As altas temperaturas e os eventos climáticos extremos intensificaram as discussões sobre a Economia Circular. 

Esse modelo prevê a reestruturação de toda a cadeia de um produto, da extração de matéria-prima ao descarte e reutilização, como forma de maximizar o uso de recursos naturais e reduzir o volume de resíduos. 

Na indústria do plástico, a Economia Circular é uma preocupação constante, desde iniciativas isoladas de indústrias comprometidas com as práticas ESG até projetos setoriais amplos, como os promovidos, por exemplo, pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). 

Essa realidade se reflete na Plástico Brasil 2025, maior e principal evento do setor na América Latina. 

Além das ações de sustentabilidade, na edição deste ano, de 24 a 28 de março, a feira vai apresentar um inédito projeto de Economia Circular. 

Atração foca na reciclagem 

Durante o evento, o estande da Escola Técnica Estadual (ETEC) de Mairiporã vai abrigar um processo de reciclagem desenvolvido pelos alunos sob supervisão do Sou do Plástico, instituto criado por Rui Katsuno, proprietário da empresa MTF Termoformadoras.  

O projeto consiste em um moinho que tritura tampinhas plásticas e em uma injetora, que transforma o material em novos produtos. Por exemplo, nos suportes para celulares que serão produzidos na demonstração da Plástico Brasil. 

“É uma forma de mostrar como agregar valor aos resíduos plásticos”, explica Rui. “Se eu levasse uma tampinha para um sucateiro, ele pagaria R$ 2 ou R$ 3 por quilo. Se eu transformar essas tampinhas em um suporte de celular ou em peças de dominó, passa a valer R$ 50 o quilo”

Rui destaca que a finalidade do projeto vai além da educação ambiental. 

“É também um meio de educação financeira, pois os alunos administram os recursos obtidos com a venda de produtos para custear a formatura da turma do terceiro ano. E social, porque vai ajudar os alunos que não têm condições financeiras a participar da formatura.” 

Interatividade 

O processo de transformação das tampinhas que estará em demonstração na Plástico Brasil tem a vantagem de ser interativo. Ou seja, os visitantes da feira poderão operar o moinho e a injetora. 

Para que isso fosse possível, Rui, que é também técnico em Eletrônica, fez vários aperfeiçoamentos no processo, especialmente na injetora. 

A ideia inicial partiu de um modelo de injetora acionada por alavanca que Rui descobriu na Europa. Mas ele logo percebeu que precisaria adaptá-la para levar o projeto para uma escola secundária, já que o acionamento demandava um grau de força física que nem todo adolescente poderia empregar. 

“Eu imaginei um aluno ou aluna do primeiro ano do Ensino Médio, menor e mais fraco. Era muito pesado para eles puxarem. Então, fui adaptando e troquei a alavanca por um volante, mas ainda estava pesado. Finalmente, optamos por colocar um motor e, agora, qualquer pessoa pode operar a injetora com um simples apertar de botão.” 

Mais do que a facilidade, vale destacar que a injetora cumpre as exigências da NR-12, a Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho que garante a segurança de operadores de máquinas equipamentos. Essa preocupação é ainda mais relevante em se tratando de estudantes adolescentes. 

Demonstrando os benefícios da reciclagem na Plástico Brasil 

O objetivo do projeto, segundo Rui, é provar o quanto a reciclagem do plástico é benéfica. 

“Eu acho muito louvável a posição da Plástico Brasil de levar um projeto que tem esse cunho ambiental, social e educativo. Se a gente consegue fazer isso ali, num microuniverso, imagina o que a indústria pode fazer no macro.” 

Ele adianta que está articulando um outro projeto para levar à feira, e que terá como foco aquele que é considerado pelos críticos como o maior “vilão” do meio ambiente: as sacolas plásticas. 

A ideia é envolver diferentes expositores da Plástico Brasil: fornecedores de bobinas, impressores e fabricantes de máquinas de produção das sacolas padronizadas que serão distribuídas aos visitantes.  

Os resíduos do processo de transformação serão beneficiados por outra empresa expositora e retornarão como sacos de lixo para abastecer a própria feira. 

“Assim, a gente fecha a cadeia da sacola mostrando toda a circularidade do produto” resume. 

Mais novidades 

Outra novidade antecipada por Rui é a provável presença de deputados estaduais de São Paulo que integram a Frente Parlamentar de Economia Circular. 

A Frente, coordenada pelo deputado Bruno Zambelli, foi criada recentemente, no final de 2024, com apoio de diversas entidades ligadas à indústria do plástico e representantes da iniciativa privada – entre eles, Rui Katsuno. 

Em meio a tudo isso, o empresário pretende levar os projetos do Instituto Sou do Plástico a escolas técnicas de todo o país a partir deste ano. 

“Neste momento, estou trazendo empresas para apoiarem o instituto e nós vamos visitar uma escola por mês ou a cada dois meses. A próxima já está definida, e será em Manaus”, revela. 

Os projetos do Instituto Sou do Plástico e outras ações de sustentabilidade do plástico promovidas por Rui estão disponíveis no Instagram @ruikatsun.  

Com mais de 35 anos de experiência na indústria do plástico, o empresário avalia que o maior desafio está na educação, e é essa lacuna que ele pretende cobrir envolvendo os futuros profissionais do setor desde as primeiras etapas de formação. 

Considerando o grande volume de estudantes e transformadores que visitam a Plástico Brasil, a demonstração do projeto de Economia Circular representa um passo importante nesta direção. 

Quer conhecer de perto este e outros projetos, inovações e soluções que estarão em demonstração na Plástico Brasil? Então não deixe de fazer seu credenciamento, que está aberto e é gratuito aos profissionais do setor.