Largamente utilizada na fabricação de transformados plásticos ocos e de grandes dimensões, a rotomoldagem cada vez mais vem sendo adotada por segmentos que demandam peças customizadas ou de alta complexidade, como a indústria de brinquedos ou na plasticultura.
Para Juliano Jardel Rasera, gerente de Operações da Tecnotri Indústria de Plásticos, uma das maiores vantagens deste processo é o fato de que o polietileno rotomoldado consegue dar origem a peças mais resistentes e com longa vida útil.
“Outra vantagem do plástico rotomoldado é a facilidade de higienização em peças com superfícies rugosas. Este efeito pode variar de acordo com a cavidade da forma, a fluidez e a granulometria da resina utilizada, além das velocidades rotacionais e das temperaturas da fabricação”, explica.
Passo a passo para produzir rotomoldados
A rotomoldagem consiste na produção de peças que tomam forma quando o plástico moído é inserido dentro de um molde e fundido em fornos dotados com um sistema de rotação vertical e horizontal – daí derivam também os outros nomes pelo qual o processo é conhecido: fundição rotacional e moldagem rotacional.
A transformação do plástico rotomoldado se dá em quatro etapas:
- Carregamento: Normalmente feito com polietileno, PVC ou polipropileno em forma micronizada (moída) e na dosagem certa para preencher todo o molde, que é selado em seguida;
- Aquecimento e rotação: Dentro do forno, o molde é submetido ao movimento de rotação biaxial, de modo que o polímero derretido pela alta temperatura preencha o molde por igual;
- Resfriamento: Pode ser feito em temperatura ambiente, por jato de ar, pulverização de água ou envolvendo o molde em uma camisa de refrigeração;
- Desmoldagem: Extração da peça pronta de dentro do molde.
“O equipamento de rotomoldar é, em média, 5 vezes mais barato do que uma injetora ou uma sopradora que faça peças do mesmo porte. O molde também fica de 3 a 4 vezes mais barato”, compara Rodrigo Ebert Harsteln, engenheiro de materiais e diretor-presidente da fabricante de brinquedos Xalingo. No entanto, ele faz uma diferenciação: “Com a injeção, eu consigo tirar muito mais peças em menos tempo, então posso fazer grandes lotes e produtos mais baratos”.
Precauções
Embora o processo seja simples e de baixo custo, alguns cuidados são necessários para não prejudicar a qualidade das peças fabricadas com plástico rotomoldado:
- As partículas do polímero moído precisam ser do mesmo tamanho, pois as mais finas podem fundir mais rapidamente que as demais e gerar defeitos internos, enquanto as mais grosseiras tendem a não preencher todos os detalhes do molde;
- A espessura do molde deve permitir que o polímero no seu interior seja aquecido por igual e oferecer uma vedação perfeita para evitar vazamento do ar interno;
- Se a temperatura de fusão for muito baixa, pode ocasionar formação de bolhas que comprometem as propriedades mecânicas da peça; se muito alta, pode incorrer na degradação termo-oxidativa nas paredes internas;
- Resfriamento muito lento pode resultar em peças rígidas, mas com baixa resistência; já a diferença brusca de temperatura no resfriamento muito rápido pode causar empenamento da peça.
Juliano Jardel Rasera lista outras vantagens da rotomoldagem: “A produção de peças únicas, sem soldas ou emendas, a diversidade de cores, modelos e formatos, assim como a resistência a intempéries e impactos. Outros pontos destacáveis são a obtenção de materiais anticorrosivos, recicláveis, leves, duráveis e seguros”.
Rotomoldados em franca expansão
A construção civil, principalmente em reservatórios de água, mas também em dutos condutores de entulho e outras peças, é a que mais utiliza o plástico rotomoldado. Mas diferentes setores têm aumentado sua opção por este tipo de transformado, como é o caso da agricultura (silos, depósitos de semeadura, tanques de irrigação), indústria de brinquedos (playgrounds, partes e peças) e automotiva (tanques, painéis), logística (caçambas, paletes) e até fitness (painéis para esteiras) e náutica (caiaques).
Ainda assim, em 2020, a rotomoldagem representou apenas 1% dos processos produtivos para fabricação de transformados plásticos. Para Rodrigo Ebert Harsteln, é uma questão de demanda: “O mercado para rotomoldagem ainda está muito focado em peças grandes e com alguma complexidade de engenharia. É um mercado muito específico, e por isso não é tão difundido quanto, por exemplo, a injeção, que tem uma demanda gigantesca e a gente faz milhares, milhares e milhares de peças”.
Juliano Jardel Rasera confirma que o setor de rotomoldagem está em franca expansão. “Os principais motivos são flexibilidade de design das peças, baixo desperdício de materiais e, principalmente, pela versatilidade do plástico rotomoldado em substituir componentes metálicos na indústria e no setor automotivo”.
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