Os investimentos em inovação na indústria do plástico crescem na mesma proporção em que aumentam sua aplicação nos mais diversos setores da economia e os apelos pela responsabilidade ambiental.
Para ficar em apenas dois exemplos deste ano, a startup fabricante de bioplásticos Earth Renewable Technologies (ERT) recebeu um aporte de R$ 32 milhões da Positivo Tecnologia para viabilizar iniciativas por meio do bioplástico.
Já a Braskem anunciou investimentos de R$ 108 milhões na ampliação de seu Centro de Tecnologia de Inovação no Polo Petroquímico de Triunfo, sendo R$ 44 milhões em equipamentos de laboratório de última geração.
Com tantos avanços sendo registrados a cada dia, a pergunta que se coloca é: qual o futuro do plástico?
Inovação: repensar o plástico
Para o coordenador do curso de pós-graduação em Engenharia de Embalagem do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Antonio Carlos Dantas Cabral, a resposta passa por repensar nossa visão sobre esse material.
“O plástico, como o conhecemos, é essencial para a preservação da vida, porque ajuda a preservar alimentos, medicamentos e itens de uso hospitalar, está presente nas linhas de produção, entre tantas outras aplicações”, lembra.
“É preciso pensar de forma a enobrecer os plásticos, esse é o futuro.”
O conceito de “inovação” pode estar associado a um produto novo ou significativamente melhorado, a um processo ou método de marketing, um novo modelo organizacional.
O requisito é que tenha impacto na empresa, no mercado ou no mundo, sendo ou não disruptiva.
“A indústria do plástico tem uma capacidade incrível de inovar. As inovações acontecem diariamente: nos desenvolvimentos ou ajustes para aplicações em engenharia, no uso de materiais fabricados a partir de outras matérias-primas que não o petróleo e na responsabilidade ambiental”, observa o professor.
Como exemplos de inovações do plástico, Cabral cita:
- Polímeros com nanomoléculas;
- Sensorização das linhas de produção a fim de se obter a formulação exata para um desempenho específico;
- Maior participação do plástico na indústria automobilística.
Educação para o futuro
Por outro lado, ele ressalta que ainda falta inovar na questão da educação de toda a cadeia produtiva.
“Numa das aulas da graduação, perguntei a um aluno se ele descartaria 2 ml de gasolina. A resposta foi rápida: claro que não! Retruquei: então por que você descarta um canudinho ou um saco plástico, com peso equivalente, sem pensar em reutilizá-lo?”, conta.
A partir deste exemplo, o professor esclarece que educar, mostrar o valor do plástico e como é usado são pontos que carecem atualmente de uma ação mais prática e inovadora.
Do ponto de vista do Sistema de Embalagem, Cabral defende que todos os novos desenvolvimentos requerem união de esforços, recursos, ideias e inovações.
“Substituir o plástico me parece muito difícil, dada a variedade de aplicações. Acredito que devemos procurar sempre soluções sistêmicas que resultem no menor impacto ambiental possível.”
Sobre este aspecto, ele gosta de citar a frase de Luc Ferry, um dos filósofos franceses mais lidos da atualidade: “a natureza não tem lixeira”. Ou seja, tudo precisa ser utilizado ao máximo.
Em resumo, é essencial para o futuro do plástico que ele deixe de ser um “elemento perigoso” para ser tratado como “elemento construtor”.
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