A manufatura aditiva, também conhecida como impressão 3D, vem conquistando um espaço crescente no mercado industrial. Ela permite uma enorme flexibilização em diversas etapas dos processos de concepção de produtos e na fabricação de moldes, o que dá ao transformador uma gama de opções.
Com ela, novos produtos ou modificações dos já existentes serão feitas em ciclos mais rápidos e frequentes. Diante disso, o setor de plástico precisa ficar de olho nessa crescente demanda e se preparar para atendê-la com eficiência e qualidade.
De acordo com Marcelo de Carvalho Reis, professor e pesquisador em marketing, desenvolvimento de produtos e ciências de polímeros da Unicamp, a preparação para o uso da manufatura aditiva vem, justamente, pela aquisição de informação e conhecimento sobre como o novo campo tecnológico abrirá perspectivas ao transformador.
“Os profissionais da indústria de transformação que quiserem sobreviver em um novo mundo da fabricação de produtos plásticos deverão iniciar agora sua preparação, buscando aprender sobre quais são e como funcionam as diferentes tecnologias de manufatura aditivas, como estas elas abriram perspectivas e onde estão as ameaças aos tradicionais processos de transformação”, afirma Reis.
Princípio da manufatura aditiva
O termo aditivo é proveniente do processo de produzir (imprimir) produtos por meio da adição de materiais em camadas, isso é, de imprimir objetos a partir da deposição de variados materiais em camadas, ao invés de fazer uso de processos tradicionais de forjamento, estampagem, fundição, torneamento e soldagem.
Impressão 3D para manufatura customizada
A principal vantagem da manufatura aditiva é seu poder de customização e isso, por si só, já é muita coisa. A impressão 3D permite que se desenvolva um produto customizado para cada perfil de consumidor, por exemplo. Isso, absolutamente, não é economicamente viável nos processos convencionais de transformação de plásticos, mas traz um novo mercado a ser explorado por meio da manufatura aditiva.
“Para produtos com baixa e média demanda, em um futuro próximo, a manufatura aditiva se constituirá em uma ameaça seríssima ao que existe na indústria de transformação de plásticos atual. Em poucos anos, alguns produtos, que hoje são injetados, com todos os custos de ferramentas e máquinas, serão impressos com o custo exclusivo da matéria-prima”, prevê o especialista.
A velocidade de impressão, que tem sido uma restrição da impressão 3D, está aumentando, o que muda significativamente o ponto de equilíbrio na comparação entre os processos tradicionais, injeção e a manufatura aditiva.
Novos produtos e novos mercados
A possibilidade de uso de diferentes materiais por uma mesma impressora também muda a referência para o uso da impressão 3D. Já há diversos equipamentos que podem entregar peças impressas em diferentes tipos de materiais, com durezas, acabamentos e características visuais distintos.
Isso abre uma nova perspectiva de mercado para a indústria de plástico, podendo abordar novos clientes para propor, por exemplo, a substituição de peças e ferramentas manufaturadas em ligas metálicas por aquelas impressas em 3D. Hoje, muitos dos materiais plásticos utilizados na manufatura aditiva já têm certificação para substituir ferramentas fabricadas em alumínio ou aço, atendendo às especificações que esses mercados exigem.
Indústrias de grande porte, como a automobilística, defesa e aeroespacial, têm adotado o uso de peças impressas, permitindo uma maior customização, utilização de peças com geometrias complexas e mais leves, além da redução de tempo e de custos de produção.
As empresas que têm foco no desenvolvimento de seus próprios produtos poderão fazer uso estratégico da manufatura aditiva para se tornar mais competitivas e menos dependentes da geração de receitas em processo, apenas.
“Meu conselho para os gestores de empresas transformadoras de plásticos é que busquem se atualizar na manufatura aditiva e considerem fortemente a possibilidade de partir para o desenvolvimento de novos produtos, utilizando esse novo mundo tecnológico. Não ficar preso aos processos de hoje, é fundamental, já que muitos não farão mais sentido em poucos anos, a não ser para volumes muito significativos”, orienta o especialista da Unicamp.
A manufatura aditiva é um dos pilares fundamentais da Manufatura Avançada (também conhecida como Indústria 4.0), e parte integrante da chamada 4ª Revolução Industrial. A impressão 3D vem agregar a esse processo flexibilidade e adaptabilidade para a linha produtiva, permitindo que as indústrias invistam em uma enorme diversificação de portfólio a fim de atender às diferentes necessidades de seu cliente e de conquistar uma nova fatia de mercado – que sem o uso da tecnologia, seria praticamente impossível de ser explorado.
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