Tema recorrente na indústria do plástico, a transformação digital ganhou força nos últimos dois anos em razão da pandemia de Covid-19. Mais do que nunca, as empresas entenderam a necessidade de atualizar seus processos para ganhar agilidade e produtividade em um mercado competitivo.
Apesar disso, a Bússola da Indústria, ferramenta desenvolvida pelo Sistema FIEP que mede diferentes índices de empresas do Paraná, apontou que em 2021 apenas 15% dos participantes se encontravam no mais alto grau de maturidade em relação à transformação digital como parte de seu planejamento estratégico.
Isso significa que estavam em estágio avançado na aplicação de diretrizes, objetivos, ações, investimentos, recursos e desenvolvimento de projetos. No outro extremo, 27% ainda não vislumbravam possibilidades e oportunidades neste sentido – a chamada Passividade Digital.
Além da fabricação
É importante ressaltar que a transformação digital passa pela implementação de recursos da Indústria 4.0 – integração das máquinas via sensores, tráfego de informações em rede, utilização de robôs em tarefas repetitivas, troca de moldes sem intervenção dos operadores, entre outros –, mas não se limita a isso.
De acordo com a teoria dos 5 pilares da transformação digital, ela vai além da linha de produção e inclui clientes, competição, dados, inovação e valor. Na prática, isso significa que esta transformação abrange todo o modelo de negócio da empresa e sua relação com os clientes e concorrentes.
Para Alexandre Weisheimer, Arquiteto de Soluções da CIGAM, desenvolvedora de soluções em inovação, tecnologia, gestão e informação: “a transformação digital não deve ser encarada apenas como uma melhoria, e sim uma mudança. Como toda jornada, começa com um primeiro passo, e deve possuir marcos e objetivos bem definidos e alinhados ao que a empresa busca ser. Cada empresa deve procurar determinar seu nível de maturidade e, a partir deste entendimento, construir o seu modelo de transformação digital”.
Case de embalagens plásticas
Com 125 anos de mercado, a Dow tem um longo histórico de investimento em tecnologia, processos e operações de última geração para tomada de decisões. Na era digital, a empresa elaborou um roadmap abrangente e profundo para que, em cada fase, os processos gerem dados e seja possível visualizar em tempo real o que acontece no campo, medir, controlar e tomar decisões ágeis com base na análise dos dados.
“Outro exemplo é a digitalização de nosso PackStudios em Jundiai (SP), onde temos um ambiente digital para nossos clientes testemunharem, com alta fidelidade de imagens e som, os testes de laboratório e produção, e interagir a partir dos seus escritórios em outros países de uma forma segura e produtiva para todos”, cita Yasmin Gomez, Líder de Transformação Digital para o negócio de Plásticos e Embalagens na América Latina da Dow.
A evolução digital na empresa se deu principalmente por meio da conectividade e da segurança de infraestruturas e dados, da mobilidade e de um Data Hub integrado, desde laboratórios até contratantes em campo, com elevada visibilidade e localização geográfica em tempo real, e instrumentos digitais que facilitam uma melhor segurança e fiabilidade dos processos.
Benefícios da transformação digital
Um dos benefícios mais fortes dessa transformação é o de conduzir o negócio para um modelo de gestão digitalizado e, com isto, abrir uma gama de oportunidades no sentido de alavancar novas formas de produzir, aumentar a produtividade e reduzir custos.
Outro, citado por Yasmin Gomez, são as melhorias exponenciais trazidas pela agilidade e confiança ao traduzir dados em insights de negócios. Ela conta que “a Dow investiu 400 milhões nesta primeira fase da transformação digital em todo o mundo, destinada, entre outros, a acelerar a fabricação para melhorar substancialmente a segurança, a eficiência e a confiabilidade em todos os processos, e a fazê-lo de forma sustentável”.
Desafios
Uma empresa que planeja iniciar o processo de transformação digital precisa, antes de tudo, “olhar para dentro”, determinar seu nível de maturidade e definir os marcos e objetivos alinhados com o que ela almeja se tornar, para só então construir um modelo.
Isso exige alto compromisso da gerência com a gestão da mudança em todos os níveis das áreas de implementação, e com a gestão adequada dos projetos.
Panorama indústria do plástico
Para Weisheimer, da CIGAM, a indústria do plástico está alguns passos à frente em comparação com outros modelos industriais, porque possui em seu DNA a vocação para a inovação, dita tendências em processos e produtos e tem foco na sustentabilidade. Mas, ele acrescenta, “a jornada rumo à transformação digital é longa e desafiadora”.
Yasmim vai na mesma linha e acredita que ainda há muito a explorar pelo setor, desde a simplificação de toda a cadeia produtiva até a criação de novos modelos de negócio. “Por exemplo, para que no futuro exista a IoT (internet das coisas), temos que começar a pensar no marco legal e de governança dos dados, e o know-how necessário. Vamos evoluir, mas é fundamental começar a pensar nos desafios futuros.”
Sua indústria já iniciou o processo de transformação digital? Quais têm sido os maiores desafios?