A disseminação das chamadas fake news ganhou os noticiários nos últimos anos.
Dois fatos devem ser notados: primeiro, notícias sem fundamentação sempre circularam na sociedade; elas só foram potencializadas recentemente pelas redes sociais e grupos de aplicativos de mensagens.
Segundo, as fake news permeiam todos os segmentos da sociedade, afetando a reputação de pessoas, empresas, produtos e serviços.
“Em qualquer setor ou área específica, a desinformação é um problema que pode tomar grandes proporções, chegando até a induzir as pessoas a tomarem decisões erradas ou prejudiciais à saúde e ao meio ambiente por conta disso”, atesta Elias Augusto F. Soares, mestre em Engenharia Mecânica com ênfase em Materiais e Processos pelo Centro Universitário FEI e professor em diversos cursos na área.
“O combate à desinformação é importante para que possamos continuar crescendo como uma sociedade inteligente e como comunidade científica bem-vista.”
Desde 2018, Elias mantém um canal no YouTube especializado em ciência de polímeros, o Universo Plástico, para promover a disseminação correta de informações desta classe de materiais de forma descomplicada, mas sem perder a base científica.
“Principalmente no setor de plástico, a desinformação pode levar o público a pensar que tudo que é feito com esse material gera câncer ou acaba nos oceanos ou, até mesmo, que é prejudicial ao meio ambiente, e que, por esses motivos, não se deveria mais o utilizar”, alerta.
Raízes da desinformação
Elias avalia que, para muitas pessoas, a desinformação é mais atraente do que a informação verdadeira, especialmente quando disseminada na Internet, um meio em que boa parte do público consome conteúdo sem se preocupar em verificar a credibilidade da fonte da informação.
“As fontes de desinformação podem partir de diversos lados, desde crenças populares, má interpretação de texto e contexto tendencioso, até casos inventados e elaborados propositalmente para deturpar a imagem de algo.”
Na opinião do especialista, este último é o pior caso, ou seja, a desinformação planejada e elaborada intencionalmente para prejudicar determinado mercado.
Como combater?
Desinformação se combate com informação correta e cientificamente embasada. Se os consumidores são mais suscetíveis às fake news, os profissionais, técnicos e demais envolvidos com a indústria do plástico são os agentes mais capacitados para elaborar e disseminar argumentos sólidos para combatê-las.
“O combate à desinformação só é possível se quem recebeu a informação falsa possuir um senso crítico e algum embasamento prévio e, para isso, é fundamental investir na divulgação científica aberta ao grande público e, claro, valorizar os estudos e pesquisas na área a fim de munirmos o corpo científico e a sociedade de fatos, não de achismos”, diz Elias.
Mitos e verdades sobre os plásticos
A pedido do Mundo do Plástico, Elias esclareceu o que é mito e o que é verdade em relação a algumas das afirmações mais comuns sobre o plástico. Confira:
O plástico é o maior inimigo do meio ambiente.
MITO. Em muitos casos, o material plástico é a melhor opção para o ambiente. O plástico é responsável pela diminuição da emissão de CO2 dos veículos, pelo aumento da validade de alimentos, pelo menor gasto de água na reciclagem de materiais, entre outros fatores. O maior inimigo do ambiente continua sendo o descarte errado pelo ser humano.
Embalagens feitas com plástico reciclado não são seguras.
MITO. Todas as embalagens plásticas que utilizam parte ou 100% de material reciclado são testadas e validadas antes de sua comercialização para garantir a segurança do seu conteúdo e dos usuários.
O plástico é uma alternativa mais barata e ecológica para outros materiais.
VERDADE. Em alguns casos, devido a seu preço de mercado, tipo de fonte e baixa densidade, o plástico se torna uma opção mais barata e ecológica, substituindo alguns metais, cerâmicas e, inclusive, outros plásticos.
É possível produzir plástico a partir de matérias-primas de fontes renováveis.
VERDADE. Alguns plásticos comerciais, como PLA, PEAD e outros, são 100% provenientes de fontes renováveis. A cana-de-açúcar, milho, outros vegetais e até mesmo bactérias são responsáveis pela produção de substâncias que dão origem a esses plásticos.
Todo plástico leva 400 anos para se decompor na natureza.
MITO. Cada tipo de plástico possui um tempo específico de decomposição, que é estimado por meio de testes científicos. O tempo de decomposição dos plásticos pode variar desde semanas até séculos, dependendo da sua composição.
Compostar o plástico é melhor do que reciclar.
MITO. A compostagem é uma boa opção de fim-de-vida somente para plásticos que possuem intrinsicamente a capacidade de se compostar em ambientes com condições adequadas. Nem todos os plásticos são compostáveis ou biodegradáveis, então outros processos, como a reciclagem, podem ser mais benéficos. Vale realizar o estudo de cada material.
Como sua indústria lida com as informações falsas sobre o plástico?
Informação é a maior aliada, então aproveite e confira a cobertura de conteúdos Plástico Brasil 2023 na plataforma Plástico Brasil Xperience!