O tema inovação não tem saído da pauta de discussão do setor industrial brasileiro por estar diretamente relacionado ao avanço tecnológico necessário para a imersão total das empresas ao conceito da Manufatura Avançada (Indústria 4.0). Nesse contexto, as universidades exercem um papel fundamental, já que têm como demanda principal a formação de profissionais qualificados, além de serem, é claro, fontes de conhecimento científico e de pesquisas que resultam em importantes contribuições para o desenvolvimento industrial.

Também cabe à academia assumir o desafio de ser um agente econômico de direito – já que a produção de conhecimento científico é considerada uma ferramenta importante para a geração de receita –, a ponto de torná-la um “empreendimento econômico”. Por isso, fortalecer a sua interação com a indústria é fundamental para que ela contribua de forma eficaz para o progresso tecnológico do país como um todo.

Indústria e universidade no contexto do setor plástico

Quando se trata, especificamente, da indústria do plástico, Elson Longo, professor e diretor de transferência de tecnologia do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) , explica que “apesar de algumas pesquisas com a utilização e criação de alguns tipos de plásticos e, apesar de ser a indústria que mais utiliza as universidades, em geral, a academia não é utilizada como deveria. Se as indústrias a utilizassem mais, uma série de problemas que elas possuem seriam facilmente resolvidos, porque viabilizaríamos essa solução. No entanto, para tal, é preciso haver mais reuniões entre os empresários e os coordenadores dos grupos de pesquisas para que se chegue até os professores. Ambas instituições precisam entender a linguagem uma da outra e desenvolver uma linguagem comum.”

Conforme aponta o especialista, nessa relação entre indústria e universidade, apesar de a academia ser um forte elo de pesquisa e inovação para as indústrias e nem sempre ser bem utilizada, é possível citar alguns exemplos que já são realidade. “Nosso laboratório conseguiu desenvolver plásticos 100% biodegradáveis e peças plásticas em substituição a peças de outros materiais”, afirma Longo.

Outro caso interessante é o do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP (Universidade de São Paulo), que tem estudado, desde 2011, os polímeros usados na fabricação de sacolas plásticas e da borracha. Esse estudo tem o intuito de torná-los super polímeros: mais resistentes, capazes de armazenar mais informações e, em um futuro breve, trazer mais segurança a cartões de créditos, cédulas de dinheiro e, até mesmo, a dispositivos de carros.

No próprio IFSC da USP também estuda-se a possibilidade de utilizar plásticos para armazenar dados, como em um CD ou DVD. Nesse caso, os polímeros têm suas propriedades alteradas, para que o material ofereça melhor desempenho. Isso significa que se atribui nova funcionalidade a ele a partir da modificação de suas propriedades, que podem ser feitas de várias formas, como a alteração de suas  moléculas , ou a deposição das macromoléculas do polímero “esticadas” em filmes finos.

Como você percebe a interação entre indústria e universidade? Ela já é realidade em sua empresa? Deixe sua mensagem no campo de comentários abaixo.