A partir de 2025, as empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira terão que se adequar à Resolução 193/2023 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Em vigor desde novembro de 2023, a norma exige que essas empresas elaborem Relatórios de Sustentabilidade seguindo as regras do International Sustainability Standards Board (ISSB). A divulgação do documento se tornará obrigatória em 2026.
Dentre os componentes desse modelo, o destaque fica para as informações de ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social E de Governança), que reforça o compromisso e transparência da empresa com a sustentabilidade. Além disso, o documento pode fornecer uma visão das ações e seus resultados.
Para Isabela Basso, fundadora da Zaya, greentech especializada em simplificar o cálculo do impacto ambiental de empresas, a adoção do padrão ISSB é um avanço para as companhias brasileiras.
“Ele estabelece critérios globais e padronizados, essenciais para aumentar a transparência e a comparabilidade das informações ESG. Até agora, a falta de obrigatoriedade dificultava a avaliação consistente entre empresas.”
Segundo ela, com o ISSB o Brasil alinha suas práticas às exigências do mercado global, promovendo competitividade e abrindo portas para novos investimentos, especialmente em um cenário em que a sustentabilidade é um diferencial decisivo.
Qual a importância do Relatório de Sustentabilidade?
A elaboração e divulgação do relatório é importante para, além das informações ESG, gerar uma reputação confiável e atestar a integridade das ações da empresa.
Inclusive, já foi comprovado que o ESG é uma forma de avaliação que chama a atenção dos investidores e pode ser um diferencial na hora captar recursos.
Há algumas ferramentas que podem facilitar a produção do Relatório de Sustentabilidade. O GRI (Global Reporting Initiative), por exemplo, oferece indicadores que norteiam sua elaboração, enquanto o CDP (Carbon Disclosure Project) coleta dados sobre questões ambientais.
Isabela ainda destaca outros benefícios que a divulgação do relatório pode gerar às empresas.
“Relatórios anuais são ferramentas fundamentais para que investidores e demais stakeholders conheçam a empresa como um todo e possam avaliar oportunidades de negócios. A inclusão de temas de sustentabilidade nestes relatórios é extremamente estratégica, pois permite que a empresa comunique de forma eficiente e transparente sua atuação em sustentabilidade.”
Desafios na elaboração do relatório de sustentabilidade
Em seu artigo “ISSB: O Brasil está preparado para a nova era da transparência e sustentabilidade?”, Isabela cita a mensuração das emissões de carbono como uma das principais dificuldades.
Esse tópico é dividido em três escopos:
- Emissão direta de energia;
- Emissão indireta de energia; e
- Emissão indireta de energia ao longo de sua cadeia de valor. Isso engloba desde os fornecedores até o uso dos produtos finais.
“Este escopo 3 representa um desafio considerável, exigindo um profundo mapeamento da cadeia de suprimentos e o engajamento ativo dos fornecedores para a coleta de dados precisos e confiáveis. A falta de transparência e colaboração nesta etapa poderá comprometer a qualidade do relatório e a conformidade com as normas”, aponta.
Ela revela que esse, inclusive, foi um dos motivos pelos quais a Zaya foi criada. A greentech oferece um sistema que simplifica e acelera todo o processo de montagem de um inventário de GEE (Gases de Efeito Estufa), a fim de garantir maior precisão e agilidade.
Etapas de planejamento
Seguir algumas etapas pode facilitar a elaboração do Relatório de Sustentabilidade e auxiliar empresas que não estão familiarizadas com o documento a redigi-lo da melhor forma:
- Conheça os stakeholders: entenda suas necessidades e prioridades, o que garante a abordagem de temas relevantes.
- Siga diretrizes existentes: serviços como o GRI ajudam a seguir estruturas globalmente reconhecidas.
- Seja didático: apresente informações de maneira clara, facilitando a leitura.
- Colete feedbacks: isto garante que o relatório atinja as expectativas dos stakeholders.
Como elaborar seu relatório de sustentabilidade
Como já dito, as regras seguirão, a partir deste ano, os padrões da International Sustainability Standards Board (ISSB). O dever das empresas é divulgar as informações ESG e metas sobre sustentabilidade e clima.
Existem dois conjuntos de normas para estruturar o documento. O primeiro trata de informações gerais de sustentabilidade, enquanto o segundo foca em dados relacionados ao clima.
Em qualquer um dos casos, há quatro competências que devem ser detalhadas.
- Estratégia: explora oportunidades socioambientais.
- Governança: trata de questões socioambientais.
- Gestão de riscos: processos de identificação e avaliação deles.
- Metas e métricas: engloba números mais específicos.
Também existem outros componentes que aparecem com frequência nesses relatórios, como direitos humanos, práticas trabalhistas e impacto ambiental.
Trabalho complexo
Isabela alerta que a elaboração do Relatório de Sustentabilidade é apenas a “ponta do iceberg”.
Apesar de o documento poder ser elaborado por uma equipe interna, ela recomenda que empresas sem experiência ou com poucos recursos internos contratem uma consultoria especializada, como a Zaya.
Entre outros recursos, a plataforma da Zaya oferece soluções para a jornada de descarbonização dos clientes, como Inventário de GEE, Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) e Engajamento Climático de Fornecedores.
“Por trás do relatório, é necessário haver um trabalho complexo de construção de estratégia em sustentabilidade, que se inicia com uma Matriz de Materialidade e a criação de uma governança para o tema, a realização do Inventário de GEE e outras iniciativas que fundamentam a atuação de uma empresa. Esse trabalho pode ser realizado por uma equipe interna, desde que ela tenha o conhecimento necessário para evitar que a empresa caia em ciladas com greenwashing e ações pouco efetivas.”
Por fim, Isabela destaca que empresas não listadas na Bolsa de Valores e, portanto, desobrigadas a seguir as determinações da CVM, podem se beneficiar com a divulgação do Relatório de Sustentabilidade.
“Essa prática contribui diretamente para a maturidade e confiabilidade do mercado brasileiro, ao estabelecer uma cultura de transparência e responsabilidade. No cenário atual, em que consumidores e investidores estão cada vez mais atentos às práticas ESG, a publicação desses relatórios demonstra comprometimento com resultados reais e evita o risco de greenwashing, que pode comprometer a credibilidade da empresa”, explica.
Sua empresa está preparada para elaborar o relatório de sustentabilidade? Aproveite para conhecer também a importância da ACV.