Ferramentas estão presentes de ponta a ponta no processo de transformação do plástico, desde o projeto até o acabamento

De automóveis a eletrônicos, da medicina aos alimentos, as ferramentas são fundamentais no processo industrial dos mais diversos setores econômicos.

Na indústria de transformação do plástico, esta relevância é ainda maior, em especial no processo de injeção. Segundo a ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), em 2020, de cada quatro produtos fabricados com transformados plásticos, um foi por injeção.

Isso porque esse processo depende de moldes para conferir o formato, dimensão, características e precisão às peças plásticas.

Mas não só isso. A ferramentaria está presente de ponta a ponta no processo de transformação do plástico, desde o projeto, quando designers e engenheiros de produto trabalham no desenvolvimento de moldes viáveis para produção em larga escala, até o acabamento, na retirada de rebarbas e polimento das peças injetadas.

Avanços na ferramentaria

Na avaliação de Gustavo Spina, coordenador de Tecnologia do SENAI-SP, a indústria brasileira vem alcançando um avanço significativo em relação à tecnologia que está sendo incorporada aos processos de ferramentarias nacionais.

Ele destaca, principalmente, a evolução na formação de recursos humanos e a promoção de capacitação para que os atuais profissionais que atuam no setor agreguem cada vez mais conhecimento e competências para aplicar as novas tecnologias de forma efetiva.

“Isso faz com que a gente tenha aliado a grande criatividade dos trabalhadores da nossa indústria com a adaptabilidade que nós conseguimos entregar. Assim, nos posicionamos cada vez mais fortemente como provedores também de tecnologia e de projetos com inovações tecnológicas que são importantes e necessários para que nos manter competitivos no mundo atual”, completa.

Segundo Spina, no Brasil a concorrência dos produtos asiáticos ainda é muito forte, porque naquele continente há alto investimento em inovação e tecnologia, e isso resulta em ganhos significativos de produtividade, derrubando os custos sem prejudicar a qualidade dos produtos.

Daí a importância das políticas que o Brasil tem adotado para promover o fomento de recursos e financiamentos a baixo custo para atualização do parque tecnológico.

Moldes

Uma vez que os moldes são o “coração” da transformação por injeção, a ferramentaria influencia diretamente na qualidade do produto final em aspectos como:

  • Precisão: o molde garante as corretas dimensões das peças e evita problemas de encaixe e funcionalidade, por exemplo.
  • Acabamento: o acabamento superficial do molde influencia o acabamento da peça plástica.
  • Durabilidade: para reduzir custos de produção, os moldes devem ser duráveis e de maior vida útil.
  • Consistência: são os moldes que permitem a produção em escala de peças idênticas e sem variações.
  • Redução de defeitos: moldes de qualidade e bem ajustados evitam o surgimento de trincas, distorções e outras falhas durante a transformação.
  • Eficiência: Ferramentas eficientes otimizam as várias etapas do processo de produção e ajudam a reduzir o tempo de ciclo e os custos.
  • Conformidade: A fabricação de uma grande gama de produtos plásticos está sujeita a padrões e normas de conformidade, cujos requisitos são atendidos pelas ferramentas.
  • Redução de refugos: ferramentas de qualidade e bem ajustadas resultam em produtos sem defeitos.

Além disso, a indústria de máquinas e equipamentos vem investindo em processos que agilizam a troca dos moldes a fim de reduzir o tempo de parada da máquina, como o SMED (Single Minute Exchange of Die).

Desafios e tendências

A Indústria 4.0 está entre os desafios e tendências da ferramentaria. A digitalização na indústria de transformação estende-se aos moldes e ferramentas, que passam a operar com novas tecnologias, como softwares de simulação e impressão 3D.

Entre outros desafios que impactam o setor está a crescente complexidade dos transformados. À medida que o plástico vem substituindo outros materiais nas mais diferentes indústrias, aumenta a necessidade de designs mais complexos, o que demanda ferramentas mais sofisticadas e precisas.

O mesmo se dá com a ampliação do uso de biopolímeros e de novos materiais plásticos desenvolvidos para a fabricação de peças com propriedades mecânicas e térmicas mais exigentes.

“Os novos produtos e novos tipos de materiais plásticos ou poliméricos, como os biopolímeros ou os materiais biodegradáveis, têm mexido bastante com toda a cadeia”, constata Spina.

Para ele, todos os aspectos ambientais ligados à política ESG e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU representam uma oportunidade importante na preservação dos recursos naturais.

“O desenvolvimento e a formação de recursos humanos são extremamente importantes para que nós consigamos adaptar toda a parte tecnológica e técnica dos processos de transformação do plástico e aproveitar todas as oportunidades inerentes a esse tipo de matéria-prima, que é cada vez mais relevante”.

Sustentabilidade na indústria

Da mesma forma que os transformadores estão ajustando seus processos para deixá-los mais sustentáveis, a ferramentaria busca o desenvolvimento de produtos e soluções com menor impacto ambiental.

Ferramentas de qualidade, bem projetadas e ajustadas podem contribuir para a redução de resíduos (peças sem defeitos), menor necessidade de reposição (peças mais duráveis) e redução de matéria-prima (peças com paredes mais finas e leves).

A ferramentaria é também uma aliada no aumento da eficiência energética. “Pensar num processo sustentável seria você ter, por exemplo, a economia de energia elétrica quando você precisa aquecer o molde ou quando você precisa resfriar o molde. São duas formas diferentes de consumo de energia e esse é um ponto bastante significativo em sustentabilidade de processo”, explica Spina.

Ele ressalta que para chegar a essa sustentabilidade de processo é muito importante que a ferramenta seja bem concebida, projetada e construída. Isso se faz cada vez mais importante mediante os custos significativos com relação à energia elétrica e ao consumo de recursos naturais.

“As ferramentarias precisam se adaptar a essa nova realidade mundial, que não vai retroceder, em função de todos os desafios que nós temos atualmente perante a questão de aquecimento global, de geração de gases de efeito estufa e de desafios que estão aparecendo, como a descarbonização dos processos produtivos atuais”, completa.

Como se vê, a indústria do plástico e de ferramentas caminham lado a lado para atender um mercado cada vez mais exigente por inovação soluções sustentáveis.

Espaço de excelência na Plástico Brasil

Principal evento da indústria do plástico, a Plástico Brasil dedica um espaço exclusivo para a ferramentaria. Em parceria com a ABINFER (Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais), a feira mantém o ABINFER Business Center, um espaço de excelência para exposição de inovações, negócios e atualização tecnológica por meio de workshops.

Na última edição, realizada em 2023, 24 fabricantes apresentaram suas soluções produtos para os visitantes.

A Plástico Brasil já está trabalhando para dar continuidade ao ABINFER Business Center em sua próxima edição, de 24 a 28 de março de 2025, no São Paulo Expo.

Quais os tipos de ferramentas utilizadas na sua indústria? De que forma elas contribuem para a qualidade do produto final e a sustentabilidade?