Assistimos nos últimos três anos como a escassez de água, principalmente nos estados do sudeste brasileiro, impactou de forma profunda o dia a dia da população e levou governos a tomarem medidas drásticas contra a seca. E o setor químico, claro, também sentiu esse impacto, tendo que muitas vezes reavaliar rotinas e processos. Mas o fato é que o resultado poderia ter sido muito mais desastroso, se a indústria de matérias-primas não tivesse se preparado com antecedência para tempos difíceis.

As empresas químicas que seguem os requisitos do Atuação Responsável®, programa voluntário da indústria química brasileira e mundial, já há muitos anos vêm trabalhando para melhorar seus processos, tornando-os mais seguros e sustentáveis. Para se ter uma ideia, o setor reduziu em 36% a captação de água em seus processos entre os anos de 2006 e 2015, segundo os Indicadores de Desempenho de Atuação Responsável, levantamento anual elaborado pela Abiquim junto aos seus associados. No mesmo período, a indústria química reduziu em 31% a geração de efluentes. Somente em 2015, por exemplo, 7% do efluente gerado foi recuperado.

Mas a indústria química não parou por aí. Diante das graves adversidades impostas pela crise hídrica que atingiu a região sudeste, a Abiquim, com o apoio das empresas associadas, criou em 2015 o GT Água, no âmbito da Comissão de Meio Ambiente, cujo o grupo teve como principal objetivo identificar as melhores práticas de uso racional dos recursos hídricos. Em julho de 2015, a Abiquim publicou o Guia para Elaboração de Plano de Contingência para a Crise Hídrica, que visa possibilitar a preparação das empresas para situações de escassez hídrica. O Guia foi estruturado em ações sugeridas para quatro níveis de contingência, que devem ser definidos por unidade produtiva, de acordo com o perfil hidrológico da bacia hidrográfica onde a unidade está instalada.

Outro importante trabalho foi lançado durante o 16º Congresso de Atuação Responsável, realizado em outubro. Trata-se do Manual de Gestão Eficiente de Recursos Hídricos, que apresenta informações sobre o cenário da disponibilidade hídrica no Brasil, as demandas de diferentes segmentos pelo recurso e o desempenho da indústria química. Além disso, o Manual explica como uma empresa pode identificar oportunidades de melhoria em sua gestão de recursos hídricos e como sistemas de reúso interno industrial de água podem ser implementados. O Manual aborda também diferentes tecnologias disponíveis para tratamento de água, além de cases de sucesso de indústrias químicas do Brasil.

Por sua abrangência, a publicação serve não somente para as empresas do setor químico, como ela pode ajudar outros segmentos a criarem práticas que visam melhorias de seus processos.

Todos os trabalhos desenvolvidos garantiram à indústria de matérias-primas, incluindo a de plástico, maior flexibilidade para enfrentar o problema de escassez de água, como também, acima de tudo, garantiu fornecimento de qualidade aos setores clientes.