A circularidade é um tema cada vez mais discutido entre empresas do setor de embalagens e toda a sociedade. 

Buscamos cada vez mais a transição de uma, já tradicional, economia linear para uma economia circular, valorizando o uso de insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis.

Mas, para maior velocidade dessa transição, especialistas acreditam que a economia circular precisa ser tratada no coletivo, com o envolvimento de todos os parceiros, desde os produtores de resina até consumidores. 

Também dependem de uma nova forma de pensar os produtos, priorizando a possibilidade de sua reciclabilidade.

Especificamente dentro do segmento de embalagens flexíveis, Alessandra Rinaldi, Especialista de Embalagens e Polímeros do Instituto SENAI de Inovação, explicou em uma palestra durante a Plástico Brasil 2023 que o desafio é ainda muito grande: 

No atual cenário, as embalagens flexíveis são pouco recicladas, principalmente devido ao seu baixo valor na cadeia de reciclagem”, disse. 

Por isso, entender um pouco mais sobre a circularidade de embalagens flexíveis é essencial para que o segmento alcance as mais exigentes regras e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável elaborados pela ONU.

Embalagens flexíveis: forte tendência dentro do segmento

Considerada uma forte tendência no mercado, as embalagens flexíveis vêm em um movimento crescente de uso entre as empresas do setor farmacêutico e alimentício.

Essas embalagens atendem com excelência todas as demandas de diferentes segmentos que precisam acondicionar seus produtos com eficiência, mas que buscam também utilizar a menor quantidade de embalagem possível. 

Porém, segundo explicou Alessandra Rinaldi, o uso destas embalagens depende da superação de alguns desafios.

“Esse tipo de embalagem tem que garantir o shelf life do produto. Deve também apresentar barreiras de proteção do item acondicionado. Por fim, deve trabalhar com camadas personalizadas, tanto na espessura quanto no tipo de materiais da embalagem.”

Mas, apesar dos desafios citados pela especialista, as embalagens flexíveis possuem algumas vantagens significativas, principalmente quando comparadas às embalagens rígidas, que são:

Baixa pegada de carbono. “De 100% da pegada de carbono de um alimento, apenas 10% é de responsabilidade da embalagem”, cita Alessandra;

Possuem menor peso e economizam espaço durante o transporte. “Por serem mais leves, as embalagens flexíveis dependem de menos caminhões para transporte, diminuindo a pegada ambiental”, complementou a especialista;

Minimiza o uso de recursos energéticos, usando menos material em todo seu ciclo de vida;

São altamente adaptáveis à necessidade do produto, permitindo a variação em tamanho, espessura e formato.

Diante destes muitos benefícios, Alessandra Rinaldi foi categórica em dizer que a embalagem flexível é quase que uma unanimidade entre todos os segmentos, inclusive na área de alimentação e farmacêutica. 

Grande desafio: elevar a cultura da circularidade de embalagens flexíveis

Mesmo sendo uma das embalagens que mais crescem, as embalagens flexíveis ainda são, segundo citado pela especialista do SENAI em sua palestra, pouco recicladas.

Segundo a especialista, o grande motivo disso é que elas ainda não são vistas com alto valor na cadeia de reciclagem. “Embalagens flexíveis são pequenas, passam despercebidas e possuem uma sujidade que dificulta sua reciclagem”, citou.

Mas, em sua palestra, Alessandra Rinaldi indicou também que há soluções para reverter este cenário. 

Uma das soluções citadas pela especialista é a coleta obrigatória e individualizada deste tipo de embalagem. Com isso é possível desenvolver tecnologias de reciclagem, com uma viabilidade maior para essas embalagens.

“Dependemos de um volume alto de embalagens para viabilizar a reciclagem deste tipo de material, principalmente do ponto de vista econômico.”

Total alinhamento com as ODSs da ONU e a PNRS

Em sua palestra na Plástico Brasil 2023, Alessandra Rinaldi também indicou que a embalagem flexível está muito alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Inicialmente, a especialista do SENAI citou a clara relação entre as embalagens flexíveis e o Requisito 12 das ODSs.

Alessandra explicou que este é um requisito que visa assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis e, por isso, está totalmente envolvido com a capacidade de reciclagem das embalagens flexíveis.

“Este é um requisito que diz que precisamos reduzir substancialmente a geração de resíduos, por meio de prevenção, redução e reciclagem. Diz ainda que precisamos trabalhar com práticas sustentáveis, com um padrão mais claro de sustentabilidade e consumo.”

Há também o entendimento de que as embalagens flexíveis são resultado da PNRS. Essa é uma política que possui diretrizes baseadas na não geração de resíduos ou redução da sua geração.

Neste caso, Alessandra Rinaldi explica que as embalagens flexíveis geram uma série de possibilidades. 

“O avanço da tecnologia de embalagens flexíveis está gerando produtos com menor espessura, baseadas no ecodesign e que permitam a reutilização e aumentar a possibilidade de reciclagem, dando a ele uma destinação final de alto valor.”

A especialista em embalagens do Instituto SENAI de Inovação reforçou em sua palestra que a responsabilidade deve ser sempre compartilhada, desde o produtor de resina até o comerciante e usuário.

Por fim, Alessandra Rinaldi indicou também a importância dos protocolos internacionais que tratam da economia circular de embalagens flexíveis com destaque para a Recyclass e o Ceflex.

“Basicamente, estes são dois protocolos que tratam da valoração do resíduo, através de análises e metodologias aplicadas. Nós do Instituto SENAI de Inovação já priorizamos essa valoração em nossas pesquisas e temos ótimos resultados”, finalizou.

Quer saber mais sobre a circularidade de embalagens flexíveis? Confira a íntegra da palestra apresentada pela Alessandra Rinaldi durante a Plástico Brasil 2023.