O plástico está tão inserido no dia a dia das pessoas que se tornou um elemento fundamental para o desenvolvimento de diversos setores da economia, incluindo as indústrias do segmento têxtil, que vêm demonstrando cada vez mais que a associação entre o uso inteligente do plástico e a criatividade deixou de ser tendência para se transformar em realidade para o setor.
Diversas marcas já utilizam o plástico para a confecção de roupas. Isso porque as fibras plásticas dão bom caimento às peças, proporcionando mais conforto e durabilidade, a um custo menor.
Conhecido como couro sintético, o popular PVC, por exemplo, desenvolvido a partir da mistura entre o etileno e o cloro, é comumente utilizado pela indústria têxtil na fabricação de jaquetas, mochilas, bolsas e calçados. Já o polietileno – tipo de plástico macio e flexível – e o polipropileno – que possui moldagem fácil e um custo menos elevado -, também são bastante utilizados nesse sentido, pois garantem mais resistência, beleza e funcionalidade para peças como calças e bermudas.
Além disso, uma nova resina, denominada EVA (copolímero de etileno e acetato de vinila), proveniente de uma mistura de alta tecnologia entre etil, vinil e acetato, é capaz de gerar um produto atóxico e resistente, que confere a vantagem da durabilidade e da leveza para os sapatos.
Plástico reciclado: uma tendência no mercado têxtil
O plástico também está presente na indústria da moda por meio da utilização de fibras de garrafa pet, misturadas às fibras de algodão. De acordo com o diretor da Trisoft, Maurício Cohab, o uso mais sustentável de matérias-primas é uma grande tendência do mercado.
“Muitas confecções de vestuário estão utilizando fibras de garrafas PET para misturar com as de algodão. O cliente busca cada vez mais opções de consumo sustentáveis, o que pode ser um bom negócio para as empresas da área. No segmento de colchões, estofados e edredons, por exemplo, são utilizados as mantas, o Petfom e o Petfom Base, parcialmente reciclados e 100% recicláveis”, enfatiza.
Diante desse cenário, sai na frente quem consegue captar as necessidades do público. Recentemente, uma empresa gaúcha ganhou notoriedade ao criar sapatos veganos que, além de outros materiais, também são feitos de plástico reciclado. Outra marca criou um tênis ecológico feito com 100% de resíduos plásticos retirados do oceano, como garrafas PET, sacolas plásticas e redes de pesca.
O campeão mundial de surfe, Kelly Slater, acompanhando a tendência, fundou sua marca de roupa focada 100% em tecidos reciclados e sustentáveis. Em suas peças são utilizados plásticos e redes de pesca de nylon, reaproveitando, assim, o que é descartado no meio ambiente.
A Adidas, por sua vez, também anunciou recentemente que venderá sapatos e roupas confeccionadas com plástico retirado dos oceanos.
A transformação do plástico reciclado em roupa
Para um tecido ser produzido a partir de uma embalagem de politereftalato de etileno, ou garrafa PET, como o material é popularmente conhecido, tudo começa com a coleta das garrafas e seu encaminhamento para a reciclagem.
Depois de serem devidamente separados, os resíduos ão lavados, moídos e descontaminados para que possam ser transformados em pequenos grãos e possam ser, a partir disso, encaminhados para as etapas posteriores.
Para que o plástico possa se tornar próprio para a confecção de roupas há, ainda, outro processo pelo qual ele deve passar. “O plástico reciclado é processado por extrusoras e, dependendo do caso, transformado em fibras, que são processadas e convertidas em fios mistos ou em véus que viram não-tecidos por meio de cardas, dobradores de véus e máquinas de acabamentos”, explica Cohab.
Uma garrafa PET é 100% composta de uma resina termoplástica de alta resistência, o que torna o resultado final perfeito, fazendo com que o plástico na moda produza produtos de tão boa qualidade quanto aqueles confeccionados por material não reciclado.
De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Akatu, um percentual cada vez maior de clientes está valorizando práticas sustentáveis. Diante disso, como ressaltou o diretor da Trisoft, o plástico reciclado pode ser uma boa aposta para as indústrias de transformação se alinharem às tendências e demandas do mercado da moda.
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