O mercado de embalagens plásticas no Brasil representa um setor de importância estratégica e dinamismo notável na economia nacional. Posicionando-se como o maior da América Latina e o quinto maior globalmente em 2014, o setor registrou vendas de US$ 35 bilhões, o que correspondia a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Dentro desse panorama, o plástico emerge como um material fundamental, desempenhando um papel crucial na proteção, preservação e apresentação de uma vasta gama de produtos. Sua influência se estende desde a otimização da logística até o aprimoramento da experiência do consumidor.
As características intrínsecas do plástico, como sua versatilidade, leveza, durabilidade e resistência, o tornam insubstituível em inúmeras aplicações, abrangendo desde a indústria alimentícia e de bebidas até setores críticos como o de saúde e automotivo.
A relevância do plástico é inegável, dada a sua capacidade de minimizar o desperdício de produtos, proteger contra danos, prevenir contaminações, prolongar o tempo de conservação, e oferecer resistência a quedas, higiene e segurança, além de ser leve e durável. No entanto, a discussão sobre o plástico no mercado de embalagens não pode ser dissociada de seus desafios ambientais.
Há uma crescente preocupação com o descarte inadequado e a necessidade premente de soluções que promovam a sustentabilidade e a economia circular. Essa coexistência de vantagens funcionais e impactos ambientais cria uma condição inerente ao setor: a indústria não pode mais se limitar a focar apenas no crescimento da produção e na funcionalidade dos produtos.
Por isso, é imperativo que a sustentabilidade seja integrada como um pilar estratégico central, e não meramente como uma iniciativa de responsabilidade social corporativa. Essa condição define o panorama atual do mercado e, mais importante, sua trajetória futura, exigindo um equilíbrio contínuo entre inovação funcional e responsabilidade ambiental.
Qual o panorama atual do mercado de embalagens plásticas?
A indústria de embalagens no Brasil, considerando todos os materiais, demonstrou uma notável resiliência frente a cenários econômicos desafiadores. Em 2023, o setor registrou um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 144,4 bilhões, com um crescimento de 1,2% em volume. Esse desempenho foi superior ao da indústria de transformação geral, que enfrentou um recuo de 1% no mesmo período. Essa capacidade de crescimento em um ambiente de contração da indústria geral ilustra a robustez do setor de embalagens.
O ano de 2024 consolidou essa trajetória de recuperação, com o VBP total da indústria de embalagens atingindo R$ 165,9 bilhões, o que representou um crescimento robusto de 14,89% em relação ao ano anterior. As embalagens plásticas, em conjunto com as metálicas, ampliaram significativamente sua participação no mercado, alcançando 53,8% do total em 2024, com as plásticas contribuindo com 33,4% desse montante. Essa expansão da participação do plástico e do metal indica uma preferência contínua por esses materiais em diversas aplicações.
A indústria de transformação de plásticos, excluindo o segmento de reciclagem, é um motor econômico substancial no Brasil. Em 2022, registrou um faturamento de R$ 117,5 bilhões, uma produção de 6,7 milhões de toneladas e a geração de 343,8 mil empregos, distribuídos em 11.339 empresas, segundo dados da Abiplast. Este setor se posiciona como o 4º maior empregador da indústria de transformação brasileira, evidenciando seu peso na geração de postos de trabalho e na atividade econômica.
A capacidade do setor de embalagens (e da transformação de plásticos) de crescer mesmo em períodos de desaceleração da indústria de transformação geral, conforme observado em 2023 , demonstra que sua forte ligação com o consumo de bens essenciais, como alimentos, higiene e cosméticos, o torna menos vulnerável a flutuações econômicas que afetam bens duráveis.
Essa estabilidade relativa, combinada com a capacidade de recuperação rápida, posiciona o segmento como um campo atrativo para investimentos, mesmo diante de ventos contrários macroeconômicos.
O futuro do setor de embalagens no Brasil
As perspectivas para o mercado de embalagens plásticas no Brasil indicam uma trajetória de crescimento contínuo. Para 2024, a previsão é de um aumento de 1,4% na produção de embalagens. Em uma perspectiva global, o mercado de embalagens plásticas é projetado para alcançar US$ 264 bilhões até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 4,8% entre 2022 e 2030. Essa tendência global exerce influência direta sobre o mercado brasileiro, que se alinha a essa expansão. A Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) já projetava um crescimento de 1,6% para o setor de embalagens como um todo até 2024.
Embora as projeções sejam majoritariamente positivas, indicando expansão contínua, é importante considerar as notas de cautela para 2025, que apontam para fatores macroeconômicos como crescimento modesto do PIB, inflação e juros elevados. A queda de faturamento de embalagens plásticas flexíveis em 2023, que foi de aproximadamente 14% apesar do aumento da produção, demonstra que o crescimento em volume nem sempre se traduz diretamente em maior faturamento, sendo suscetível a pressões de preços. Contudo, essa queda foi seguida por uma forte recuperação em 2024.
O mercado de embalagens plásticas no Brasil está preparado para uma expansão contínua, impulsionada por tendências de consumo subjacentes e pela demanda global pelas propriedades inerentes do plástico. No entanto, a lucratividade pode ser comprimida por pressões de custo, como a elevação das alíquotas de importação para resinas plásticas , e pela volatilidade macroeconômica. As empresas precisarão focar em eficiência operacional e criação de valor para navegar essas complexidades e garantir um crescimento sustentável.
A tabela a seguir consolida os dados de crescimento e projeções para o mercado de embalagens no Brasil, oferecendo uma visão clara e concisa da trajetória recente do setor e das expectativas para o futuro próximo.
Crescimento e projeções do mercado de embalagens no Braisl (2023-2025)
| Ano | Valor Bruto da Produção (VBP) Total (R$ bilhões) | Crescimento Anual em Volume/Produção (%) | Crescimento Anual em Faturamento (%) | Fontes Principais |
| 2023 | 144,4 | 1,2% (geral) / 2,6% (flexíveis) | -14% (flexíveis) | FGV/Ibre, ABRE, ABIEF, Maxiquim |
| 2024 | 165,9 | 1,4% (proj. geral) / 2,5% (flexíveis) | 14,89% (geral) / 7,6% (flexíveis) | FGV/Ibre, ABRE, ABIEF, Maxiquim |
| 2025 | (Projeção: Crescimento modesto do PIB, 1,7%-2,0%) | N/D | N/D | FGV |
Nota: N/D = Não Disponível nos dados fornecidos para o crescimento específico em volume/faturamento para 2025.
Segmentos e aplicações de embalagens plásticas
O setor de alimentos mantém-se consistentemente como o principal cliente para embalagens plásticas, especialmente as flexíveis. Em 2024, este segmento representou 41% da demanda total por embalagens flexíveis, e em 2017 já respondia por 39% do mercado. Em 2023, a indústria de alimentos demonstrou um aumento de 2,8% no consumo de embalagens flexíveis, totalizando 901 mil toneladas. Essa predominância reflete a necessidade intrínseca de embalagens para a conservação, transporte e apresentação de produtos alimentícios.
Além do setor alimentício, outros segmentos impulsionam significativamente a demanda por embalagens plásticas. Em 2023, a higiene pessoal registrou um notável crescimento de 20,3% no consumo de embalagens flexíveis, seguida pela agropecuária com um aumento de 9,8%, limpeza doméstica com 7,1%, e pet food com 5,8%.
O segmento de pet food, em particular, demonstrou um impressionante crescimento de 24% no consumo de embalagens flexíveis em 2024 , indicando uma mudança nos hábitos de consumo e prioridades familiares. A demanda por embalagens plásticas é impulsionada pelo consumo doméstico relativamente estável de alimentos e pela crescente procura por itens de higiene e cosméticos.
Considerando o setor de plásticos transformados como um todo, e não apenas embalagens, a construção civil lidera o consumo em valor, com 25,4%, seguida por alimentos (21,9%), artigos de comércio e varejo (7,8%), automóveis e autopeças (6,2%) e bebidas (6%). A consistência com que alimentos, higiene e cuidados pessoais são identificados como os principais impulsionadores da demanda demonstra que estes são setores de “bens essenciais”, cuja demanda tende a ser menos elástica.
Isso significa que a estabilidade e o crescimento contínuo do mercado de embalagens plásticas estão fundamentalmente ligados à natureza não discricionária dos produtos que ele serve, tornando-o menos vulnerável a choques econômicos que afetam bens duráveis. O forte crescimento em subsegmentos específicos, como higiene pessoal e pet food, aponta para mudanças dinâmicas no estilo de vida e nas prioridades dos consumidores, criando oportunidades direcionadas para soluções de embalagens especializadas.
Confira mais detalhes sobre os setores onde a demanda por embalagens plásticas é mais forte e está crescendo mais rapidamente:
Principais aplicações de embalagens plásticas flexíveis no Brasil (2023-2024):
| Setor | Participação na Demanda (%) (2024) | Crescimento de Consumo (%) (2023) | Fontes Principais |
| Alimentos | 41% | 2,8% | ABIEF, Maxiquim |
| Higiene Pessoal | N/D | 20,3% | ABIEF, Maxiquim |
| Agropecuária | N/D | 9,8% | ABIEF, Maxiquim |
| Limpeza Doméstica | N/D | 7,1% | ABIEF, Maxiquim |
| Pet Food | N/D | 5,8% / 24% (2024) | ABIEF, Maxiquim |
| Varejo | Queda de 3,9% na participação (2024) | N/D | ABIEF |
Nota: N/D = Não Disponível nos dados fornecidos.
Quais são as principais matérias-primas de embalagens plásticas?
Os plásticos mais comumente empregados na fabricação de embalagens no Brasil incluem o Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) e o Polietileno Linear de Baixa Densidade (PEBDL), Polipropileno (PP), Polietileno de Alta Densidade (PEAD), Polietileno Tereftalato (PET) e Policloreto de Vinila (PVC). Em 2023, o consumo de resinas pela indústria de embalagens plásticas flexíveis foi dividido em 75% para PEBD e PEBDL, 16% para PP e 9% para PEAD.
O PET (Polietileno Tereftalato), identificado pelo número 1, é amplamente conhecido por seu uso em garrafas de refrigerante e possui alta taxa de reciclagem no Brasil. É considerado seguro para reutilização, desde que não haja exposição à luz solar, que pode causar a liberação de substâncias tóxicas. O PEAD (Polietileno de Alta Densidade), número 2, também é altamente reciclável e atóxico, presente em sacolas de supermercado, frascos de detergente e shampoo.
Já o PP (Polipropileno) é valorizado por conservar o aroma, ser inquebrável, transparente, brilhante, rígido e resistente a mudanças de temperatura, sendo utilizado em filmes para alimentos, embalagens industriais e potes. O PEBD (Polietileno de Baixa Densidade) é flexível, leve, transparente e impermeável, comum em sacolas, filmes para leite e fraldas descartáveis.
As embalagens plásticas podem ser classificadas em flexíveis e rígidas, cada uma com aplicações e características distintas.
- Embalagens Flexíveis: São predominantemente feitas de polietileno (PEBD, PEBDL, PEAD) e polipropileno (PP). Essas embalagens são valorizadas por sua leveza, adaptabilidade a diferentes formatos de produtos, e eficiência logística. O BOPP (Polipropileno Biorientado), uma variação do PP, é um filme metalizado ou transparente com excelentes propriedades de barreira contra gases, oxigênio, umidade e variações de temperatura, sendo amplamente utilizado em embalagens de salgadinhos, sopas instantâneas e rótulos. O mercado de embalagens flexíveis tem demonstrado crescimento, impulsionado pela demanda de setores como alimentos (39% do mercado) e agropecuário (13%).
- Embalagens Rígidas: Geralmente produzidas a partir de PET ou PEAD, são valorizadas por sua durabilidade e resistência, oferecendo proteção robusta aos produtos durante transporte e armazenamento. Garrafas, potes e latas são formatos típicos que garantem vedação segura para líquidos e produtos alimentícios.
A escolha do material da embalagem é uma decisão estratégica do fabricante, baseada nas especificações de qualidade do produto e na necessidade de proteção contra fatores ambientais como luz, umidade, oxigênio e microrganismos. Regulamentações da ANVISA no Brasil garantem a segurança das embalagens, evitando a contaminação por substâncias prejudiciais e assegurando que suportem condições específicas, como temperaturas de congelamento.
O foco crescente na sustentabilidade impulsiona a busca por opções mais ecológicas, como bioplásticos e materiais reciclados, mesmo em embalagens para cosméticos ou produtos químicos.
A indústria de embalagens plásticas está em constante transformação, impulsionada por avanços tecnológicos, a economia circular e soluções sustentáveis. A busca por soluções sustentáveis é o principal motor de mudança, com empresas adotando modelos de economia circular para tornar os plásticos mais recicláveis e reutilizáveis. Tecnologias inovadoras permitem transformar materiais como PEAD e PVC em novos produtos com alta eficiência e menos desperdício.
O uso de materiais recicláveis e de conteúdo reciclado nas embalagens ganha cada vez mais espaço. Bioplásticos, feitos de materiais renováveis como amido de milho e cana-de-açúcar, tornam-se alternativas atraentes ao plástico tradicional. Embora representem menos de 0,2% das embalagens plásticas no Brasil, são uma grande aposta para combater a poluição.
O design para reciclagem, com menor uso de adesivos e cores que dificultam a separação, e a redução de material, com embalagens mais leves e minimalistas, são tendências importantes. Além disso, a funcionalidade e conveniência são valorizadas, com inovações como embalagens resseláveis, design ergonômico e porções individuais.
O crescimento do e-commerce também impulsiona o design personalizado, com o uso de padrões ilustrados, cores e tipografias para reforçar a imagem da marca e proporcionar uma experiência de unboxing interativa.
Novas tecnologias para o setor
Novas tecnologias de produção, como aditivos que tornam o plástico biodegradável, antimicrobiano ou que retardam o amadurecimento de alimentos, estão sendo desenvolvidas para aumentar a eficiência e reduzir o impacto ambiental.
A indústria de reciclagem no Brasil tem crescido, com o número de empresas e empregados aumentando, e o percentual de resíduo plástico que retorna ao mercado como resinas recicladas pós-consumo (PCR) subindo de 23,4% para 25,6%. No entanto, desafios como a diversidade de resinas, a presença de aditivos, a ausência de uma estrutura adequada para coleta seletiva e a informalidade ainda afetam o setor.
A legislação também desempenha um papel crucial. O Projeto de Lei (PL) 2.524/2022, em tramitação no Senado, propõe que, em sete anos, todas as embalagens plásticas no Brasil deverão ser retornáveis, comprovadamente recicláveis ou compostáveis. Essa medida, embora enfrente resistência da indústria química, visa reduzir a poluição por plástico e incentivar o desenvolvimento de materiais mais ecológicos.
Além disso, o governo tem mantido a elevação das alíquotas do Imposto de Importação para resíduos de papel, plástico e vidro em 18% para desestimular a importação e fortalecer a cadeia nacional de reciclagem. Incentivos fiscais para bioplásticos, como a isenção de Cofins e PIS/Pasep na venda e crédito de IPI na compra, também estão sendo aprovados para estimular a produção e uso desses materiais.
A indústria brasileira de embalagens plásticas flexíveis, apesar dos desafios macroeconômicos e das pressões por sustentabilidade, continua a ser um setor de grande potencial. A demanda por seus produtos, impulsionada por segmentos essenciais, e o avanço em tecnologias e práticas de economia circular, apontam para um futuro de inovação e adaptação contínua.
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