A adoção das tecnologias digitais relacionadas à era da Manufatura Avançada, também chamada de Indústria 4.0, não está na pauta apenas das grandes indústrias. Muitos empreendedores da cadeia industrial do plástico vêm fazendo uso da mecanização, automação, robotização, entre outras tecnologias digitais, para inovar e produzir mais e melhor.
Em pesquisa realizada pela CNI, do total das indústrias brasileiras, 58% demonstram conhecer a importância dessas tecnologias digitais. Apesar disso, ainda é muito comum encontrar empresas com processos produtivos pouco automatizados ou, até mesmo, sem qualquer mecanização, quase artesanais.
“Podemos dizer que o índice de robotização no Brasil ainda é muito pequeno, contudo, quando comparamos essa situação com países que produzem os mesmos produtos, percebemos que não estamos com tanta desvantagem assim, visto que, mesmo em nações com grande escala de produção, o grau de robotização também é muito baixo”, afirma Ronaldo Alves, consultor do Sebrae-SP.
Por que investir em tecnologias digitais?
A Manufatura Avançada busca diminuir a interferência do homem na maior parte dos processos industriais, visando produtos finais com melhor qualidade, aumento de produtividade e redução de custos. “Trazer o auxílio de tecnologias digitais para a indústria ajuda a conquistar mais eficiência nos processos internos, proporcionar uma redução drástica de erros e de retrabalho, além de gerar inovação, uma vez que se torna possível realizar coisas que, sem o auxílio tecnológico, não se conseguiria”, resume Ronaldo Alves.
Contudo, justificar investimentos em tecnologias aplicadas por intermédio desses meios fica muito mais difícil quando a empresa não apresenta uma grande escala de produção. Não à toa, para 66% das empresas consultadas no já citado estudo da CNI, a maior barreira para a adesão à Manufatura Avançada é o preço da tecnologia envolvida, seguido pela falta de clareza na definição do retorno sobre o investimento e a estrutura/cultura da própria empresa, com 26% e 24%, respectivamente. Talvez por isso, pouco menos da metade das indústrias ouvidas utiliza uma ou mais das 10 tecnologias listadas ao longo da pesquisa.
Em um primeiro momento, o investimento em maquinário moderno demanda, realmente, custos mais elevados da indústria, mas pode, em contrapartida, otimizar processos de produção, o que, potencialmente, resulta em uma grande economia ao longo prazo.
Apesar disso, vale a pena ressaltar que os investimentos em tecnologia ainda necessitam que as pequenas indústrias tenham escala de produção suficiente para serem justificados. Segundo o consultor do Sebrae-SP, o retorno de um investimento empregado, por exemplo, em tecnologia para automação pode acontecer entre 12 e 18 meses. Exceto em casos excepcionais, um período de retorno maior do que 18 meses não justifica tais investimentos.
Uma nova cultura para a implementação de tecnologias digitais
O investimento nas tecnologias digitais não requer apenas uma adoção de modernos equipamentos, softwares e a integração digital das etapas da cadeia de valor dos produtos industriais, mas também uma nova cultura organizacional.
Em um primeiro momento, muitas indústrias acreditam que investir em Manufatura Avançada significa apenas aumentar a produtividade e reduzir custos. Apesar de positivo, esse pensamento é limitado, pois a Indústria 4.0 permite, ainda, melhorar o desenvolvimento da cadeia produtiva e criar novos produtos e modelos de negócio mais sustentáveis.
Além dos benefícios da melhoria de produtividade, com a eliminação de refugos e retrabalhos, o uso da tecnologia por meio da automação ou robotização também dá mais segurança aos colaboradores. Com a automação, é possível monitorar 24 horas por dia, 7 dias por semana, todo o complexo industrial. Sensores verificam os processos e fazem alertas em caso de qualquer irregularidade que possa colocar funcionários em perigo, diminuindo assim os riscos de prejuízos e resultados indesejados.
As tecnologias digitais podem ajudar as indústrias do setor na otimização e aperfeiçoamento dos seus processos, assim como na geração de inovação e diferenciais competitivos. Por isso, a adoção dessas tecnologias não deve ser vista apenas como um gasto, mas, sim – e principalmente – como um investimento para o negócio.