Apesar de todos os benefícios da digitalização industrial, muitos mitos e percepções equivocadas permeiam o imaginário dos gestores da indústria do plástico. Diante da necessidade de inovar e empreender no setor por meio da adoção do conceito da Manufatura Avançada, muitas pessoas tendem a se confundir, já que o tema ainda é novo para uma parcela considerável dos empresários da área.
De acordo com Marcelo Prim, gerente-executivo de Inovação e Tecnologia do SENAI, a principal questão a ser desmistificada é o foco dado às tecnologias. Ao tentar explicar o que é a Manufatura Avançada, muitos especialistas utilizam como exemplo para o empreendedor brasileiro recursos tecnológicos (manufatura aditiva, a inteligência artificial, a robótica colaborativa, e as células flexíveis de manufatura, por exemplo) utilizados por países com alta densidade e maturidade industrial .
“Mas, na verdade, essas tecnologias avançadas foram adotadas para aumentar ainda mais a produtividade das indústrias de lá. Isso porque muitos desses países (especialmente o Japão, a Alemanha e os Estados Unidos) já implementaram técnicas menos avançadas, como a manufatura enxuta (lean manufacturing) em sua exaustão, buscando aumentar a produtividade. E para se manterem competitivas no mercado internacional, buscam técnicas mais avançadas”, afirma o especialista.
Portanto, para ajudá-lo a descobrir qual é o correto panorama sobre a digitalização industrial no setor do plástico, mostraremos o que é mito ou verdade nessa história. Confira!
Mito: a Manufatura Avançada já é uma realidade
Apesar de já existirem iniciativas promissoras para a convergência de diversas tecnologias em prol do aumento da produtividade e da competitividade na indústria do plástico e de outros setores, ainda é exagerado dizer que o mundo já implantou a 4ª Revolução Industrial. Em muitos lugares, incluindo o Brasil, a Manufatura Avançada ainda é mais um conceito do que um padrão já estabelecido e amplamente adotado.
Muitas indústrias estão adotando, gradualmente, máquinas e softwares específicos para resolver problemas em suas linhas produtivas. Mesmo em países como Estados Unidos e Alemanha, que investem em Manufatura Avançada desde 2011, não é possível dizer que a Indústria 4.0 esteja totalmente implantada. Ainda existem inúmeros desafios técnicos a serem resolvidos.
Mito: equipamentos antigos precisam ser substituídos
A Indústria 4.0 está impulsionando o conceito de interoperabilidade, que é a capacidade de máquinas, softwares e humanos se comunicarem entre si, com uma mesma linguagem. Dessa forma, equipamentos antigos não precisam, necessariamente, ser substituídos. Habilitar a comunicação e coletar dados de processos de máquinas já existentes é possível e mais fácil e barato do que substituir imediatamente todos os equipamentos por opções mais novas.
Verdade: a Indústria 4.0 está em fase inicial nas empresas brasileiras
Apenas 9% dos gestores de indústrias brasileiras acreditam ter, hoje, um nível avançado de digitalização em diferentes áreas de suas empresas. Um estudo da PwC mostrou que o percentual brasileiro é baixo e fica mais expressivo quando comparado à média global ou a países do mesmo bloco.
No México, por exemplo, 40% das empresas já acreditam estar em um nível avançado de digitalização. A distância dos países do BRICS (nome dado ao conjunto econômico de países emergentes, formado atualmente pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) também é grande: África do Sul e Índia, com 27%, e China, com 40%.
Mito: a adoção da tecnologia é cara
Ainda existe a cultura de que as soluções tecnológicas da Manufatura Avançada são muito caras para a realidade nacional, pois elas precisam ser importadas.
Na verdade, elas podem ser desenvolvidas por aqui e de forma mais acessível para as pequenas e médias empresas. É preciso que a indústria faça parcerias com startups e universidades para o desenvolvimento de novas tecnologias para incorporá-las em velhos processos.
A questão que se coloca ao Brasil é definir o conjunto de técnicas avançadas que ajudaria a indústria nacional, incluindo a do plástico, a se tornar mais produtiva. Não seria, necessariamente, o mesmo conjunto de outros países, mas, sim, técnicas direcionadas às necessidades da indústria do Brasil neste momento.
A verdade é que a digitalização industrial é uma tendência global bastante forte e, sendo bem adaptada à realidade, aos recursos e às necessidades locais, pode trazer diversos benefícios a todos os setores, incluindo, é claro, o do plástico.
No entanto, é mito que essa revolução precisa ser feita “da noite pro dia” e que é excessivamente onerosa. Para ser sustentável e trazer resultados, muitas indústrias estão inovando e adotando a digitalização de modo gradual, com o aproveitamento de recursos já existentes e priorizando tecnologias que aderem melhor ao que precisa ser imediatamente melhorado em seus processos internos, gerando, assim, maior rentabilidade e otimização.
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