Antes visto como grande vilão do meio ambiente, o plástico caminha hoje de mãos dadas com a sustentabilidade pelas vias de inovação e criatividade pavimentadas pela Muzzicycles, a primeira bicicleta produzida com plástico reciclado do mundo, idealizada pelo uruguaio Juan Muzzi e com fabricação Made in Brazil.

Radicado no país há mais de 40 anos, o artista plástico e criador das bicicletas ecológicas participará da Plástico Brasil – Feira Internacional do Plástico e da Borracha, entre os dias 20 e 24 de março, no São Paulo Expo – Rodovia dos Imigrantes, km 1,5 para demonstrar o processo de montagem, os diferentes modelos de quadros e bicicletas prontas, além de falar a respeito de sua invenção, que consegue reduzir o impacto do descarte dos materiais plásticos na natureza e, ao mesmo tempo, dar ares ainda mais sustentáveis a um dos meios de transporte mais ecologicamente corretos. Não perca! As inscrições ainda estão abertas. Clique aqui e participe!

O case das bicicletas de plástico reciclado

 

Após 12 anos de pesquisas, desenvolvimento e testes, o primeiro modelo de quadro de bicicleta produzido inteiramente com plástico reciclado, oriundo do reaproveitamento de garrafas PET, embalagens de produtos de higiene e outros plásticos (como polipropileno, nylon, ABS, etc.) foi lançado comercialmente pela Muzzicycles em 2012.

Cada unidade utiliza cerca de 70% de materiais reciclados para ser confeccionado, além de 30% de fibra de vidro, responsável por dar mais estabilidade e resistência ao produto. Atualmente, o processo industrial dos modelos é dividido em duas fases: a primeira é realizada na fabricante de peças plásticas CGE, localizada em Mauá, cidade do ABC paulista. Lá, são realizadas a coleta dos plásticos a serem reciclados – boa parte é fornecida pela parceira Braskem –, a moagem e a injeção da matéria-prima reciclada em um molde de 8 toneladas.

Nesta fase, os materiais plásticos são cortados em pedaços pequenos e depois triturados até virarem grãos. Em seguida, eles recebem aditivos químicos para ganhar mais resistência. A mistura, então, é depositada em uma máquina injetora responsável por colocá-la em um molde. A injeção de cada quadro leva cerca de três minutos e meio para acontecer, o que permite a produção de 15 quadros por hora e 1.500 por dia. Depois disso, unidade segue para o resfriamento e, após cinco horas, está pronta para virar uma bicicleta na linha de montagem do seu próprio inventor, localizada na capital paulista.

Além de utilizar um recurso que iria para o lixo, o processo industrial da Muzzicycles evita a fabricação de alumínio e elimina o uso da solda e da pintura, pois o quadro é uma peça única, já injetado na cor desejada. Tudo isso gera uma grande economia de energia – e custos – em relação aos quadros convencionais produzidos atualmente.  Outra particularidade desse tipo de bicicleta é o fato de o quadro não enferrujar, não necessitar de amortecedores e proporcionar um pedalar mais leve, com menos trepidação e esforço da coluna vertebral.

A Muzzi é fabricada sob encomenda, através do seu site oficial. Por lá, são vendidos cinco modelos, além de três tipos diferentes de quadros. A bicicleta mais barata é a “Nilo” (monomarcha com freios V-brake), que custa R$ 815. A mais cara, de R$ 3.200, é a “Reno”, com freio a disco e sete marchas. Um modelo destinado a adultos pode pesar até 4.900 kg. Já uma versão infantil, pode ter apenas 3.800 kg.