O plástico representa 37,1% do total de embalagens produzidas no país, de acordo com estudo da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE). É a maior fatia, superior ao papel/papelão, metal e vidro. Nos últimos anos, um tipo de embalagem plástica vem se destacando sobre as demais, o stand-up pouch (bolsa que para em pé, em tradução literal).
Na falta de dados de mercado oficiais específicos sobre o stand-up pouch, André Gani, diretor de Vendas & Marketing da Terphane, uma das maiores fabricantes e fornecedoras de filmes de poliéster para a indústria de embalagem, confirma que este tipo “vem apresentando crescimento acima de 5% ao ano na última década”.
Flexibilidade
Segundo o diretor, isto se deve, principalmente, à migração de produtos e categorias de produtos anteriormente acondicionados em embalagens rígidas (plásticas, metálicas, cartonadas assépticas e de vidro).
De fato, junto ao seu formato inovador – estrutura flexível com uma base de sustentação que permite que fique em pé – o stand-up pouch pode ser totalmente transparente, metalizado ou um híbrido, com uma face transparente e outra metalizada. Pode, ainda, ter fecho comum, por zíper ou tampa. Esta flexibilidade abre um amplo leque para as indústrias explorarem a visibilidade de seus produtos nas gôndolas dos pontos de venda.
O stand-up pouch é relativamente novo no mercado. Ele foi criado em 1962 pelos irmãos Leon e Louis Doyen, da indústria francesa de máquinas para embalagens Thimonnier, e conseguiu a patente sob o nome de Doypack (ainda usado nos dias de hoje por algumas indústrias) em 1968.
Sua participação de mercado demorou a crescer, pois naquela época havia poucos fabricantes de máquinas para formatação e enchimento do novo modelo.
Com o passar dos anos, o stand-up pouch se popularizou principalmente pelo acondicionamento de alimentos pastosos, em especial os atomatados. Mas isso vem mudando, e é cada vez mais comum encontrar alimentos em grãos, pó, líquido e pedaços, produtos de limpeza e higiene pessoal, bebidas, produtos para pets e até óleos e tintas.
Diferenciais da embalagem stand-up pouch
Entre outros diferenciais, André Gani cita o excelente custo-benefício das embalagens stand-up pouch em comparação às rígidas. “Também podem ser facilmente distribuídas por toda a cadeia de consumo, desde a produção dos pouches até a exposição nas gôndolas, com excelente apperance appeal (apelo visual), se destacando das outras embalagens”.
Esta combinação de fatores vem atraindo mais investimentos em novas linhas de envase de produtos em stand-up pouch. “O próprio CAPEX [investimento em bens de capital] para aquisição de uma linha de envase em stand-up pouch é, normalmente, mais barato que linhas de mesma velocidade em embalagens rígidas e/ou semirrígidas”, afirma Gani.
Embalagens sustentáveis
Outro importante benefício atribuído ao stand-up pouch é a sustentabilidade, um diferencial relevante numa época em que os consumidores demandam cada vez mais o compromisso da indústria com as questões ambientais.
Começa pelo fato de as embalagens flexíveis serem mais leves que as rígidas, o que reduz a geração de resíduos sólidos pós-consumo e a pegada de carbono.
Somado a isto, o stand-up pouch apresenta grande possibilidade de produção a partir de material reciclado, o que incrementa seu apelo sustentável. Neste ano, um grupo de empresas deu início a um projeto para o desenvolvimento de stand-up pouch para uso não alimentício feito com até 30% de poliéster reciclado pós-consumo.
Pelo escopo do projeto, a Braskem e a Terphane fornecem, respectivamente, as resinas de polietileno e os filmes de poliéster para a Antilhas, responsável pela laminação e impressão da estrutura da embalagem, que em seguida é formatada e recebe aplicação de bico e tampa, também de material reciclado, pela Gualapack.
André Gani conta que várias marcas já demonstraram interesse nesta solução, e é uma questão de tempo para que seja amplamente utilizada em embalagens flexíveis.
A Terphane já trabalha a possibilidade de produzir os filmes com resina PET PCR em grau alimentício, de modo que até embalagens para alimentos possam utilizar filmes com conteúdo reciclado. “O plástico de uma embalagem para alimento pós-consumo é reciclado e volta a ser uma nova embalagem para um novo alimento, fechando o ciclo. Para isto, desenvolvemos a linha de filmes sustentáveis Ecophane”, explica Gani.
“Estas duas características combinadas – melhor custo-benefício e sustentabilidade – trazem uma proposta de valor muito interessante para o mercado de bens de consumo e para o consumidor final”, conclui.
Como tem sido a demanda por stand-up pouch na sua indústria? Ele pode se transformar no principal tipo de embalagem no futuro?
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