Biodegradável, polímero PBAT pode vir a substituir outros em diferentes aplicações no futuro

PBAT é a sigla para polibutileno adipato cotereftalato, um copolímero conhecido por suas propriedades biodegradáveis.

Ou seja, em condições adequadas, ele se degrada por meio de ação microbiana, convertendo-se em moléculas de água, CO2 e biomassa. 

“Por depender de condições específicas, o PBAT necessita de controles e monitoramento, por exemplo, de temperatura e umidade”, esclarece Clodoaldo Lazareti, professor do curso de Engenharia de Produção do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia).

“Vale ressaltar que nem todos os sistemas de compostagem são adequados para PBAT.”

Como o PBAT é produzido?

Embora seja biodegradável, o PBAT é produzido a partir de fontes não renováveis, como o petróleo. Sua composição envolve um processo de policondensação envolvendo butanodiol, ácido adípico e ácido tereftálico.

Esse processo resulta nas propriedades que tornam o polímero atrativo para diversas aplicações, especialmente filmes flexíveis para embalagens e sacos de lixo compostáveis.

Como é transformado?

O PBAT é comumente fornecido para a indústria em pellets e, dependendo da aplicação, pode ser transformado pelos processos convencionais sem demandar mudanças nas máquinas já utilizadas pelos transformadores.

A única exigência é quanto à temperatura e secagem que, se não forem bem ajustadas, podem ocasionar a degradação precoce do material.

Injeção e termoformagem: Utilizados na fabricação de peças mais complexas e de maior precisão dimensional.

Extrusão: Filmes, folhas, tubos e perfis.

Extrusão de filmes: Embalagens flexíveis.

Sopro: Embalagens rígidas, garrafas e potes.

Características

Como dito anteriormente, a principal característica do PBAT é a capacidade de se decompor em condições corretas de compostagem.

Em termos estruturais, o polímero apresenta também as seguintes propriedades:

  • Boa flexibilidade, semelhante aos demais polímeros utilizados em embalagens;
  • Resistência ao impacto;
  • Facilidade de transformação;
  • Boa barreira a gases.

PBAT e suas aplicações

As aplicações mais comuns do PBAT são:

Embalagens: embalagens flexíveis para alimentos e produtos agrícolas, sacos de lixo compostáveis.

Agricultura: tubetes para mudas, filmes para cobertura de solos e mulching.

Medicina: dispositivos médicos biodegradáveis.

Indústria automotiva: painéis internos e revestimentos.

Polímero alternativo

Em razão de sua biodegradabilidade, o PBAT tem sido visto como uma alternativa a outros materiais, desde que em aplicações finais com ciclo de vida curto.

Como exemplos, estão o polietileno (sacolas de supermercado, filmes para embalagens), polipropileno (filmes e itens descartáveis) e policloreto de vinila (filmes para alimentos).

No entanto, para essa possível substituição está subordinada a algumas variáveis, como aponta o professor Clodoaldo:

“Quando se trata de escala industrial, é imperativo levar em consideração alguns fatores, tais como custo de manufatura, no qual o foco em desenvolvimento e eficiência produtiva tem grande relevância, desempenho e propriedades requeridas, visto que suas propriedades mecânicas e térmicas podem não ser adequadas para determinadas aplicações”, explica.

Ele chama atenção também para outros aspectos:

  • A infraestrutura de compostagem não está consolidada em diversas regiões;
  • Resistência a mudanças por parte da indústria, uma vez o uso de que polímeros tradicionais já está consolidado;
  • Dúvidas dos transformadores com relação à capacidade do seu parque fabril, a necessidade de readequar os processos e o viabilidade financeira.

Reciclagem ou compostagem?

Por se tratar de um polímero biodegradável, à primeira vista a compostagem parece uma alternativa mais viável que a reciclagem em relação ao descarte do PBAT.

No entanto, como alerta Clodoaldo, para que o PBAT se decomponha efetivamente são necessárias condições específicas, como controle de temperatura, umidade e aeração adequada.

Embora tentadora, a solução da compostagem doméstica pode resultar em decomposição mais lenta ou incompleta, uma vez que por desconhecimento ou limitações físicas, os métodos caseiros tendem a não atingir as condições necessárias.

“O processo de compostagem doméstica do PBAT pode ser um pouco mais complexo do que a compostagem de resíduos orgânicos comuns, e há alguns fatores a considerar”, compara.

Assim, a compostagem industrial se apresenta como a mais adequada, pois todo controle, medição e análise contínua favorecem o desempenho e a eficiência do processo.

Por outro lado, ressalta o professor, a estrutura de compostagem industrial no Brasil ainda está caminhando a passos lentos.

“Mesmo existindo iniciativas e instalações dedicadas à compostagem de resíduos orgânicos e até alguns materiais compostáveis, a infraestrutura para a compostagem industrial de bioplásticos como o PBAT não está completamente consolidada. Requer um plano de investimento e incentivos, principalmente nos grandes centros urbanos.”

Felizmente, a biodegradação não é a única solução. Por se tratar de um polímero, o PBAT pode ser submetido tanto à reciclagem mecânica quanto à química.

Na dúvida, a melhor escolha para o consumidor é o descarte correto, para que os produtos feitos de PBAT e de outros polímeros sigam para as usinas de reciclagem a fim de receber o tratamento adequado.

Sua indústria já substituiu algum polímero pelo PBAT? Conte nos comentários quais foram os resultados.