Largamente utilizada na fabricação de transformados plásticos ocos e de grandes dimensões, a rotomoldagem de plástico é um processo industrial cada vez mais adotado por segmentos que demandam peças customizadas ou de alta complexidade, como a indústria de brinquedos ou na plasticultura.

Para Juliano Jardel Rasera, gerente de Operações da Tecnotri Indústria de Plásticos, uma das maiores vantagens deste processo é o fato de que o polietileno rotomoldado consegue dar origem a peças mais resistentes e com longa vida útil.

“Outra vantagem do plástico rotomoldado é a facilidade de higienização em peças com superfícies rugosas. Este efeito pode variar de acordo com a cavidade da forma, a fluidez e a granulometria da resina plástica utilizada, além das velocidades rotacionais e das temperaturas da fabricação”, explica.

Entenda o que é rotomoldagem e os passos para fabricar peças plásticas rotomoldadas.

Como funciona o processo de rotomoldagem de plástico?

A rotomoldagem consiste na transformação de termoplásticos que tomam forma quando o plástico moído é inserido dentro de um molde e fundido em fornos dotados com um sistema de rotação vertical e horizontal.

E daí derivam também os outros nomes pelo qual o processo é conhecido: fundição rotacional e moldagem rotacional. Tudo isso faz parte da produção de peças pela indústria do plástico.

Etapa Descrição
Carregamento Inserção do polímero (como PE, PP ou PVC) moído em dosagem exata para preencher o molde, que é então selado.
Aquecimento e rotação O molde gira em dois eixos dentro do forno, derretendo o material e distribuindo-o de forma uniforme.
Resfriamento O molde é resfriado com ar, pulverização de água ou envolvimento em camisa de refrigeração até solidificar a peça.
Desmoldagem Remoção da peça finalizada de dentro do molde.

“O equipamento de rotomoldar é, em média, 5 vezes mais barato do que uma injetora ou uma sopradora que faça peças do mesmo porte. O molde também fica de 3 a 4 vezes mais barato”, compara Rodrigo Ebert Harsteln, engenheiro de materiais e diretor-presidente da fabricante de brinquedos Xalingo.

No entanto, ele faz uma diferenciação: “Com a injeção, eu consigo tirar muito mais peças em menos tempo, então posso fazer grandes lotes e produtos mais baratos”.

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Quais são as precauções na rotomoldagem de plástico?

Embora o processo seja simples e de baixo custo, alguns cuidados são necessários para não prejudicar a qualidade das peças fabricadas com plástico rotomoldado, em especial de peças ocas:

  • As partículas do polímero moído precisam ser do mesmo tamanho, pois as mais finas podem fundir mais rapidamente que as demais e gerar defeitos internos, enquanto as mais grosseiras tendem a não preencher todos os detalhes do molde;
  • A espessura do molde deve permitir que o polímero no seu interior seja aquecido por igual e oferecer uma vedação perfeita para evitar vazamento do ar interno;
  • Se a temperatura de fusão for muito baixa, pode ocasionar formação de bolhas que comprometem as propriedades mecânicas da peça; se muito alta, pode incorrer na degradação termo-oxidativa nas paredes internas;
  • Resfriamento muito lento pode resultar em peças rígidas, mas com baixa resistência; já a diferença brusca de temperatura no resfriamento muito rápido pode causar empenamento da peça.

Juliano Jardel Rasera lista outras vantagens da rotomoldagem: “A produção de peças únicas, sem soldas ou emendas, a diversidade de cores, modelos e formatos, assim como a resistência a intempéries e impactos. Outros pontos destacáveis são a obtenção de materiais anticorrosivos, recicláveis, leves, duráveis e seguros”.

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O cenário futuro da rotomoldagem

A construção civil, principalmente em reservatórios de água, mas também em dutos condutores de entulho e outras peças, é a que mais utiliza o plástico rotomoldado.

Mas diferentes setores têm aumentado sua opção por este tipo de transformado, como é o caso da agricultura (silos, depósitos de semeadura, tanques de irrigação), indústria de brinquedos (playgrounds, partes e peças) e automotiva (tanques, painéis), logística (caçambas, paletes) e até fitness (painéis para esteiras) e náutica (caiaques).

Ainda assim, em 2020, a rotomoldagem representou apenas 1% dos processos produtivos para fabricação de transformados plásticos.

Para Rodrigo Ebert Harsteln, é uma questão de demanda: “O mercado para rotomoldagem ainda está muito focado em peças grandes e com alguma complexidade de engenharia. É um mercado muito específico, e por isso não é tão difundido quanto, por exemplo, o processo de injeção, que tem uma demanda gigantesca e a gente faz milhares, milhares e milhares de peças”.

Juliano Jardel Rasera confirma que o setor de rotomoldagem está em franca expansão. “Os principais motivos são flexibilidade de design das peças, baixo desperdício de materiais e, principalmente, pela versatilidade do plástico rotomoldado em substituir componentes metálicos na indústria e no setor automotivo.

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