O conceito de design projetado com finalidade específica data do início dos anos 1990, quando surgiu a nomenclatura DfX (Design for X), sendo esse “X” substituído pela inicial da palavra que caracteriza tal finalidade. Assim, por exemplo, DfA remete a Assembly (montagem), DfD a Disassembly (desmontagem), DfR a Recycling (Reciclagem), DfE a Environment (Meio Ambiente) e assim por diante.
As duas últimas estão relacionadas ao que se convencionou chamar de ecodesign ou design ecológico.
Segundo definição do Ministério do Meio Ambiente (MMA), ecodesign é todo o processo que contempla os aspectos ambientais, em que o objetivo principal é projetar ambientes, desenvolver produtos e executar serviços que de alguma maneira irão reduzir o uso dos recursos não-renováveis ou minimizar o impacto ambiental durante seu ciclo de vida.
No Plano Nacional de Resíduos Sólidos, o MMA ainda afirma que “observa-se um movimento crescente para o consumo consciente e início de pressão do consumidor sobre as indústrias para desenvolvimento de produtos que sigam o conceito de ecodesign”.
Cadeia da embalagem
Para André Gani, diretor Comercial & Marketing do Grupo Terphane, uma das maiores fabricantes e fornecedoras de filmes de poliéster para a indústria de embalagem, essa visão já permeia a grande maioria dos players da cadeia produtiva.
“Todos – fabricantes de matérias-primas e substratos, convertedores e brand owners – têm a clareza de que o design de embalagem é de extrema importância no processo de reciclagem e pode ser um fator decisivo para o seu sucesso”, garante.
Mais que isso, Gani ressalta que a indústria da reciclagem tem avançado muito e continuará apresentando desenvolvimentos com um impacto bastante positivo num futuro próximo, e que, portanto, os fabricantes de embalagens e os brand owners devem ficar atentos às mudanças e inovações para se adaptarem o mais rapidamente possível.
A embalagem ideal
Quando se fala em design de embalagens com fins sustentáveis, um dos principais aspectos a se considerar é sua reciclabilidade, e isso deve ser pensado já na etapa do projeto.
“A melhor embalagem em termos de sustentabilidade é a que combina vários fatores, como quantidade de utilização de material, peso da embalagem, geração de carbono, eficiência nas linhas de produção, perdas decorrentes do processo de industrialização e logística, além do pós-consumo e da integração com a economia circular”, explica Gani.
Mas alcançar a embalagem ideal é um processo bastante complexo e precisa ser avaliado individualmente pelos fabricantes. Por exemplo: um dispositivo que facilite a abertura e fechamento, como um zíper, tende a deixar a embalagem mais complexa e pesada, podendo dificultar sua reciclagem. Ao mesmo tempo, este dispositivo pode ser um forte aliado no combate ao desperdício do produto, especialmente no caso de alimentos.
Gani cita a atuação da Terphane para ilustrar como cada solução de embalagem deve ser única e avaliada dentro de seu contexto de mercado.
“Sempre que possível recorremos a ACV (Análise de Ciclo de Vida) para ter uma visão mais holística do possível impacto desta embalagem no meio ambiente, desde sua pegada de carbono, eficiência nas linhas de produção e na logística (transporte e armazenagem), até conveniência nos momentos de consumo e no pós-consumo, com foco em reciclagem e circularidade.”
Por isso, ele alerta que se deve evitar cair na armadilha de olhar apenas uma dimensão de impacto e negligenciar outros aspectos que são tão ou mais importantes na sustentabilidade quando se pensa em ecodesign.
Soluções bem-sucedidas
Algumas destas soluções já podem ser consideradas bem-sucedidas. Gani cita o liner PET usado em etiquetas autoadesivas. Feito de poliéster, utiliza menos material e pode ser reciclado como matéria-prima para fabricação de tapetes e escovas.
Outro case interessante é a bandeja APET, que substituiu a bandeja tipo clamshell por uma tampa feita de PET. Deste modo, a embalagem se torna monomaterial, e tampa e bandeja podem ser recicladas juntas.
Qualquer que seja a solução, ela deve considerar características intrínsecas do negócio e perseguir o menor impacto ambiental “O importante é que o projeto de embalagem contemple todas as variantes e, a partir de testes, defina os melhores parâmetros para se ter uma embalagem o mais sustentável possível, do ponto de vista ambiental, social e econômico”, conclui.
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