Para se ter uma ideia, o plástico e o papel representam, somados, mais de dois terços do valor bruto da produção física de embalagens (números de 2022), segundo estudo da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE).

Mais especificamente, a participação do plástico no total é de 33,6%, enquanto que a do papel (junto com cartolina, papel-cartão e papelão ondulado) é de 34%.

Mas de onde vêm estes materiais?

Produção do plástico

O processo de fabricação varia de acordo com o tipo de plástico que se deseja obter (como você pode conferir na nossa série Raio X dos Materiais), mas basicamente segue estas etapas:

Matéria-prima: os monômeros que formam o plástico são extraídos de fontes naturais como petróleo – o mais comum, do qual se obtém a nafta –, gás ou carvão (aqui não vamos entrar na questão dos bioplásticos).

Polimerização: processo que submete os monômeros a reações químicas para formar os polímeros, as cadeias longas de monômeros. Há diferentes processos de polimerização, como suspensão, emulsão e solução.

Moldagem: é a transformação do material polimérico no produto final (embalagens, placas, utensílios etc.). Neste caso, também há vários processos: extrusão, injeção, sopro, rotomoldagem e outros.

Finalização: o plástico moldado é resfriado, acabado (corte, polimento, eliminação de rebarbas) e submetido a testes de qualidade (resistência, durabilidade e outros).

Aditivos: durante as etapas de polimerização e moldagem, o polímero pode receber aditivos e modificadores (estabilizadores de calor, antioxidantes, corantes, lubrificantes) para conferir características específicas ao produto final.

Produção do papel

Da mesma forma, o processo de fabricação do papel pode sofrer variações. Estas são as etapas mais comuns:

Matéria-prima: o papel é feito com celulose, um material fibroso convertido a partir da madeira (normalmente pinheiro e eucalipto).

Preparação: a madeira é cortada em toras e, depois, em lascas, e transformadas em pequenos pedaços, os cavacos.

Polpação: um processo químico extrai a lignina (substância que confere resistência às fibras de celulose) e dá origem à polpa, que segue para a etapa de lavagem para eliminação das impurezas.

Massa: por meio de tratamento com aditivos químicos e alterações de temperatura, a polpa é transformada numa pasta já com algumas características necessárias ao produto final (cor, resistência, qualidade de impressão).

Fabricação: a pasta passa por um equipamento que retira o que sobrou de umidade e segue para outros (rebobinadeira, desenroladeira) a fim de obter as especificações finais.

Branqueamento: no caso de alguns tipos de papel, como as folhas para impressão, a polpa pode receber alterações químicas para ficar mais clara e brilhante.

Mitos sobre o plástico e o papel

Tanto o plástico quanto o papel sofrem com a desinformação, principalmente no que se refere à questão ambiental.

O plástico costuma ser apontado erroneamente como o “vilão” do meio ambiente, quando, na verdade, sua aplicação traz numerosos benefícios. Entre eles, a diminuição de CO2 emitido pelos veículos, aumento da validade dos alimentos e outros.

Os polímeros são substitutos mais baratos e ecológicos de materiais como metais e cerâmica. Além disso, o plástico é reciclável, e as embalagens feitas com o material reciclado são 100% seguras.

A cada dia, surgem fontes alternativas para a fabricação do plástico, como cana-de-açúcar, milho e até bactérias.

Já no caso do papel, alguns dos mitos mais comuns são que sua fabricação provoca desmatamento, aumenta a emissão de gases de efeito estufa e consome uma quantidade excessiva de água.

De acordo com a organização sem fins lucrativos Two Sides, a celulose é extraída de árvores cultivadas (não de florestas nativas), cujas plantações, manejadas de forma sustentável, ajudam a combater as mudanças climáticas.

Sobre a emissão de GEE, a entidade garante que o consumo de carbono fóssil é bastante baixo e que a matriz energética do setor é formada principalmente por energia renovável.

Na questão da água, utilizada em abundância na extração da celulose e na fabricação do papel, a Two Sides cita o relatório anual Ibá, segundo o qual 82% desta água retorna às fontes após tratamento dos efluentes. O papel é reciclável e biodegradável.

Reciclagem

“Ambos [plástico e papel] desempenham papéis significativos na sociedade moderna, mas é crucial compreender as implicações ambientais ao longo de sua vida útil, especialmente no que diz respeito à cadeia de reciclagem e aos processos de descarte”, diz Daiana Silles, coordenadora de Desenvolvimento de Produtos e Projetos de Operações da eureciclo.

Em termos de processo de reciclagem, segundo Daiana, o do papel é eficiente e consome menos energia, enquanto o do plástico pode ser mais complexo e dispendioso, dependendo do produto:

“As empresas desenvolveram embalagens que mesclam diferentes materiais, como embalagens multicamadas com plástico e alumínio, o que dificulta o processo de reciclagem. Nesse contexto, as embalagens monomateriais recebem cada vez mais destaque. Elas são feitas de um único material, permitindo assim, sua total reciclagem.”

De todo modo, se esses materiais forem gerenciados e processados corretamente após o consumo, como no trabalho desenvolvido pela eureciclo, a aplicação da logística reversa na cadeia produtiva assegura a economia circular e promove renda e inclusão socioambiental aos profissionais da reciclagem, aponta a coordenadora. 

“Sempre tomamos o cuidado de não retratar os resíduos como vilões, pois nosso foco é orientar sobre o descarte adequado de qualquer tipo de material. E afinal, não podemos esquecer que o plástico é necessário na produção de inúmeros produtos fundamentais na necessidade humana, e com o uso consciente, torna-se um grande aliado.”

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