Quando se fala do binômio “segurança” e “alimentos”, é importante fazer uma distinção, sobre a relação da embalagem plástica na segurança alimentar.

Segurança dos Alimentos refere-se ao desenvolvimento de processos e materiais que protegem o produto contra deterioração, perda do valor nutricional ou contaminação microbiológica. Já Segurança Alimentar é a garantia de que todas as pessoas tenham acesso a recursos alimentícios que atendam às necessidades nutricionais.

Este conteúdo trata do primeiro aspecto, ou seja, como as embalagens, em especial as de plástico, “defendem” e garantem a preservação dos alimentos que chegam aos consumidores. Para isso, conversamos com Fabiana Silveira, auditora, consultora e instrutora de treinamentos na Aplicare Consultoria, Assessoria e Treinamento.

Confira mais informações sobre a relação da embalagem plástica na segurança alimentar!

O plástico e os alimentos

O setor de alimentos é o segundo maior consumidor de transformados plásticos no Brasil. Em 2019, representou 21% do valor de consumo total, atrás apenas da Construção Civil (24%).

“Na indústria alimentícia, as embalagens plásticas flexíveis têm tomado o lugar de outros substratos como, por exemplo, as embalagens metálicas. Elas possuem propriedades de barreira a vapor de água, oxigênio e luz que auxiliam na manutenção das propriedades dos alimentos”, explica Fabiana.

Com 22 anos de experiência no mercado de embalagens, sendo 15 deles nas áreas de engenharia de produto, gestão e controle da qualidade, ela cita outras razões que levam à preferência do plástico pela indústria de alimentos:

  • É um material leve, que facilita e otimiza os processos logísticos;
  • Tem um custo relativamente mais baixo quando comparado a outros materiais, como vidro e metal;
  • A impressão em diversas tecnologias torna a embalagem uma fonte de marketing, facilita a comunicação com o consumidor e destaca a embalagem na gôndola;
  • A diversidade de formatos (pouches, potes, aplicação de alças, válvulas e zíper) facilita o manuseio;
  • A maioria dos materiais plásticos pode ser reciclada e transformada em outros produtos;
  • Já existem resinas plásticas para embalagens de alimentos que são biodegradáveis, como o poliácido lático (PLA), e resinas à base de fontes renováveis.

“Temos ainda as embalagens inteligentes, com mecanismos para informar o consumidor quando o alimento estiver deteriorado ou impróprio para o consumo, além das embalagens com atmosfera modificada com a introdução de gases inertes, que evitam processos oxidativos”, completa.

Regulamentação para embalagens plásticas

No Brasil, o órgão regulador de embalagens e materiais plásticos em contato com alimentos é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que garante a saúde dos consumidores.

Embora tais embalagens estejam dispensadas de registro, a agência dispõe de uma série de regulamentos que tratam da aprovação dos materiais, critérios gerais de produção e ensaios técnicos.

Conheça algumas das normas de segurança e resoluções que tratam especificamente das embalagens e equipamentos plásticos destinados a entrar em contato com alimentos:

RDC 105/99: traz as disposições gerais para embalagens e equipamentos plásticos;

RDC 91/01: estabelece os critérios gerais e classificação de materiais;

RDC 51/10: estabelece os critérios de migração para materiais, embalagens e equipamentos;

RDC 51/10: regulamenta os corantes em embalagens e equipamentos;

RDC 56/12: traz a lista positiva de monômeros, outras substâncias iniciadoras e polímeros autorizados para a elaboração de embalagens e equipamentos;

RDC 20/08: regulamenta as embalagens de polietileno tereftalato reciclado grau alimentício (PET-PCR Grau Alimentício);

RDC 326/19: traz a lista positiva de aditivos destinados à elaboração de materiais plásticos e revestimentos poliméricos em contato com alimentos.

Aspectos ambientais

A predominância do plástico na indústria alimentícia acende o alerta para questões como biodegradação, reciclabilidade e descarte correto, a fim de se evitar a proliferação de resíduos sólidos na natureza.

Para Fabiana, são necessárias ações que atuem de maneira sinérgica para tratar dos aspectos ambientais, tanto do lado da indústria como do consumidor.

“Desde o projeto ou design, deve-se pensar no destino final daquela embalagem descartável, na viabilidade das opções biodegradáveis e na redução de volume, como gramatura e espessura.”

Aliado a isso, ela defende o incentivo à reciclagem e ao descarte correto, e o uso de materiais reciclados e de fontes renováveis.

No que tange ao reuso, Fabiana lembra que atualmente os materiais plásticos pós-consumo não são permitidos para entrar contato direto com alimentos, com exceção do PET-PCR Grau Alimentício, que está sujeito a regulamentação específica (Resolução Anvisa RDC 20/08).

Na avaliação da especialista, a sociedade encontra-se atualmente em um momento em que o atendimento aos critérios da segurança de alimentos, como certificações e legislações, é uma das principais condições para homologação de fornecedores de embalagens nas indústrias de alimentos.

“É muito importante que a indústria de embalagens tenha em seus processos práticas e procedimentos para o fornecimento de uma embalagem segura, contribuindo assim para a segurança de alimentos em toda a cadeia”, reforça.

Sua empresa fornece para a indústria de alimentos? Como tem sido a exigência em relação aos critérios de da embalagem plástica na segurança alimentar?

Para ficar ainda mais antenado do que acontece no setor de embalagens para alimentos, confira tendências e inovações para embalagens alimentícias.