Os padrões de consumo contemporâneos têm desempenhado um papel significativo no desenvolvimento de novos produtos e seus insumos básicos. A sociedade moderna é caracterizada por um consumo excessivo e muitas vezes impulsivo, sem a devida reflexão sobre o que se está consumindo, impulsionado por uma cultura de descartabilidade e obsolescência planejada.
Para enfrentar os desafios ambientais e promover a sustentabilidade, é essencial reavaliar a forma como valorizamos o ciclo de vida do que é consumido, buscando assim uma verdadeira economia circular.
Do ponto de vista dos materiais, a indústria de transformação produz insumos poliméricos, metálicos ou cerâmicos, além de compósitos que mesclam esses materiais. Quando observamos os bens ao nosso redor, percebemos uma grande quantidade de materiais plásticos. Estes polímeros são frequentemente vistos pela sociedade como grandes vilões no desenvolvimento sustentável da cadeia industrial. No entanto, em comparação com a indústria de metalurgia e cerâmicas, a fração de insumos poliméricos não ultrapassa 5% do mercado global.
Então, por que os plásticos são vistos como o maior vilão ambiental no final da cadeia de consumo?
A resposta a esta pergunta está atrelada a diversos fatores, desde a extração de recursos naturais, passando pelo processo produtivo, a durabilidade do produto e, finalmente, a forma como os polímeros são descartados ou reaproveitados. A base dos insumos plásticos, as resinas poliméricas, são em sua maioria constituídas por monômeros derivados de petróleo ou outras fontes de recursos fósseis. Desta forma, os plásticos não são identificados como um material sustentável. Além disso, o processo de polimerização a partir de um monômero ocorre mediante reações físico-químicas e aplicação de aditivos, o que dificulta o processo de recuperação do insumo e a circularidade do material.
Os plásticos são empregados frequentemente em funções de consumo único ou baixa durabilidade, o que também lhes atribui impactos ambientais negativos. Em função de todos estes fatores que negativam as resinas poliméricas para o desenvolvimento ambiental, alguns esforços estão sendo feitos para mitigar os impactos na sustentabilidade de cada cadeia de consumo desses materiais. Estas ações podem ser divididas em três grandes grupos: redução do consumo de materiais poliméricos, o desenvolvimento de monômeros de fontes renováveis e o aproveitamento energético dos plásticos.
No entanto, como todo processo de desenvolvimento que altera algo já estabelecido, existem riscos e incertezas que devem ser enfrentadas pela indústria de transformação, comercialização e gestão desta inovação. Estes riscos muitas vezes desestimulam os investimentos em sustentabilidade, de forma a manter os processos em seu estado consolidado.
Para que todo um ecossistema envolvido no desenvolvimento de soluções ambientais ganhe força e aplique passos largos na cadeia de insumos sustentáveis, é necessário que exista uma valorização real dos produtos com atributos ambientais e sustentáveis. Na prática, o consumidor final, que realmente efetua a aquisição de materiais poliméricos, deve ver valor no design de produtos com maior ciclo de vida, menor quantidade efetiva de plásticos e produzidos a partir de resinas biológicas, sem consumo de recursos fósseis.
Desta forma, aumenta-se a competitividade de produtos sustentáveis, impactando diretamente na redução dos riscos à inovação. Os conceitos ambientais atrelados ao padrão de consumo têm um papel fundamental no enfrentamento de barreiras para um desenvolvimento sustentável dos produtos plásticos ambientalmente corretos.