziol.
Neste sentido, o profissional cita como determinantes para o sucesso ou fracasso da operação: fluxo de ar de resfriamento, temperaturas do material e do ar, velocidades de extrusão e de puxada, formulação do material e uso de aditivos. “Por isso, a experiência e o treinamento dos operadores são fundamentais”.
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