A sustentabilidade consolidou-se como uma pauta mundial. Tanto é que o tema chegou à programação do TED Talks, ciclo de importantes e inovadoras conferências sobre Tecnologia, Entretenimento e Design, por diversos países.

Destas palestras dedicadas a “propagar ideias que merecem ser compartilhadas”, fornecedores, transformadores, fabricantes de diversos produtos e até mesmo consumidores podem absorver ensinamentos e conhecer experiências para rever sua relação com o plástico.

Neste conteúdo, o Mundo do Plástico destaca e resume três apresentações realizadas ao redor do mundo. Confira!

Brasil: é preciso atacar a fonte do problema

Bióloga especialista em gestão de resíduos, Daniela Lerario orienta sua palestra para o consumo consciente. A especialista não se considera uma “ativista contra o plástico” e parte de sua experiência em 2012, quando integrou uma expedição internacional em busca dos resíduos deixados pelo tsunami no Japão, para alertar sobre a presença de microplásticos nos oceanos.

“Não são ilhas de lixo, não são partículas sólidas. Se fossem, seria muito mais fácil de resolver. Na verdade, são pequenos fragmentos menores que um grão de arroz (…). Aquele oceano cristalino guardava embaixo da superfície os resultados de uma realidade do que a gente fazia muito distante dali”, relembra.

Por causa dos zooplanctons, que absorvem estes poluentes e são a base da cadeia alimentar aquática, é uma questão de tempo tais substâncias chegarem aos nossos pratos.

Para Daniela, a origem do problema é o modelo linear de produção e consumo, ou seja, a forma como os produtos são extraídos da Natureza, transformados, consumidos e descartados.

“A transformação para uma economia circular passa pela reutilização dos recursos de forma mais contínua e pelo redesenho dos produtos e serviços de forma a durarem mais”, esclarece.

Ela acredita que os esforços para a reciclagem não têm sido suficientes. Prova disso é que cerca de 90% dos produtos colocados no mercado são recicláveis, mas apenas 3% a 5% são efetivamente reciclados.

“O plástico é um material fantástico, ele trouxe diversos avanços para a saúde da sociedade e para nossa vida (…) A verdade é que a gente tem, sim, que questionar alguns usos. Quando se fala em rever as embalagens de uso único, a gente está atacando a fonte do problema.”

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Europa: a solução que veio do lixo

Inconformado com o desperdício do plástico pós-consumo, o Engenheiro de Materiais Mike Biddle decidiu arregaçar as mangas e desenvolver ele próprio um sistema capaz de enfrentar a complexidade da reciclagem do polímero.

Ele inicia sua apresentação fazendo uma crítica aos hábitos de consumo dos adultos, que lembram comportamentos infantis: “Se eu vi primeiro, é meu; toda esta pilha de coisas é minha; quanto mais coisas forem minhas, melhor; e se as coisas estão quebradas, são suas”.

Segundo ele, as 450 toneladas diárias de resíduos que suas fábricas processam por dia são uma “gota no oceano” dos bens duráveis descartados todos os anos ao redor do mundo. “É cada vez mais importante que descubramos como extrair matéria-prima destes fluxos extremamente complicados de lixo”.

Biddle chama atenção para o fato de enquanto 90% dos metais – em especial o alumínio – são reaproveitados e reutilizados, o plástico mal atinge 10%, e a maior parte é incinerada ou depositada em aterros.

“A maioria das pessoas pensa que é porque o plástico tem pouco valor agregado, mas na realidade é várias vezes mais valioso que o alumínio”. Por que, então, um material tão valioso e abundante não é recuperado no mesmo nível que os metais?

De acordo com Biddle, características como densidade, propriedades elétricas e magnéticas e variedade de cores fazem com que as maneiras tradicionais de separar materiais simplesmente não funcionem para o plástico.

A partir de uma iniciativa em sua própria garagem e pesquisas em laboratórios de mineração, Biddle e sua equipe desenvolveram um sistema de produção de plástico a partir do lixo que utiliza até 90% menos energia na comparação com fabricação de plástico virgem. Atualmente, sua empresa, a MBA Polymers, tem plantas instaladas na Alemanha, Áustria, Reino Unido e China, com capacidade para processar até 150 mil toneladas de plástico por ano.

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Índia: milhões de recicladores informais

“Se reciclar fosse um esporte olímpico, a Índia ganharia medalha de ouro”, garante Mani Vajipey, cofundador e CEO da Banyan Nation, empresa de reciclagem que está mudando a forma como seu país encara o reaproveitamento do plástico.

Segundo ele, a Índia tem um dos maiores índices de reciclagem e recuperação de plástico do mundo, com taxa de 60% de reciclagem, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, a média gira em torno de 10%. Vajipey explica que isso só é possível graças aos milhões de recicladores informais, chamados de kabadiwalas, bhandiwalas e radidalas.

“Quanto mais plástico virgem produzirmos e consumirmos, mais resíduos plásticos teremos que gerenciar. E a má gestão desses resíduos leva seu escoamento para nossas águas”, alerta.

Para sanar o problema, o empreendedor se baseou no paradigma do leite na Índia, que por meio de um sistema de cooperativa transformou o déficit do produto em uma posição de liderança mundial em produção e exportação do produto.

Vajipey e seu sócio, então, desenvolveram uma plataforma de inteligência de dados para mapear os recicladores informais e descobriu que apenas na cidade de Hyderabad havia quatro deles por quilômetro quadrado. “Nenhum país ou cidade desenvolvida no mundo inteiro têm o luxo de ter um sistema de coleta genial assim”.

Por meio do cadastramento e treinamento destes recicladores, aliado ao desenvolvimento de um processo de limpeza que garante a pureza do plástico reciclado, hoje os grânulos produzidos pela Banyan são aprovados pelos rigorosos testes de qualidade e certificados pelas principais empresas globais de automóveis e bens de consumo.

Assista na íntegra aqui.


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