Uma pesquisa da Opinion Box revelou que 82% dos brasileiros consideram a sustentabilidade um tema importante no dia a dia, e 37% já deixaram de consumir produtos de empresas que não seguem práticas ambientais adequadas.
A preocupação com a sustentabilidade também se estende ao setor de feiras e eventos de negócios, que anualmente gera grandes volumes de resíduos, como madeira, plástico e tecido.
A Informa Markets, organizadora da Plástico Brasil, reconhecendo seu papel nesse cenário, lançou a iniciativa Better Stands, com a meta de eliminar a geração de resíduos dos estandes dos expositores até 2030.
“Mais de 60% dos resíduos gerados nas feiras da Informa Markets no mundo vêm de estandes descartados dos expositores. O Better Stands nasceu para mudar isso, incentivando os expositores e montadoras a projetarem seus estandes de forma que o material possa ser reutilizado em outros eventos”, explica Araceli Silveira, VP de Audiência e Sustentabilidade da Informa Markets Latam.
Eco Ventures: sustentabilidade aliada a projetos sociais
A adesão ao programa de sustentabilidade tem sido expressiva. Em 2024, 92% dos estandes das 12 feiras organizadas pela Informa Markets Latam atenderam aos critérios do Better Stands.
Na Plástico Brasil 2025, em seu primeiro ano aderindo à iniciativa, esse número foi ainda maior, alcançando mais de 95%.
Um dos exemplos mais notáveis é o estande da Eco Ventures, empresa que comercializa e distribui resinas biodegradáveis, que conquistou o selo ouro do Better Stands.
Segundo Tiago de Carvalho, Diretor de Marketing, a conquista do selo Better Stands veio de forma natural. A empresa já adotava práticas como o uso de materiais biodegradáveis e madeira reaproveitável, além de projetar painéis reutilizáveis.
“Quando conhecemos o prêmio, vimos que nosso projeto já estava muito alinhado aos critérios exigidos, mas lemos o regulamento e nos adequamos ainda mais para garantir essa conquista”, explica.
Apesar dos benefícios, optar por um estande sustentável exige um investimento maior. No caso da Eco Ventures, os custos ficaram entre 30% e 40% acima do modelo convencional. “Isso foi uma escolha nossa, e não nos arrependemos. Sustentabilidade não pode ser só estética, tem que ser um compromisso real”, enfatiza o diretor.
A escolha dos materiais e a forma como são usados fazem toda a diferença. A empresa optou por deixar a madeira exposta, evitando tinta e adesivos que dificultam a reciclagem. Além disso, minimizou o uso de vinil, buscou soluções como lixeiras biodegradáveis e apostou em iluminação sustentável. “Nosso lustre, por exemplo, foi feito com garrafas recicladas”, conta.
Outro ponto de atenção foi o descarte de plantas usadas em eventos, prática comum que gera desperdício. Em resposta, a empresa passou a reaproveitar esses elementos na decoração de seus escritórios, reforçando sua visão de longo prazo.
Arte que impacta socialmente
Ao planejar o estande deste ano, a Eco Ventures decidiu ir além do uso de materiais sustentáveis e incorporar um elemento sociocultural ao projeto. Foi assim que surgiu a ideia de convidar artistas independentes de histórias em quadrinhos para criar um painel personalizado para o estande.
“Temos um bom relacionamento com esses artistas e fizemos questão de remunerá-los de forma justa. Sabemos que esse mercado é difícil e muitos deles dependem do mercado de eventos para gerar renda”, conta Tiago.
Mas a participação dos artistas não se limitou apenas à presença no estande. A empresa organizou um leilão solidário, no qual obras originais assinadas por esses artistas foram doadas para arrecadar fundos. O valor obtido com a venda das peças vai ser destinado a ONGs alinhadas à sustentabilidade e inclusão social, como a S.O.S. Plásticos, a Cooper Viva Bem e o Instituto Florescer.
O leilão funciona de forma diferente do modelo tradicional. Durante o evento, qualquer pessoa interessada em uma das quatro obras pode fazer uma doação via Pix ao longo do dia. No fim do dia, a pessoa que tiver feito a maior doação fica com a obra. Esse processo será repetido até o fim do evento, na sexta-feira. Todo o valor arrecadado será somado e, ao final, dividido igualmente entre as três ONGs beneficiadas.
“A iniciativa só foi possível porque alguns artistas toparam doar suas obras para que o leilão acontecesse”, explica Thiago. “Ao mesmo tempo, garantimos que os quadrinistas fossem devidamente pagos pelo seu trabalho no estande, criando um equilíbrio entre valorização profissional e impacto social.”
Arburg: estandes sustentáveis importados da Alemanha
Com um projeto completamente diferente das outras empresas, a Arburg, fabricante de máquinas injetoras, também conquistou o selo ouro do Better Stands: seu estande foi projetado e fabricado na Alemanha, seu país de origem, e é reutilizado em diversas feiras ao redor do mundo.
“Tudo o que você vê, móveis, painéis, piso, carpete e até a enceradeira utilizada para limpeza, vem da Alemanha. Após o evento, tudo é desmontado, embalado e enviado de volta para ser utilizado em outras feiras ao redor do mundo”, explica Alfredo Fuentes, diretor-geral da Arburg do Brasil.
A empresa monta cerca de 200 feiras internacionais por ano, garantindo que os mesmos materiais possam ser utilizados em diferentes países.
“Esse mesmo estande pode estar aqui hoje e, em duas ou três semanas, na Turquia, em Taiwan ou no México. Temos materiais e equipamentos que estão em uso há 10, 15 ou até 20 anos, sem desperdício. Essa é a nossa filosofia”, ressalta.
Para manter o padrão de qualidade e garantir a reutilização eficiente dos materiais, até os montadores são trazidos da Alemanha. “A desmontagem é até mais interessante do que a montagem, pois revela todo o cuidado que temos com cada peça. Tudo já é planejado para ser armazenado corretamente, com caixas de madeira pré-moldadas e ferramentas específicas para o processo. É um trabalho muito bem coreografado”, conta.
A longo prazo, o modelo de estandes sustentáveis também se mostra financeiramente viável. “No início, o investimento é maior, pois compramos todos os móveis e equipamentos em vez de alugá-los. No entanto, essa estratégia se paga com o tempo”, explica.
Receber o selo ouro do Better Stands foi um reconhecimento importante para a Arburg. “Foi uma grata surpresa! Ficamos muito felizes e nossa matriz também recebeu a notícia com entusiasmo. Esse prêmio reforça algo que a Arburg pratica há décadas, e é gratificante ver a sustentabilidade ganhando cada vez mais relevância no mercado”, celebra Fuentes.
Therpol: piso ecológico reutilizável
O estande da Tsong Cherng, em parceria com a NC Therpol, trouxe um ótimo exemplo de inovação sustentável para a Plástico Brasil: um piso ecológico produzido a partir da combinação de resíduos têxteis pós-industriais e Therpol, um biopolímero que incorpora borracha natural da seringueira ao plástico.
O piso já foi utilizado em seis eventos consecutivos sem apresentar desgaste significativo.
Segundo Caroline Nasser, diretora da NC Therpol, a proposta do piso é justamente garantir a reutilização sem comprometer a durabilidade. “Antes, muitos pisos quebravam durante a montagem e desmontagem dos eventos, tornando-se lixo. Agora, mesmo após o uso intenso, com mesas, cadeiras e carrinhos passando por cima, ele permanece intacto “, explica.

No caso apresentado na feira, o jeans foi incorporado ao Therpol no processo de fabricação. “Recebemos um contato de um parceiro da indústria têxtil que tinha grandes quantidades de jeans descartado sem um destino viável. Encontramos uma solução ao incorporá-lo ao Therpol, criando um novo material”, conta Caroline.
Outro diferencial do processo é a eliminação da necessidade de corantes. Os pigmentos dos próprios tecidos descartados são aproveitados, conferindo coloração natural ao piso. “Se usamos tecidos verdes, o piso fica esverdeado; se são vermelhos, ele fica avermelhado, tudo sem adição de novos pigmentos”, detalha a diretora.
Além de reduzir o desperdício, o Therpol também melhora a qualidade do plástico reciclado, tornando-o mais resistente e flexível. “Nosso foco é reduzir a demanda por plástico virgem, aproveitando melhor o que já foi descartado. O Therpol viabiliza essa reutilização de forma sustentável, trazendo os benefícios da seringueira para o plástico”, destaca Caroline.
Como funciona o Better Stands?
Os estandes são avaliados e recebem um selo com um dos três níveis de progresso: Bronze, Prata e Ouro. Após o evento as empresas recebem um certificado digital que comprova essa conquista. Veja os critérios de cada nível:
Better Stands Bronze: envolve a construção de estandes em que os componentes, incluindo paredes, pisos, mobília, equipamentos e iluminação sejam 100% reutilizáveis e com meta a ser cumprida em todos os eventos da Informa Markets até 2025.
Better Stands Prata: este nível, além de incluir todos os elementos do nível Bronze, exige que todos os objetos de estrutura, sinalização frontal e aérea, teto e displays de exibição deverão ser reutilizáveis.
Better Stands Ouro: o último nível incorpora todos os elementos dos níveis Bronze e Prata, adicionando gráficos, itens decorativos e revestimento de pisos para garantir geração de resíduo zero.
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