A competitividade é uma meta que deve ser perseguida por todas as organizações, especialmente aquelas inseridas em mercados com muitos concorrentes e baixa margem de lucro. E ela passa, em grande parte, pela redução dos custos operacionais.
Na prática, gastar menos para manter a operação, sem comprometer a qualidade, possibilita preços mais atrativos para os clientes e consumidores.
Da mesma forma que outros aspectos da gestão, reduzir custos demanda comprometimento das lideranças e equipes, planejamento e controle. Do contrário, o efeito pode ser o inverso, como explica o professor Ricardo Caruso, do curso Indústria 4.0: Conceito, Método e Aplicação Prática da Fundação Vanzolini:
“São comuns casos de cortes de custos que provocam a redução da receita, diminuindo a lucratividade, muitas vezes tendo que ser retroagidos a custos mais altos. Esses casos são muito comuns quando a decisão é tomada tendo em vista apenas uma área de processo ou negócio, provocando impactos em outros pontos da cadeia de valor.”
Para além da questão da competitividade, Caruso chama atenção para casos ainda mais preocupantes em que tal redução provoca o aumento não mapeado de riscos, podendo ocasionar desde paradas de equipamentos até acidentes com grandes impactos.
Principais custos na indústria
Como se pode perceber, elaborar um plano de redução de custos é bastante complexo e varia conforme as particularidades do negócio. Como exemplo, estão as licenças ambientais na indústria de papel e celulose e os créditos de carbono na siderurgia.
À parte as especificidades de cada setor, Caruso elenca matéria-prima, energia, mão-de-obra, estoques e logística como os cinco principais custos relacionados à operação da produção.
“Todos estes custos se relacionam diretamente com a eficiência do sistema produtivo, não só da planta industrial de forma isolada, mas também da cadeia de suprimentos onde ela está inserida.”
A seguir, ele dá algumas dicas práticas de como administrá-los:
- A adoção de iniciativas de Lean Manufacturing, que tem como seu principal princípio a redução de desperdícios, pode trazer impactos na redução de todos estes custos, com grande ênfase nos processos de gestão de estoques, logística e uso de matéria-prima;
- Projetos de otimização do processo de S&OP, que trabalha desde a previsão de demanda até a definição de lotes de produção, também trazem grandes impactos não só na redução de custos, mas no ganho de competitividade;
- O uso de tecnologias adequadas de informação e automação industrial trazem transparência para o acompanhamento e mitigação de impactos desses custos, ajudando na priorização de ações de melhoria de maior impacto.
Indústria 4.0 e a redução de custos
Segundo Caruso, a Indústria 4.0 traz uma gama de tecnologias que pode trazer reduções expressivas nos custos operacionais. Acompanhe de que forma isso se dá:
Tecnologias de Internet das Coisas (IoT): trazem a capacidade de coleta de dados com um custo muito mais baixo, permitindo a adoção muito mais ampla em sistemas distribuídos. Pode ser usada para medição e gestão de consumo de energia por equipamento, medição de níveis de estoques em grandes clientes, reduzindo estoques internos, ou para a rastreabilidade detalhada de veículos logísticos ou mão de obra.
Analytics e Big Data (principalmente baseados em inteligência artificial): podem trazer predições de comportamentos de produção, falhas de equipamentos e demandas. Com esses dados, custos de energia, insumos, mão de obra, estoques e logísticos podem ser planejados com maior assertividade.
Tecnologias de robótica: trazem um grande impacto na escala de produção com redução de mão de obra e de riscos ergonômicos e trabalhos em áreas perigosas.
Integração de sistemas de múltiplas áreas: pode incentivar a colaboração de equipes multidisciplinares, eliminando ineficiências muito comuns em áreas de “sombra” entre departamentos.
No entanto, Caruso alerta que tal implantação precisa estar alinhada adequadamente ao negócio. “Estas tecnologias sempre devem ser vistas como ferramentas para melhorias em processos e negócios, e não como uma solução isolada”.
Por onde começar?
Embora a redução de custos possa passar pela modernização da planta e dos processos industriais, nem todas as empresas dispõem de capacidade de investimento para implantação de projetos mais abrangentes de automação industrial e troca de equipamentos.
Nestes casos, Caruso lembra que todas as ações de melhorias operacionais, incluindo a redução de custos, devem começar com um mapeamento das oportunidades de melhorias da operação.
“Um primeiro passo comum é a criação de um grupo multidisciplinar interno para a construção de um roadmap de ações e priorizá-las. Com a Indústria 4.0, temos disponíveis tecnologias de custo escalável, como Internet das Coisas (IoT) e Cloud, que trazem grandes impactos em reduções de custos sem grandes investimentos de capital.”
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